Capítulo 10 - Indesejada

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– Nunca! – Altera o tom de voz.

– Por que mamãe?

– Aquela mulher é louca! Está terminando seus dias como deveria ser. E vai morrer lá.

– Sinto muito, mas não vou deixar.

– Você devia estar preocupada com Rafael, em como recuperá-lo, apenas isso. Duas cabeças pensam melhor, até porque nem com todo esforço de mundo, irá tirar aquela velha maldita de lá. – Luiza está enterrada num ódio, seus olhos oscilam entre dor e agonia toda vez que Luana Gianini é pronunciada.

– Mas eu amo a titia. Quero o bem dela...

– Ama Austin também? Cometeu essa burrada?

Encaramo-nos. Sem sua resposta ela pode concluir, apenas pelas gotículas de suor que se formaram.

– Eu o amo! Eu me apaixonei por Rafael a muito tempo. – Mamãe engole seco, estampando piedade na sua face, leva seus dedos finos e acaricia meu rosto e nesse momento compartilha a dor que rasga meu peito.

– Amei uma vez na vida Layla, pra nunca mais. – Diz como se estivesse engolindo sapos vivos com o semblante duro.

– Foi ruim?

– Ele tirou tudo de mim, minha pureza, meu caráter, meus pais, minha irmã...

Abro a boca pra comentar, mas ela continua:

– Ainda assim eu o amei Layla, seu pai era terrivelmente encantador. – Fecho as mãos suadas, angústia vem à tona junto a vontade de praticar automutilação, sentir qualquer tipo de dor, menos essa.

Ver Luiza falando dele pela primeira vez na vida, mostrava realmente que o trem saiu dos trilhos, está desgovernado pela cidade, em breve alguém será vítima de atropelamento mental. Um presságio me diz que esse alguém sou eu.

– Como se chamava?

– Ronaldo! – Respira fundo e continua. – Ele era alegre, infantil, gostava de ver o mundo sempre pelo lado bom, bonito, desejado em toda cidade, me apaixonei à primeira vista. Foi real, olhava para ele como Rafael vê você. – Sinto sua dor. – Então tudo mudou Layla, perdi o controle. – Hoje é o dia de coisas inéditas, lágrimas grossas caem do seu olhar distante e nostálgico – Ronaldo tinha muito orgulho de si, amor-próprio jamais será um defeito seu. De tão bondoso resolveu ajudar minha família, se apaixonou por Luana, quiseram se casar. Dá pra entender filha? O único homem que amei, amou outra mulher. Fiz o que pude, para ser feliz passei por cima de tudo e todos. Amor próprio também não era um defeito meu! Nós dois éramos a combinação perfeita. Quando jovem fui muito linda por Deus de todas as mulheres da cidade, era a mais bela chamava atenção de vários rapazes. Ainda assim, ele a quis, dá pra entender? Eu tive que reagir.

– Mamãe o que você fez?

– Fui atrás dele, bebi algumas cervejas escondidas pra tomar coragem, fui à festa de São João. Ronaldo estava lá com seus amigos, todos me devoraram com os olhos, além de ser bonita, exclusivamente nesse dia, usei uma roupa ousada, mostrando o corpo pra impressioná-lo disse a ele o quanto o amava, na frente de todos aqueles filhos de uma... – Engole seco. – Ronaldo gostou da minha ingenuidade. Os amigos ainda mais, então disse que me levaria para casa, conversaríamos. – A cada frase sua, escorria uma lagrima solitária – mas ele mentiu, paramos na floresta a caminho de outra cidade, os beijos começaram, disse que casaríamos brevemente, então por que não matarmos nosso desejo? Estava com tanto medo, recusei a entrar na floresta, os amigos dele apareceram entrando no carro, começaram a passar a mão em mim, todos me violentaram, bateram, deixaram me abandonada nua no frio da noite.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Where stories live. Discover now