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André

Estava nervoso. Melhor, estava em vias de entrar em pânico.

Talvez fosse melhor abortar a missão que estava na minha cabeça e deixar tudo como está. Os meus amigos dizem-me que o sonho de qualquer rapariga é que o namorado assuma perante todos que estão num relacionamento. Segundo eles, as raparigas gostam quando os rapazes assumem perante todos o que realmente lhes vai no coração.

Mas porque é que acho se fizer alguma destas coisas a Lis vai fugir de mim?

Eu quero que toda a gente saiba que namoramos e que apenas ela é a única rapariga que me interessa. Antes de a conhecer apenas me interessava o futebol e em querer ser melhor. A sensação de marcar golos a cada jogo era de uma felicidade extrema e sentia que realmente era o queria fazer para o resto da vida. Não me podia sentir mais realizado quando o mister vinha ter comigo depois do jogo a felicitar-me pelo jogo. Não havia nada que quisesse mais do que ser jogador de futebol profissional.

Até ela aparecer num treino em dia de chuva com o seu cabelo entrançado. Era demasiado jovem para perceber que tinha sido amor à primeira vista. Que tudo nela me tinha atraído de uma maneira tão natural que parecia mentira.

Continuava a reviver em mente tudo o que tinha planeado para que nada me faltasse. Nada podia falhar senão tinha a certeza que acabaria o dia solteiro.

- O André vai pedir a Lilo em namoro! O André vai pedir a Lilo em namoro! - Praguejei mentalmente ao ouvir a voz do meu irmão. Porque é que tinha de ter um irmão mais novo tão chato?

- Cala-te puto. - Mandei-lhe com a almofada que tinha mais perto no sofá mas facilmente se desviou. - Deixa-me em paz!

- O André está nervosinho! - Ainda gozou mais enquanto dava saltinhos à volta do sofá. Lancei-lhe outra almofada que teve o mesmo final que a anterior. - Mãe, mãe! - Gritou. Antes que pudesse dizer alguma coisa quando a nossa mãe apareceu vinda da cozinha os risos do Afonso fizeram-se ouvir. - O André vai levar alta nega da Lis, mãe. Nós devíamos ir com câmara oculta para filmar a desgraça do André e colocar na internet.

- Estás a levar uma não tarda. - Já me começava a passar com toda aquela conversa. Porque é que tive a infeliz ideia de achar que o Afonso me podia ajudar?

- Tu é que vais levar com a raquete de ténis pela cabeça a baixo. - A nossa mãe meteu-se no meio puxando as orelhas ao Afonso. - Au!

- É para aprenderes a não gozar com o teu irmão. - Ralhou com o Afonso. Sorri discretamente para ele mas a nossa mãe olhou com provocação para mim adivinhando o que estava a fazer. Como é que ela descobria sempre o que se passava connosco? - E vens ajudar-me na cozinha que o teu irmão já deve estar atrasado para ir buscar a Lis. - Olhei para o relógio e percebi que já estava quase na hora de as aulas dela terminarem.

- Bem, desejem-me sorte. - Agora é que o nervosismo se apoderou do meu corpo. Podia sentir um enorme rebuliço no meu estomago capaz de explodir para todos os lados.

- Boa sorte, filho. - Recebi um enorme abraço por parte da minha mãe o que me deu um pouco mais de confiança. - Vê se a convences a vir jantar aqui a casa um dia. Quero conhecer quem roubou o coração do meu filho.

- Obrigado, mãe. - Agradeci. - Se ela disser que sim depois falo com ela sobre o jantar.

O Afonso continuou na mesma linha de gozo por isso simplesmente ignorei-o. Peguei no saco das raquetes da Lis onde estava a surpresa e saí de casa. Tinha-lhe dito que guardava o saco dela enquanto estava nas aulas para não andar carregada de um lado para o outro. Assim aproveitei para pôr em prática o meu plano. Escrevi numa das raquetes na pega a frase "Queres namorar comigo?" e voltei a enrolar aquela fita que nunca sei o nome sobre a pega. Tentei fazer o mais certinho possível para que ela não reparasse. Ela tinha, por norma, o hábito de a tirar no final e era isso que esperava.

André | André SilvaWhere stories live. Discover now