Capítulo 6 - Próxima vítima

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Construí um relacionamento a base de mentiras, contadas por outra pessoa. Fui quem ele precisava que fosse. O resto, era só o que monotonia. Presumo a existência de um forte apego dele por mim, isso é real, pode ser mútuo, por mais claro que seja é confuso demais. Foram cinco anos, conjugar aquilo "foram" no pretérito-perfeito, torna triste o verbo ir.

No fim das contas tenho fome atacando meu estômago, tão agressivamente que a quilômetros pode escutar sua canção horrenda.

Desço os degraus decidida a atacar qualquer coisa com gordura dentro da geladeira.

Repulsa. Meu cérebro alertava "ainda tenho tempo dando meia volta, saindo pela janela."

– Layla, minha querida. – Sogras, se soubesse quem inventou esses seres, esfregaria sua cara no asfalto. Juro.

– Mariah – digo sem interesse. – Mamãe. Se me dão licença, tenho muito a trabalho a fazer.

Perco todo apetite. Como se isso existisse no meu vocabulário com essa dupla dinâmica.

Apresso me pra chegar à porta, que nunca esteve tão longe.

Sabe quando seu subconsciente e você começam uma briga interna? Ele dizia: "Corra sua imbecil." Retrucava: "Faça isso de salto quinze, com duas enviadas de Lúcifer esperando por sua queda."

– Hoje você está liberada querida? Quero dar uma repaginada no seu guarda-roupa, mudar esse cabelo, o que acha Luiza?

Viajo nos pensamentos, estar presente quando ausente é uma das fugas mais rápidas, difícil de capturar, gera segurança emocional, instantânea, porém, breve.

Minha história com Mariah não é bonita, essa mulher manipuladora, sem escrúpulos, dona de um rei gigante na barriga, maltratava o filho, passando a mão na cabeça pra disfarçar seu lado desgraçada de ser, seu lema é bater e depois beijar. Os pais do Rafael não são os pais do ano, nunca serão. Humilham constantemente, ignoram, tanto faz quão boa sejam suas obras, nunca reconheceram. Todas as burradas do garoto, foram pra chamar atenção deles. E isso é tão óbvio.

E ainda assim eles não conseguiam perceber que quem tornava o menino incontrolavelmente instável, eram eles mesmos.

Teodoro é frio, calculista, pensa na empresa e apenas nisso. Como profissional é implacável. Mas como pai...

Mariah dona de uma beleza estonteante, tem pernas longas, um corpo curvilíneo, seus fios de cabelo são de um loiro natural assim como os do filho, só que ela é falsa, covarde, arrogante. Tudo que ela tem, é dinheiro. E uma imagem a manter.

Em cinco anos, nunca vi Teodoro mostrar afeto por Rafael.

Mariah conheceu minha mãe no clube de mulheres, desde então, são unha e carne. O que tornou fácil o golpe de Luiza iniciado a alguns anos atrás. Juntas preparam tudo para mim e Rafael, um futuro brilhante, só esqueceram de perguntar se nós queríamos.

A cobra também foi responsável pelas pílulas que tomo para controlar peso, olheiras, cabelos. Acredito que ainda esteja viva porque essas coisas são importadas, caríssimas, creio que deve existir alguma prescrição médica.

No fim o ser humano que for corajoso o suficiente pra desejar herdar o sobrenome Austin, tem que estar preparado para os upgrades que o acompanham.

– Desculpa, mas não é você que paga meu salário – tive total intenção de ser rude, oscilação de humor presente, tornava imprescindível que acabasse rápido nosso encontro.

– Meu marido e eu Layla, somos um só. Como se não soubesse. – Luiza e Mariah caem numa gargalhada tão maligna, que a própria bruxa má teria inveja, piadas particulares internas, sórdidas e sem escrúpulos. –Queridinha está tudo numa boa. – Tudo numa boa estaria se Deus tivesse dado a mim habilidade de virar fumaça, escapando dessa tortura constante.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt