Capítulo 19 - O anjo (Rafael Austin)

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"Bebê vamos nos ver hoje?" – Não.

"Oi lindo, esqueceu de mim?"

"Amor, o que temos para hoje, olha não ligo que tenha me chamado de Layla ontem, sem grilo, entendo que é recente e tudo mais, vou te fazer esquecer ela eu prometo" – Solto aquela risada irônica, meu Deus que porra falei pra essa garota?

"Boate, bucetas, garotas quentes" – Diego Kalel, o cara que nunca me deixou sozinho. Um escudeiro leal e creio que o único amigo real que restava ali.

"Hoje?" – respondo.

"Agora, vamos!"

Não tinha muita vontade de repetir meus dias. Estava tão enterrado no vazio da minha cabeça doente. Sinceramente, queria que essa vida acabasse logo. Novamente uma certeza equivocada, sou o Austin vivo errado. Devia ter partido no lugar de Renan. Seria o certo, por que ele tinha que ter ido embora?

"Mano ta sabendo que Layla foi vista no iate dos Telles, a mina foi rápida, ela nunca tinha pegado outro né boy? A coisa foi séria dessa vez? " – Diego envia a maldita foto.

Minha mulher na cabine do volante, Thor atrás dela, ódio circulando livre, o celular voa de encontro com a parede.

Merda.

Estou perdendo o controle. Estou perdendo-a.

Sem direção, sem como agir, gritar alto, tentar jogar essa depressão fora, antes que ela me mate, talvez encontre Renan antes da hora prevista por um ser divino.

Layla diz que me ama, pela primeira vez na vida, ela disse que me amava. O cheiro dela impregnado em mim, mesmo há dias sem tocá-la. De todas as formas que pude tentei esquecê-la, nada tem efeito. Se ela está com Telles, será que faz o mesmo? Será que desistiu de mim? O nosso ponto final sempre foi uma vírgula, agora é?

Seguro o copo de uísque firme, no fundo dele posso ver seu rosto, se olhar pro lado posso vê-la, se estou com outra a vejo. Como um maldito pesadelo, que tenho acordado ou dormindo.

Emagreci alguns quilos, envelheci alguns anos, deixei a barba crescer, estou pouco me fodendo para a aparência.

A porta do quarto é aberta de supetão. Paredes brancas e detalhes em ouro, todo o revestimento da casa Austin, um verdadeiro palácio enfestado de demônios.

– Rafael você não foi pra faculdade? Outra vez? – Encaro Teodoro e seu costumeiro olhar de desgosto.

– Pra que? Não tenho futuro mesmo Teodoro. Você vive dizendo que nasci pra gastar seu dinheiro! Farei isso hoje.

– Tenho nojo de você seu moleque inconsequente, sabe o quanto desvaloriza minhas empresas essas suas atitudes? Sabe quanto tira do meu crédito com a sociedade, você tem a porra do meu sobrenome, honre ele – esbraveja.

– Então me deserde logo e não terá com o que se preocupar – encaro na mesma medida que me fita.

– Sorte de Layla que achou alguém melhor, coitada daquela menina com o moleque desses. E sabe que foi eu quem apresentei os dois não sabe? Isso foi bem mais lucrativo do que manter ela presa a você. – Pisar no meu calo foi sempre uma escolha sua.

– Cala essa boca velho maldito – fecho minha mão em punho, porque sei o que virá. E vem, malditamente forte no estomago, o soco deferido pelo homem que deveria ser meu pai.

– Seu moleque você está fodendo toda sua vida, por que desperdicei a vida de Renan? Fala porra. De uma razão lógica.

– Foi o pior erro que você cometeu. Lide com suas merdas e me deixa em paz Teodoro, faça como fez toda sua vida finja que quem morreu naquele acidente fui eu! – Recebo outro soco, dessa vez no rosto. E pra falar a verdade não sinto a dor que deveria. Tão costumeiro se tornou.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Where stories live. Discover now