Capítulo 10 - Indesejada

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Tive uma crise de choro descontrolada e abracei Luiza, acariciando seus cabelos, ela permanecia imóvel, como se estivesse num transe, revivendo cada maldito segundo daquele dia horrendo em sua vida.

Não podia mensurar o tamanho da sua dor, só queria que se sentisse confortável.

– Mamãe não precisa continuar...

– Olhei para Ronaldo quando estava indo embora, suplicante por socorro, tudo em mim doía, a alma tornou se negra, ele voltou, estuprou mais uma vez, jogando seu esperma imundo dentro de mim. Eu tentei me defender, bater, agredir, não existia força, só humilhação. Hoje em dia é normal uma mulher sem classe engravidar antes do casamento, antigamente isso se considerava abominação... meus pais me expulsaram de casa, você não sabe o que tive que fazer para sobreviver! – Apenas ódio e rancor podem se enxergar, nas profundezas mais escuras da sua índole. – Quando descobri que estava grávida, faria o aborto no dia seguinte, mas ela me impediu, Luana passou a dar-me dinheiro, comida, roupas, um lugar pra morar. Ela trabalhava bastante e sustentava a pequena quitinete que morávamos. Disse que quando você nascesse ela cuidaria de ti, protegeria de todo mal. E eu poderia ser livre. Seu parto foi tão doloroso, gritei por socorro, mas tudo a qual importava as parteiras e a Luana era sua vida, elas arrancaram você de mim, e fiquei lá dolorida, com raiva, com medo, vivenciando tudo novamente.

– Mamãe, sinto muito! – Empurrou-me com elegância pra longe dela.

– Então, avistei, tão linda, desde o primeiro dia, decidi naquele momento que através de você teria luxo, dinheiro, passaria a te treinar, para ser uma mulher fatal, como nunca fui. Você teria tudo, o melhor casamento, prestígio na sociedade, tudo que foi arrancado de mim... Depois de todo sofrimento a qual causou era justo que retribuísse não acha?

– Mamãe, não sou culpada, entraria no seu lugar se fosse possível, jamais desejaria isso a qualquer ser humano.

– Estupro é a pior agressão que uma mulher pode sofrer Layla.

– Acredito nisso mãezinha! Sinto muito é verdade.

– Acreditar vai fazer diferença Layla?

Nego com a cabeça.

– Conquistar Rafael vai fazer diferença?

Faço que sim, não por concordar, mas apenas para tirar minimamente o sufoco de seus olhos.

– Então de um jeito de recuperá-lo.

– Como mamãe? Ele acha que foi traído com Telles.

– Você disse que é mentira?

– Sim! Mas não foi suficiente, aquelas fotos...

– Você se ofereceu pra Telles, sua menina estupida. – Um tapa forte no meu rosto, declara sua fúria. Abaixo a cabeça, tentando acalmá-la. Forço orgulho goela baixo. Acariciando a bochecha dolorida, com olhar lacrimejante:

– Thor é só um bom amigo, nada mais. No dia da nossa briga, Rafael estava com aliança, faria o pedido, por isso toda produção no meu quarto. – Como se uma lâmpada acendesse em sua cabeça, Luiza sorri.

– Austin é inseguro, imaturo, está querendo vingança, achei que estavam estabilizados. Ele te pediria em casamento, Mariah sabia, programou tudo, pra eliminar nós duas da jogada, aquela vadia está louca de inveja porque você está requisitada na empresa pelo marido, o filho te ama, até mais do que a própria.

– Cheguei a essa conclusão, não importa, cansei de fazer isso, sabe mãe... nós duas nem precisamos mais do dinheiro deles, estou trabalhando, fui promovida, vou ganhar bem. Posso cuidar de você!

– Para de ser tola garota, você que me dar o que? Um salário-mínimo por mês? – Ri alto. – Isso é pouco. Precisamos da mídia ao nosso lado. Rafael já apareceu com Karen, poderia ser ainda pior, pelo menos dessa vez é só uma...

– Rafael e Karen estão juntos? – O bolo na garganta está formado. Tremor nos olhos, cara desfeita, triste demais pra se quer realizar uma expressão.

Meu coração é feito de pólvora, Rafael o maçarico, essa notícia condenou o pingo inocente esperançoso a qual havia guardado, reviver será um mártir, do qual dificilmente sairei ilesa.

– Eu não preciso de um motivo pra te odiar Layla, tenho vários, o que ainda não tenho, é uma estrutura financeira favorável. Você precisa casar com Austin. Cancele essa amizade com Telles.

– Sinto muito, não posso...

Thor tem sido meu equilíbrio andar na corda bamba sem cair, exige mais do que coragem, exige-se uma plateia, Telles tem sido isso, sem minha plateia, o show da vida se encerra.

– O que? – Fita-me desacreditada.

– Eu gosto dele mamãe, nos damos tão bem, você precisa ver. Parece que nos conhecemos de outra vida.

De pé e cuspindo fogo pelos olhos defere o segundo tapa ardente, ferindo além do rosto, destruindo, ego, dignidade, amor, carinho...

– De joelhos...

– Mamãe, eu...

– De joelhos agora! – Abaixo frente a ela tristemente, a sopa cobre meu rosto, sinto a pele ardendo, devido à temperatura morna. – Para de ser fraca, não crie laços afetivos, esqueceu a regra 6? – Exclama alto. – Sem apego emocional com ninguém! Exclua Thor Telles, da sua lista de amizades, mesmo com toda sua riqueza ainda não necessitamos dele. – Grita.

– Vou fazer isso mamãe. – Minto. Apenas para que ela cesse as agressões e se acalme.

Posso ver o brilho dos seus olhos! E não é nada bom. Alguma ideia genial acabou de passar por sua cabeça, reconheço sua feição.

– Se, veja bem SE, Rafael for um caso perdido, posso ter planos para ele. Não o descarte. Ainda! Vá se limpar... Vamos voltar par ao jogo.

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Meu Limite - QUEBRADOS 1Where stories live. Discover now