Capítulo 41 - Cartas na mesa

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Com o rosto em seu peito, analiso minha escova de dentes, junto a de Telles no recipiente de vidro temperado. Foi tão fácil me adaptar ao seu cuidado e proteção.

Vou abrir mão novamente de um pedaço do meu coração por outra pessoa. Vou dar a Julia de mãos beijadas meu namorado, o homem que amo.

No way.

Jamais deixaria Telles assim.

– Não posso perder Thor, nem sei se saberei lidar com a perda de novo Rafa.

– Doce tem que falar isso pra ele.

– E se não acreditar?

– Então o idiota vai te entregar pra mim, porque se eu tiver mais uma única chance com você juro que não vou desperdiçar. – Todo seu amor contido nos olhos afetou o meu guardado no peito, parte dele desejava me ver feliz mesmo que isso significasse perder para sempre o que em todo tempo fora seu, nos comunicávamos até mesmo sem palavras, nossa ligação jamais seria rompida.

– Obrigada – sei o quanto cada palavra machucava-o, ver quem você ama com outro, não é fácil, Austin estava provando da tortura. O pesar dele doía em mim também.

O amor tão engraçado quanto um circo sem palhaços. Tantas e tantas vezes imaginei sua reação a me ver com outro, pensei em fazer por vingança. E cá estamos nós, eternos apaixonados, separados e refém para sempre de um romance fadado ao fracasso.

Seu apoio me empolgava, também aumentava a chama do seu refúgio dentro de mim. Não obstante imaginei que seria assim. Até mesmo quando achava que a guerra estava perdida, ele ganhava espaço. Ah Rafael Austin, você foi mesmo um anjo avassalador.

– Vai lá. Boa sorte, se bem que com essa bunda, você nem vai precisar... – recebe o sorriso, seguido do tapa amigável no braço. Nem se quer se dá ao trabalho de expor a falsa dor. Porque sei que aflição interna é maior.

– Pode ajudar Luana pra mim?

– Vai ir embora mesmo depois da reconciliação? Certo?

– Não vou conseguir ficar aqui, não com aquela mulher.

– Tudo bem... – Rafael me desvencilha do seu abraço e segue.

Costas largas e caminhada faceira, o playboy tão dono de si, está desolado. Já não me compete juntar os seus pedaços, a alguém esperando por mim. Então tudo que resta é andar apressada para a sala.

Espero encontrar toda uma plateia, no entanto tudo que tenho é Thor sentado desajeitado em sua poltrona, possui nas mãos um copo de um líquido âmbar.

Sente minha presença, se retrai a olhar. E quando o faz praguejo mentalmente seus olhos manchados de vermelho como alguém a qual derramou lágrimas recentes encontram os meus. A dor de ter causado angústia naquele homem é grande demais para que possa resistir.

Não falamos nada, apenas dividimos ópticas. Cílios estão pesados para que sustente por muito tempo. Eu sinto exatamente a mesma coisa. E naquela tensão toda de perca, entendo que não há muito a ser feito. Seria massacrar meu coração tentar uma vida sem Thor, por já ter passado diversas mutilações decido lutar ao invés de fugir.

Negando se a manter o olhar ele se fecha junto com a única lágrima caindo da íris azulada.

– Pode ir Layla, não vou te pedir pra ficar, nem vou falar qualquer coisa, você ama ele, ele te ama, sobrei, sempre soubemos que o fim seria assim, não vamos nos enganar mais. – Esconde o rosto entre as mãos. Num gesto nervoso e controlador.

– Eu amo Rafael nunca escondi isso de você, só que na real agora já parece fraternal o sentimento, eu te amo de um jeito diferente, preciso de você. – Estava pronta para dizer que o meu amor por Telles ultrapassou todas as barreiras do comum e fui interrompida.

– Nunca vai ser o suficiente.

– Se você pudesse sentir meu coração agora, saberia.

