- Vim pegar o que é meu de volta.

- Não tem absolutamente nada seu aqui.

- Está bem na minha frente. - Deu um sorriso lascivo e um passo a frente, a fazendo dar um para trás. - Qual é, Ana Clara? Vai dificultar tudo mesmo?

- Sai da minha casa, Mike. - Usou seu tom de voz mais firme e cerrou os punhos tentando controlar suas mãos que tremiam por conta da raiva.

- Você sabe que invasão de domicílio é crime, não sabe? Não lembro de ouvir ela te convidando para entrar. - Vitória se colocou ao lado da morena, cruzando os braços.

- Não sabia que trazia suas médicas gostosas para casa, Ana.

- Ou você sai agora, ou...

- Ou o quê? - A interrompeu. - Vai chamar a polícia? - Soltou mais uma vez seu riso sarcástico.

- Posso, Ana? - Vitória perguntou e Ana assentiu sem desviar os olhos dele.

- Não! - Vociferou quando Vitória fez menção de tirar o celular do bolso. - Eu saio, Ana Clara, mas você não vai se ver livre de mim tão cedo. - A olhou por mais alguns segundos antes de passar pela porta. Ana a fechou e encostou suas costas nas mesmas, fechando os olhos e respirando fundo.

- Você está bem? - Perguntou fazendo Ana abrir os olhos e a mesma assentiu.

- Me desculpe por isso.

- Quem tem que se desculpar é ele com você. - Deu um meio sorriso. - Preciso ir, vai ficar bem?

- Já?

- Uma hora ou outra tenho que voltar, não é?

- Ainda é cedo, fica mais um pouco. - Ana se desencostou da porta, se aproximando de Vitória e colocando as mãos em seus ombros, a virando de costas para si e a guiando até o sofá de volta. - Você não disse que queria ficar longe de casa? Agora vai me fazer companhia. - Enquanto Vitória se sentou novamente no mesmo lugar onde estava acomodada antes, Ana pegou as duas taças que estavam vazias sobre a mesinha de centro e voltou à adega.

- Eu estou dirigindo, Ana. - Riu ao ver a morena enchendo sua taça com mais vinho.

- Esquece que você tem que ir para casa. - Disse ao voltar para perto dela e lhe devolver a taça com um tanto considerável. - Duas taças de vinho também não vão fazer mal algum.

- Se eu pudesse beberia até ficar insana e esquecer o rumo que minha vida tá levando.

- Fique à vontade, - riu - te empresto minha cama.

- De modo algum. Eu trabalho amanhã cedo, senhorita Caetano. - Vitória voltou a taça de vinho para a mesinha de centro da sala, e parou os olhos numa folha com um desenho ainda em andamento. Era o vestido que Ana estava fazendo pensando justamente nela, mas que ela não saberia até ficar pronto. Pegou a folha e a analisou. Ana sentiu o coração acelerar ao ver ela pegando e o olhando com uma expressão indecifrável. - Imagino que ficará lindo quando acabar. - Sorriu desviando os olhos da folha para Ana e logo voltando o desenho onde estava.

- Espero mesmo que fique. - Deu um meio sorriso.

- É para a coleção ou para alguém específico?

- Para alguém específico. - Limitou-se a dizer.

Passaram mais horas a fio conversando, Ana chegou até colocar um filme que ambas compartilhavam o gosto por tal quando as palavras já não se faziam mais presentes entre elas. Se Vitória queria ficar longe de casa, era isso que faria. Estar ali com Ana era como ter um abrigo recém descoberto, era um lugar novo mas que já de início fora cuidada. Ah, se sua amiga que sempre era quem estava por perto descobrisse que quase três horas da manhã Vitória estava na casa de outra, assistindo filme, enquanto essa outra era embalada pelo sono com a cabeça encostada no ombro da morena. Ela nem havia se dado conta de que Ana dormira no meio do filme. Essa companhia para Vitória era sinônimo de conforto, era uma pessoa nova na sua vida, era o novo que se depender de sua vontade vai se tornar permanente.

Quando os créditos finais apareceram na tela, Vitória olhou para a morena que estava calada há um tempo, com a cabeça repousada de modo confortável sobre seu ombro, ato que aconteceu logo no começo do filme de forma quase involuntária. Olhou seu celular e consequentemente percebeu que era hora de ir embora. Por segundos ficou indecisa se a acordava ou não e então preferiu avisar que estava indo embora, assim, ao menos Ana poderia ir também dormir em um lugar mais confortável que o sofá.

- Ana. - Sussurrou próximo ao seu ouvido e se moveu um pouco.

- Hum? - Deu um murmúrio.

- Vá dormir na sua cama. - Vitória riu ao ver Ana levantando a cabeça de seu ombro e coçando os olhos.

- Desculpa por usar seu ombro como travesseiro. - Deu um meio sorriso. - Que horas são?

- Quase três da manhã. Já passou da minha hora. - Se colocou de pé e observou Ana com os cabelos todos desgrenhados e quase deixou um sorriso escapar ao vê-la assim com uma cara digna de quem dormiu por horas.

- Está tarde para você ir embora. Dorme comigo hoje?

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A história chegou a 1K e eu estou muito feliz e por isso estou postando mais um capitulo pra vocês. OBRIGAAAAAAA :)

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