Capítulo 11 - Equilíbrio

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O choro aumenta, a loira me oferece a delicada caixinha de brigadeiros gourmet, ataco um após o outro, sorrindo chorando. Vai entender.

– Obrigada, já estou aqui, agora, ligue pra Thor Telles, se ele não aparecer aqui em cinco minutos retiro o que disse sobre ele estar caidinho.

– São cinco horas da manhã, não vou retirá-lo da cama de jeito nenhum.

– Vai sim! Ah mais vai mesmo!

A estúpida rouba meu celular, corre para o banheiro, vou atrás lentamente desentendia, mas é tarde demais. Tranca-se lá dentro.

– Oi Thor?

– Vadia, não acredito que fez isso.

– Aqui é Ana Vicente... sim, está tudo bem, fique tranquilo... Gostaria de saber se você tem um barquinho, algo assim? Que faça Layla desaparecer por uns 3 dias.

– Sua vaca, desliga esse telefone.

– Preciso que leve Layla hoje sem falta pra algum lugar, qualquer lugar... Sim ele é um patife, que se dane né? – A cadela cai na gargalhada.

– Vou te matar eu juro Ana. – Bato a cabeça na porta do banheiro, vergonha toma meu ser.

– Sim, ela não para de falar em você... daqui a pouco tenho que estar no trabalho, posso cobrir a agenda dela. Sem problemas! Ok, vou preparar uma malinha. Obrigada por ajudar com minha amiga... ah que isso!

A loira sai do banheiro com uma cara lavada, corrompendo meu ódio em amor, ao perceber o quanto ela se importa comigo, abraço e choro novamente. Que merda essa rotina melosa tem que acabar, ou vai acabar acabando comigo.

– Ele topou! Vamos preparar a mala do rolê?

– Não acredito que você foi tão audaciosa. Eu não concordei com isso.

– Amiga, tu viveu toda sua vida em torno do Austin, sua mãe te proibia até de ir a aniversário infantil, já chega. Não quer comer Thor Telles, beleza, eu como! Mas, aproveite a amizade nova a qual ganhou, sem trocas, é gratuita.

– Vou te bater se falar mais uma vez dele como um pedaço de carne.

– Não vou mentir, ele é muito gostoso.

– Cala essa boca maldita Ana!

– Ele te faz feliz, né?

– Olha isso não é um relacionamento amoroso, provavelmente nem vai ser... Agora sim, faz de um jeito diferente, único, fraternal Ana Vicente, para de tirar conclusões e criar fanfics nessa cabecinha. Ele é Thor Telles!

– Para, você é Layla Gianini – arregala os olhos.

– E daí? Isso não é um nome de peso!

– É sim, você o carrega e já se acostumou com ele, mas muitas mulheres queriam ter essas chances, então você vai aproveita-las, sem pensar muito no depois. E agora vamos ver Harry Poter?

– Com adolescente, se continuar assim, vou chamar o Valdemord.

– Você gosta mesmo de viver perigosamente né? Vou dormir com o pé dentro do edredom.

– Vai é para o chão.

– Nos seus sonhos, bebê, vem divido minha cama com a senhorita Telles.

– Não repita isso. – Jogo o travesseiro na cabeça dura.

– Isso o que? Senhorita Telles? – Desentendida, joga o travesseiro em mim.

Acabamos assim. Presas em intermináveis risadas. Batidas cardíacas descompassadas, perdidas numa guerra de travesseiros em cada parte dos nossos corpos, penas voando para todo o quarto, duas garotas exaustas na madrugada, dormindo em transversal sob o confortável chão envolto de edredons.

Todo grande amor é capaz de fazer danos "quase" irreparáveis, se você tiver uma boa amiga, vontade de viver, sonhos, expectativas, fé esperança, talvez seja possível continuar. Entender o mundo lá fora em guerra é um porque descomunal, use a fé para negativar a falta de amor, mude argumentos negativos, lembre o quanto a vida é curta, seja inconsequente às vezes, no fim do túnel, quando estiver apenas escuridão ao seu redor, ainda a esperança de aparecer um farol.

Telles, Ana, quem mais for vir na minha vida, espero que seja sem prazo de validade, cansei de ser porto de turistas, amizades passageiras.

Sem querer falar da vida por muito tempo, foi à forma encontrada de fugir. Mas fugas são temporárias, ter um ponto de chegada, um de partida, caso seja negativo seus propósitos, tudo que terá é vontade de voltar a ser criança.

Sonhar pode ser bom, ou maravilhoso. Sonhos ruins são pesadelos em forma de cansaço corporal.

Mas quando Rafael me amou nos sonhos, transformando-se em Telles logo em seguida, a fogueira adormecida, acendeu, junto com meus olhos abertos no desespero do choque. Coloquei a mão no coração para certificar de realmente estar acordada. Por algum motivo descomunal, tento a todo custo voltar a dormir, apenas para verificar o fim do sonho.

♥♠

– Amiga você tem apenas biquínis pequeninos, aí amei, amei, amei.

– Tem certeza que ele falou Iate?

– Sim, talvez por uns dois dias... vai ser bom!

– Pode até ser, caso não fique desempregada, nem se quer avisei pra Teodoro.

– Deixe comigo, controlarei a situação. Teodoro não terá tempo para sentir sua falta, prometo. – Está tão convicta de si, que sinto medo.

– Quer me contar algo Ana? Só falamos de mim, talvez...

– Quando voltar, depois de me contar como foram as longas horas de sexo com aquele ser humano desproporcional. – Faz um gesto se referindo o tamanho com a mão, sua cara de safada, faz rir até mesmo uma estátua. – Nós vamos conversar sim, fique tranquila, posso sobreviver alguns dias sem minha amiga. Ela sobreviveu sem mim por vários. – Lentamente se aproxima segura minhas mãos.

– Sua tarada, quantas vezes imaginou o tamanho dele?

– Tem certeza que quer realmente saber disso? – Arque-a sobrancelha bem desenhada.

– Não, prefiro deixar quieto. – Ana me abraça, é apenas um pedido silencioso de desculpa, por não estar aqui.

A única buzina leva embora nossos devaneios. Corremos feito duas adolescentes até janela. E lá este meu salvador, saindo de sua Range Rover, com roupa informal demais. Vê-lo sem seu costumeiro terno elegante era diferente, do tipo diferente bom. Reações gastrointestinais nos momentos de tensão estão relacionados ao neurônio do intestino, dessa forma geram as nomeadas "borboletas no estomago" intensificado ao som da companhia, corro sem pensar pra porta seguida de Ana, na tentativa de receber o visitante no lugar de Luíza. 

Meu Limite - QUEBRADOS 1Onde histórias criam vida. Descubra agora