Capítulo 34 - Escuro como meu nome

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– Me soltem, por favor... deixem-me ir...

O pedido é recusado, na garganta um grito está travado. Desespero, aflição, medo, tudo ao mesmo tempo.

Mãos por cada centímetro deslizam continuam deslizando sem permissão, minha blusa é rasgada sem delicadeza, barbas pinicam meu rosto conforme tentam beijar viro rápido desviando das bocas asquerosas, tiro alguns braços na medida em que consigo, com toda minha força e o mais rápido que posso, os apertos ficam ainda mais dolorosos e depravados, tapas na bunda, beliscões no peito, chupadas no pescoço.

– Ela não nos disse que não podíamos nos divertir, antes de terminarmos o serviço completo! Não se preocupe, você ficara bem depois que acabarmos.

– Bem também nos disse pra enfatizar, que vai ser aplicado uma dose de veneno. A mesma que tomou antes de você nascer.

Não demoro pra entender, eles estão falando da minha fodida mãe.

Busco força no meu interior, e luto contra eles como posso. Empurro, chuto pernas, estapeio, arranho, puxo cabelos. E todo meu esforço, só aumenta o nível das agressões, tapas no rosto, um soco no estômago, meus peitos estão sendo mordidos tão forte que parece que a qualquer momento o agressor levará minha pele já rompida em sua boca.

Oro em silêncio, da forma que tia Luana me ensinou quando pequena.

"Se você estiver em perigo, chame o seu pai aquele que mora lá no céu, ele te ajudará, mandará anjos ao seu favor." Uso a única coisa que me resta, a fé que nunca tive de sobra, não com essa intensidade.

"Deus, por favor, me ajude, salve meu bebê, por favor..."

–Por... Por... Deus, parem... – primeiro soluço vem, seguro com força as lágrimas, numa tentativa de deixar o medo invisível.

– Só vamos parar gatinha, quando estivermos dentro de você, por trás...

– Na frente...

– E depois vamos arrancar esse esperma da sua barriga. Juro que não vai doer tanto benzinho, vamos ser rápidos.

– O que? Vocês vão... – Não concluo a frase.

Nesse instante o homem arranca com força a correntinha com asas de anjo que estava pendurada no pescoço, a memória de Austin dando pra mim quando surgem juntas com a de quando no meu aniversário Telles declarou seu amor em uma mensagem subliminar, a pulseira do pulso é arrancada, junto com os brincos da orelha.

– Com certeza isso não é bijuteria. Da até pra tirar uma graninha com isso aqui.

– Vai ser muito bem usada.

– Como a dona delas – risadas asquerosas e altas assolaram meus ouvidos.

– Por favor, são importantes para mim... – tento argumentar, qualquer reação parecia inutilizada.

Tudo que estudei sobre abuso sexual, vai ser inútil nesse caso, os anos que esses homens pegariam se a justiça fosse feita, o que não será o caso certamente. E eu sairei morta daqui.

De que valeu todo meu esforço?

Os anos na faculdade?

O plano de Luiza?

O carinho de tia Luana?

As lembranças de Rafael Austin?

O namoro com Thor Telles?

Nada poderia me salvar nesse momento. Fecho os olhos para fugir mentalmente dos toques repulsivos, o rosto do anjo, de mamãe, Luana, Thor, Ana, Roberto, ocupam o pensamento mutuamente.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Where stories live. Discover now