Capítulo XXXV - O retorno de Elizabeth (parte II)

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    Kristen estava boquiaberta. Elliot era o filho de Marie? Elliot fitou Kristen tão perdido quanto antes. O que estava acontecendo? Somente naquele olhar que lhe fora lançado, Kristen soube o quanto ele precisava de um abraço seu, como sempre fizera desde crianças.

      Viktor estava mudo. Era como se sua voz fosse tomada si pelo golpe de uma espada a rasgar sua garganta. Tudo em sua frente era como uma miragem, irreal demais para acreditar, doloroso demais para aceitar. O filho de Marie estava em sua frente. O filho da mulher que fora a dona de sua alma e que o enganara e esmagara seu peito como um inseto. Fita-lo lhe causava um desconforto, quase uma raiva por ser quem era. O filho de Marie. A junção das características dela junto a de seu esposo do qual nada soubera até então. Ele sentiu-se fadigado. Os olhos ardiam, mas ele se sentia tão vazio que era como não ter mais lágrimas para chorar. Elas estavam presas na prisão dolorosa em seu peito. Ele sentia que se as deixasse cair elas queimariam sua pele como ácido puro rasgando-o, queimando suas entranhas, dilacerando sua alma. Ele fitou um ponto qualquer tentando fugir da dor angustiante em seu peito, mas sentia, infelizmente, que nem uma vida inteira a arrancaria. Ela sempre estaria ali, presente, acesa, e todas as vezes que olhasse para Kristen ou para aquele homem lembraria da dor e as brasas quietas arderiam em uma fogueira mortal o queimando novamente. Novamente sentiu-se vazio, sem poupa, como no começo quando seu maior vazio era a ausência de Marie. Mas desta vez era pior, o motivo continuava sendo Marie, mas agora ela parecia sombria, falsa, irreal como uma fachada vazia igual seu amor por ele. Estava destruído.

       Elliot, ainda perdido, procurou o olhar de Kristen como sempre fazia quando pensava e então, como se um clarão o atingisse, ele voltou seu olhar para Elizabeth que fitava as próprias unhas totalmente neutra e seu rosto foi tomado por uma raiva logo explícita em sua voz.

— Você matou a minha mãe — sua voz cortou o ambiente como uma faca. Elizabeth o olhou totalmente neutra.

— Viktor a matou, querido — disse olhando novamente para Viktor que tinha os olhos pesados, o semblante destruído. Ela então sorriu olhando novamente para Elliot.

— Eu não a matei — Viktor disse com a voz carregada, não gritava pois se sentia demasiado abalado como se carregasse um castelo em suas costas — Eu não a matei — reafirmou por fim sentindo os olhos arderem novamente enquanto a doce imagem que conservara com tanto afinco de sua amada esvaia-se lentamente como papel ao fogo.

    Elliot olhou para Elizabeth e então sentiu o maxilar travar enquanto seu punho fechava-se com força.

— Tu arrancaste de mim a chance de ter uma família, um pai e uma mãe... Tu roubaste minha vida de mim! Tu a mataste! — gritou por fim apontando acusador para ela arfando em raiva.

    Elizabeth que sorria, deixou o sorriso murchar lentamente em seus lábios enquanto erguia a cabeça com o olhar intenso. Elena entrou em alerta, ficando logo em seguida aflita com o que pudesse acontecer.

— Sua vadia — ele disse desdenhoso fazendo movimentos negativos com a cabeça em reprovação — É, você é uma vadia invejosa que não suporta ser rejeitada — disse em tom desdenhoso logo em seguida cuspindo no chão.

— Lena — a voz de Elizabeth soou sombria — sugiro que controle sua criança ou ela pode se machucar. Você sabe, nunca tive paciência para infantilidades.

— Elliot, por favor, pare — Elena interveio apaziguadora e temerosa. Elliot estava saindo do controle, ela não poderia permitir que Elizabeth fizesse nada com ele, não podia — Mantenha o controle, meu querido, eu lhe peço.

— É uma puta desgraçada que terei prazer em matar! — disse com o peito subindo e descendo freneticamente de punhos fechados. Antes que Elena pudesse fazer  qualquer coisa Elliot correu e agarrou de  forma rápida a espada que havia sido arrancada de si arfando de raiva partindo para um ataque certamente fracassado. Ele investiu contra Elizabeth, que desviou como se não fizesse nada. Não se deixando frustar, novamente ele investiu contra ela que não recuou. A espada dele fora de encontro a ela, que ergueu a mão parando a arma entre sua palma. Elliot puxou a espada, na tentativa de feri-la, no entanto sequer conseguiu mover a arma dali. Ele a olhou prevendo um desastre e então Elizabeth  sorriu e puxou a arma com força, fazendo com que o cabo da espada machucasse a palma de Elliot, que soltou diante da dor. Invertendo a situação, Elizabeth segurou o cabo, empunhando a espada agora em seu poder. Elliot deu dois passos para trás, segurando a mão que doía, e olhou em alerta para Elizabeth, que olhava a espada como uma peça de ouro. Elena correu de onde estava tomando a frente de Elliot totalmente aflita, sentindo o coração machucar o seu peito diante de seus batimentos fortes e descompassados.

Meu Imortal - A Maldição De ViktorWhere stories live. Discover now