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Conhecem aquela sensação do primeiro encontro onde o nervosismo se apodera do corpo? Quando têm medo das espectativas demasiado elevadas ou do quão tudo pode correr terrivelmente mal? Mas ou mesmo tempo apenas se querem atirar para a frente e dar cento de dez por cento de tudo o que tivermos? Pôr todo o nosso coração naquela pessoa e esperar receber o dele com a mesma dedicação e amor.

Tinha uma mistura tão forte de emoções ao ter o André à minha frente relembrando-me de tudo o que fomos anteriormente. Do nosso primeiro encontro oficial e do quão estava perdida de ansiedade, do medo de estragar tudo e de que não gostasse de quem realmente era. Do medo de ser rejeitada e do que sonhara até aquele momento nada se poder concretizar. E agora estava aqui praticamente sete anos depois do nosso primeiro encontro, mãe de um filho dele, separados pelas minhas decisões mas a tentar fazer qualquer coisa por nós.

Mas ao contrário do primeiro encontro quando era apenas uma miúda de catorze anos com todas as inseguranças próprias da idade agora era uma mulher e mãe. Sabia decifrar os olhares tão familiares do André que me enviava naquele momento. O calor que se apoderava aos poucos do meu corpo e a ânsia de poder tocar-lhe, estar apenas pele com pele, senti-lo junto de mim como se fosse a última cosia que fizéssemos era o que me permitia continuar de pé.

- Também estás... - Comecei e senti de imediato o calor aflorar nas minhas bochechas. - ...Estás bonito. – Concluí e praticamente quis enterrar-me logo de seguida. Parecia que nem sabia falar em condições.

- Obrigada, Lis. – Agradeceu e quase que podia jurar que tinha visto alguma cor a aparecer na face. – Já está tudo pronto para podermos ir? – Olhei para trás e encontrei a Joana com o André pela mão trazendo-o até mim. – Bom dia, Joana. Já estás melhor?

- Olá André. – Eles cumprimentaram-se e o moreno aproveitou para puxar o André para o seu colo. – Já estou melhor graças aos analgésicos que estou a tomar. Mais logo quando o Afonso chegar vou com ele ao posto da polícia para o depoimento.

- É bom que esse filho da mãe seja apanhado. Podia ter acontecido uma desgraça. – Não podia estar mais de acordo com o André. As autoridades tinham que apanhar o idiota que tinha colocado a Joana praticamente entre a vida e a morte.

- O mais importante é que correu tudo pelo melhor apesar do braço. – Disse sorridente. – Mas isso agora não interessa nada. Não têm um almoço para ir?

- Temos sim. Já estás pronta? – Questionou o André olhando para mim e depois para o pequeno nos seus braços.

- Deixa-me só pegar na minha mala e já podemos ir. – Afirmei indo rapidamente até ao quarto para a buscar. Quando voltei e ao olhar para as minhas chaves do carro em cima da uma pequena mesa perto da porta de saída lembrei-me da cadeirinha do André. – Ainda temos de passar pelo meu carro para buscar a cadeira do André. – Informei e o André assentiu.

Despedi-me da Joana e finalmente saímos de casa. O moreno foi em direcção ao carro dele enquanto eu fui até ao meu carro. Tirei a cadeira do banco de trás e voltei a fechar o carro. Assim que o pequeno André viu a cadeira nas minhas mãos começou a barafustar. Não sei se as outras crianças também são assim mas ele tem uma relação de ódio com a cadeira. Faz sempre um pequeno chinfrim sempre que o tenho de colocar na cadeira e hoje não era exepção. O André bem tentava alegrar o pequeno mas não estava a conseguir, ou muito me enganava ou hoje iria ser um dia com bastantes birras.

- Ele assim que ouvir o barulho do carro já se acalma. – Disse assim que fechei a porta de trás com o pequeno a chorar.

O André não disse nada mas pela cara parecia que estava prestes a entrar em pânico. Não podia julga-lo, à pouco menos de uma semana descobriu que era pai e provavelmente todas estas pequenas coisas estavam a tornar-se enormes tempestades na cabeça dele. Entrei para o lugar do pendura e segundos depois o André estava a fazer o mesmo mas no lugar do condutor. Olhei para trás porque o único barulho no carro era o choro do pequeno André.

André | André SilvaWhere stories live. Discover now