O pedido foi atendido Thor se levanta de pressa, aproxima rápido demais do meu corpo. Não me toca, estamos a centésimos de distância um do outro, ambos os peitos sobem e desce mostrando quão difícil é o respirar de uma perca apaixonada. E ele não faz nada. Apenas fecha as pálpebras em rendição. Aproveito a deixa. Ergo-me na ponta dos pés para alcançar com a mão sua nuca. O simples toque da palma contra sua pele o faz arrepiar, arrasto os dedos devagar para encaixar nos fios castanhos dos seus cabelos. Puxando o rosto para o junto do meu, e nossas testas enfim se encontram, narizes tocam de um lado para o outro, o ar frio tão repente fica quente.

O único barulho presente é o do nosso amor embutido na forma de toque.

– Se você fizesse ideia do quanto eu te amo meu amor, você me ensinou a viver Thor, tudo que existe em mim é seu.

Ataco sua boca volumosa cheia de vontade, mordo os lábios carnudos, prendendo-os contra os meus, chupo, me desfaço no teu sabor, refaço novamente. Imóvel ele apenas sente as minhas ações, como se lutasse com alguma coisa dentro de si e afasta nossas bocas as selando num elo rápido.

– Eu sei que vamos nos machucar no fim de tudo isso. E se for para morrer de amor, o amor tem que ser você princesa.

O polegar áspero desliza lento da ponta do nariz para bochecha, pegando um atalho para lateral da boca passa o indicador por toda extensão do lábio inferior deixando a entre aberta para recebê-lo, pousa na nuca e os dedos ágeis emaranham meus cabelos erguendo o rosto febril para si deixando nossos olhos presos um na imensidão do outro. As mãos antes controladas, agora caminham pelos braços levantando consigo os pelinhos finos. Calmo e torturador.

Já não suportando mais a tensão deliciosa, agarro sua camisa em busca de libertação sem me preocupar com os botões que se desfazem para o meu toque possessivo. Faço um tour pelo pescoço grande com meus lábios, respirando pesadamente na barba por fazer, alcanço a pele fina abaixo de sua orelha e a mordo deliciosamente. Sorrio travessa ao notar que a pele ficará marcada. Da garganta do homem um som grutal escapa.

Sussurro: – Eu te amo porque você é cheiroso – passo a ponta da língua na ponta macia de sua orelha – te amo por que você é gostoso – meus dentes se divertem passando levemente pelo lóbulo – amo por que você faz amor comigo, conhece cada parte do meu corpo, conheço cada parte do seu. Eu te amo por que você cuida e protege, e agarra o que é seu, quer saber Thor Telles? Não vou deixar o seu caminho livre. Sou egoísta demais para viver uma vida sem você. Agora terá que lidar com meu pior lado. Não vou fugir do que sinto, você grandão, também não irá.

Seu braço enlaça minha cintura puxando fortemente para junto de si meu corpo pequeno se comparado ao seu tamanho, encontro o membro rígido por mim e tremo sob seu toque, a íris azulada se tornou escura pelo desejo.

Não havia mais motivos para brigas e se houvessem o nosso sentimento mútuo consertaria tudo.

Estava pronto para amar sem reservas. Com toda a força de uma mulher apaixonada. Dar tudo o que esse homem pedisse. Nada seria capaz de afastar esse amor de mim. Suas mãos caminhavam contra o tecido do vestido o puxando para cima, não sobraria muito tempo para chegarmos à cama. Que saísse do caminho quem se incomodasse.

– Não acredito nisso Thor.

Telles me afasta com cuidado, para olhar a dona da voz estridente.

– Só pode ser brincadeira, depois de tudo que eu te falei sobre ela Tito, eu sei o que é melhor para você... Sempre quis o seu bem.

A minha boca se abriria para falar boas verdades para essa mulher mimada. Mas outro foi mais rápido.

– Não se meta Julia – Roberto briga com a esposa.

– Essa mulher é uma interesseira sem tamanho e sem escrúpulos, uma vagabunda, tem que ir embora da nossa casa.

– Cala essa boca maldita para falar de Layla – Rafael Austin volta para sala, com minhas malas nas mãos, acompanhado de tia Luana.

Thor tem os olhos fixos nas malas, no loiro e em mim. Deve estar se perguntando o porquê? Eu queria poder falar, mas como? A voz desapareceu no nosso embaraço.

Perder o meu amor? Não! Essa opção estava amassada, triturada, e descartada no lixo.

Cartas na mesa, e vamos jogar.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Where stories live. Discover now