3 - v i c t i m s o f l o v e

Começar do início
                                    


- Sim. – Sorri e peguei numa maçã, dando uma pequena chinca. 


- Acho muito bem quereres fazer exercício. – Ela incentivou. – Só te faz bem. E isto – ela apontou para o seu prato com bacon, tostas e ovo -, é apenas aos fins-de-semana. Talvez possa acompanhar-te na corrida. 


- Se não te importas, eu gostava de ir sozinha... - Exibi um trejeito e ela demonstrou uma expressão ligeiramente desapontada.


- Oh, desculpa querida. - Levou um pouco de uma tosta à boca e depois bebericou um pouco do seu sumo de laranja. – Entendo que queiras ir sozinha. – Sorri em modo de agradecimento e levei a maçã comigo, saindo porta fora para evitar a continuação desta conversa.

O frio arrepiou-me até aos ossos, mas mal começasse isso passaria com certeza. Fiz alguns alongamentos ainda à entrada de casa e depois comecei a correr. Sentir o ar fresco a bater-me no rosto enquanto corria fez-me estremecer, assim como todo o meu corpo, mas não parei. Levava os fones nos ouvidos, a música a tocar e após alguns minutos senti-me completamente livre.

Continuei embalada pela melodia que tocava agora e quando olhei em volta senti-me um tanto perdida. Retirei um fone e olhei em volta. Ao olhar para o lado oposto vi uma entrada para um parque que nem sequer entrada para carros tinha. Abrandei o passo e caminhei até lá, atravessando a rua. Parecia-se exatamente como o pesadelo que tivera e o receio começava a querer instalar-se no meu peito, mas a curiosidade falou mais alto e continuei a andar. Com um fone posto e o outro pendurado, apenas se ouviam alguns pássaros a chilrearem. Não haviam sons de carros ou de pessoas, apenas os sons da Natureza. Continuei a andar e subitamente, foi como se a imagem que se encontrava à minha frente retornasse a mim como o pesadelo que tivera naquela noite. Quis recuar e voltar a correr para casa, parecia que já tinha passado quase meia hora e não estava a gostar propriamente de estar sozinha neste local, que apesar de belo me dava arrepios.

Porém continuei a andar e ouvi o som de galhos a estalarem. Olhei em volta e senti-me como uma presa na toca do predador. Aquele som soou de novo enquanto sentia um arrepio percorrer a minha espinha. Como se as minhas pernas estivessem presas ali, não me mexi devido ao receio que estava a sentir e as memórias daquele pesadelo estavam a regressar. Voltei a ouvir aquele som e quis perguntar se estaria ali alguém, ou se seria apenas um animal, porém mantive o silêncio e caminhei lentamente na direção oposta para poder sair. O meu coração acelerou, as minhas pernas fraquejaram e quando me virei, senti umas mãos fortes a prender os meus ombros e soltei um grito, tentando libertar-me. Esmurrei e pontapeei quem era até que a sua voz soou e me soou um tanto familiar. 

- Calma! – Ele pediu com o típico sorriso sarcástico. O meu corpo estava tenso e senti que o sangue havia congelado nas minhas veias. – Sabes defender-te, boa. – Ele acusou sarcasticamente enquanto acendia um cigarro. 


- O que estás aqui a fazer? – Questionei com a mão no peito a tentar recuperar o meu fôlego. 


- A questão é o que é tu estás a fazer aqui. Esta é a minha zona, portanto posso andar por aqui à vontade. – Zayn declarou sarcasticamente expelindo o fumo do cigarro. – Não devias vir para aqui. – O seu sorriso sarcástico desvaneceu e lançou-me um olhar. A vontade de ir embora era simplesmente o que mais desejava no momento, mas não me acobardaria. 


- Vim apenas correr. – Respondi com um pouco de receio na minha voz. Queria enfrentá-lo e dizer-lhe que não podia dizer-me por onde eu poderia andar ou não, mas contive as palavras quando ele voltou a expelir o fumo do cigarro lentamente. Uma das mãos encontrava-se no bolso das calças e ele estava apenas encostado a uma árvore a fumar o seu cigarro, como se ali contivesse todo o prazer do Mundo. 

SWEET DREAMS - LIVRO 1 ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora