— Vou prescrever suas obrigações depois. E eu saberei caso não esteja fazendo como mandei. Ana assentiu e seus olhos pararam nos braços da morena que tinham manchas roxas não existentes na noite de ontem antes de Vitória deixar seu quarto.

— Está tudo bem com você? — Perguntou voltando a focar em seu rosto. Vitória assentiu ainda tirando os remédios de Ana dos frascos.

— Esqueci de pegar a água, como sempre. — Saiu do quarto sem olhar para Ana direito. Depois de ter contado sobre sua vida para a paciente, sabia que não conseguiria guardar por muito tempo as coisas que aconteceram na noite passada, e por enquanto preferia deixar só para si. Ana havia a ouvido mas não precisava saber de mais problemas seus. Foi inevitável para Ana reparar nas olheiras no rosto da médica quando voltou ao seu quarto com o copo de água em mãos.

— Aconteceu algo entre você e seu marido? — Perguntou logo de cara sem conseguir guardar sua curiosidade e sua nítida preocupação.

— Não, está tudo bem. — Respondeu depois de segundos pensando na resposta.

— Te conheço há dias mas sei reconhecer quando alguém está mentindo. — Vitória virou para ela, lhe entregando os remédios, e ao pegar o copo de água com uma mão, a outra, Ana levou até o hematoma no braço dela, o tocando com certa força.

— Isso dói? — Perguntou arqueando as sobrancelhas ao ver a expressão dela mudar ao tocar seu braço. Vitória apenas assentiu e levou seu olhar ao chão. — Foi ele, não foi? — Deduziu e mais uma vez Vitória assentiu. — Olha para mim. — Levou seu último remédio à boca e tomou o resto de água que estava no copo, o colocando sobre a mesinha.

— Eu disse que ele não aceitaria fácil. — Proferiu com a voz mais baixa.

— Vocês brigaram?

— Não foi uma briga. Ele só... se alterou.

— E deixou marcas no seu corpo por isso? Vitória, isso é crime!

— Eu sei, eu sei. — Soltou o ar com pesar.

— Sabe e não vai fazer nada?

— Ele saiu de casa depois de eu ter falado sobre como me sinto. Não o odeio, Ana, não quero que nada de ruim aconteça com ele por culpa minha. — Seus olhos continuavam baixos.

— Hey. — Ana chamou e levou seu dedo indicador até o queixo de Vitória, levantando seu rosto e se dando por satisfeita somente quando seus olhares se encontraram. — Você fez certo em falar para ele. Se acontecer algo ruim, não é culpa sua, — suspirou — mas você deveria fazer algo em relação a isso. — Olhou para os seus braços.

— Não sei se devo. Foi só dessa vez, e acredito não ter sido intencional.

— Pode voltar a acontecer e pior se você não fizer nada. É crime e ele não deve sair impune.

— Está tudo bem. Não vai acontecer de novo. — Disse as palavras tentando acreditar que isso realmente não voltaria a acontecer.

— Estou debilitada fisicamente, mas pode contar comigo para o que precisar. Me sinto no dever de retribuir seus cuidados comigo — Vitória ia interrompê-la, porém continuou — mesmo que esteja apenas fazendo seu trabalho. — Concluiu a frase que sabia que seria dita pela outra.

— Nem minhas amigas ou até mesmo minha irmã sabe desses problemas, Ana, obrigada por ter se colocado à disposição para ouvir sem nem mesmo me conhecer.

— Já disse que sou boa ouvinte e realmente estou disposta a ajudar você. — Segurou a mão de Vitória acariciando a mesma com o polegar.

— Sabe, — sorriu — estou pensando em não te dar alta mais. — Ana riu e negou.

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