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Despertei aos poucos com o barulho do despertador do telemóvel a tocar. Estiquei o braço ainda sonolenta à procura do aparelho electrónico mas não o encontrava em cima da mesa-de-cabeceira. Abri os olhos e esfreguei-os numa tentativa de tornar a minha visão mais nítida e pela claridade consegui encontrar o aparelho em cima da cómoda. Repreendi-me mentalmente por ter deixado o telemóvel naquele sítio e acendi o candeeiro para me poder levantar. Deslizei o dedo pela tela do telemóvel a fim de desligar aquele maldito som assim que cheguei junto à comoda. E foi então que a realidade me encontrou.

A luz mais fraca do pequeno candeeiro iluminava parte do meu quarto e principalmente o corpo masculino seminu que se encontrava ainda a dormir. Sorri inconscientemente ao me aperceber que existiam coisas que não mudavam apesar do tempo. Ele continuava com o sono pesado como antigamente e nem um terramoto o fazia acordar. O moreno ocupava parte da minha cama e dormia parcialmente de lado.

Será que era muito estranho estar a admira-lo enquanto dormia? Ou a pensar em como desejava que as minhas mãos percorressem aquela pele incrivelmente bela?

Não sabia como se sentir naquele momento. Tinha tanto medo de estragar as coisas novamente. Ele estava a tentar perdoar-me pelo que fiz, a dar-me uma segunda oportunidade. Se eu estragar tudo outra vez não haverá uma terceira nem o meu coração se erguerá novamente.

Naquele momento só tinha uma certeza. A paixão continuava ali, as palpitações, o nervosismo, a ansiedade por simplesmente receber um toque. A forma como o meu corpo parecia ter um íman para o dele. O desejo por mais um beijo ou por algo mais profundo e único.

Vê-lo mexer ligeiramente com o corpo fez com que o meu coração quase parasse e tenho a certeza que se visse a minha face naquele momento estava mais corada do que o normal. Olhei para o telemóvel e iluminei de novo a tela para ver as horas. Seis e treze minutos era o que marcava. Decidi que o melhor era tomar banho antes que o André acordasse e me visse a observa-lo atentamente.

O banho demorou mais tempo do que tinha previsto porque não conseguia deixar de pensar no corpo do moreno banhado pela luz do candeeiro. Se pudesse descrever uma visão do paraíso e da perfeição seria aquela sem sombra para dúvidas. Quando entrei dentro do quarto apenas de toalha o André ainda dormia. Ainda era cedo e não era preciso acordá-lo tão cedo quando ainda que rever algumas coisas para mais logo. Decidi não ligar a luz do candeeiro de tecto e ficar apenas com o da mesa-de-cabeceira ligado. Procurei o mais silenciosamente possível dentro do armário algo para vestir e sentei-me na beira da cama antes de começar a vestir.

Espreitei antes de começar a vestir-me só para ter a certeza que o André estava a dormir. Estava prestes a ficar nua a frente dele e não tinha a certeza que conseguia lidar com isso se ele estivesse acordado. Mas vê-lo com a lábios entreabertos a respirar serenamente e com o cabelo desalinhado fez-me repensar seriamente as minhas prioridades. Beija-lo e esquecer tudo à minha volta era o que me apetecia fazer naquele momento. Tive que usar todo o meu autocontrolo para não acorda-lo com beijos. Direccionei toda a minha atenção para a minha frente e vesti umas calças de fato de treino básicas pretas e uma t-shirt branca. Saí do quarto e apanhei o cabelo num coque desajeitado antes de procurar algo para comer. Antes de ir de férias não fiz muitas compras para que nada se estragasse durante esse tempo e agora não tinha grande coisa para comer.

- Mais meia hora e depois acordo-o para irmos tomar o pequeno-almoço numa pastelaria qualquer. – Comentei para mim depois de fechar o armário com uma bolsinha de chá nas mãos. Coloquei água a aquecer num fervedor e fui buscar o computador portátil à sala. O Ricardo tinha-me enviado o vídeo do último jogo da Madalena e iria aproveitar para revê-lo naquele tempo.

André | André SilvaWhere stories live. Discover now