1 - d o g d a y s a r e o v e r

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Capítulo 1. 

She hid around corners and she hid under beds

with every bubble she sank with her drink 

and washed it away down the kitchen sink 

the dog days are over, the dog days are done 

Florence and the Machine – Dog Days Are Over




- Arruma as tuas malas. – Uma voz grave masculina entoou por todo o quarto enquanto eu observava a paisagem bonita do exterior. – Vais finalmente embora. – Arqueei o sobrolho e virei-me lentamente para fitar o homem vestido com uma farda bege composta por uma t-shirt, umas calças e uns sapatos pretos que considerei feios. Quando ele estava prestes a sair, clamei por ele. 


- Desculpe. – Ele olhou para trás com os seus grandes olhos castanhos e a testa enrugada, demonstrando impaciência. – Quem é que me veio buscar? – Ele pegou no pequeno bloco de notas que trazia na mão e folheou-o.


- Lyn Morrissey. 

Seria a minha tia Lyn? Lembrava-me vagamente de algumas tardes de Verão passadas em casa dela e como costumava ser bom. Mas passaram-se treze anos desde essas tardes e após isso, tudo o que me recordava era como tudo havia mudado drasticamente desde então.

Levantei-me da cama desconfortável, atirei as minhas roupas para dentro da mala castanha e o homem manteve-se na porta a bater com o pé no chão, demonstrando impaciência. Naquele dia eu envergava apenas uma blusa roxa, um casaco, uns jeans claros e umas sapatilhas pretas. Tudo roupas que outras raparigas deixavam ficar quando se iam embora. Eu olhava-as e imaginava como seria quando chegasse a minha vez. Como reagiria e bem, na minha mente tudo foi muito melhor. Não me sentia propriamente exaltada por ir embora, mas não queria ficar aqui nem mais um segundo. Assim que terminei de arrumar a mala, forcei o fecho para cerrar e ajeitei apenas o meu cabelo loiro que estava amarrado num rabo-de-cavalo. Coloquei a mala ao ombro e saí porta fora sem olhar para trás.

Na entrada assinei um papel onde o meu nome estava gravado, misturado no meio de muitos outros. Assinando o meu nome à frente, observando minuciosamente o guarda que se encontrava à porta com uma expressão dura no rosto. A rececionista ofereceu-me um sorriso breve e recolheu a lista. Caminhando lentamente para a entrada, troquei um olhar com o guarda. Pensei que a qualquer minuto ele saltaria para cima de mim e me voltaria a prender no quarto, mas nada disso aconteceu e eu saí respirando então o ar fresco.

Ao fundo das escadas vi uma mulher loira que envergava um vestido branco, um casaco que lhe dava apenas um pouco mais abaixo da cintura, uns sapatos de tacão alto e usava uma pequena clutch brilhante. Ela virou-se e observou-me, um sorriso a crescer nos seus lábios cobertos por um tom avermelhado. Eu estaquei no tempo; não sabia se havia de avançar ou ficar apenas ali e aguardar para que ela viesse ter comigo. Não perdendo tempo em subir as escadas, os seus braços puxaram-me para um abraço apertado. 

- Charlotte, céus. – Ainda me segurando com força, eu permaneci imóvel perante o seu abraço. Não recebia um gesto de carinho há imensos anos e estar envolvida num era imensamente estranho. – Lembras-te de mim? – Ela afastou-se e pude ver que os seus olhos azuis brilhavam com felicidade, talvez? – Sou a tua tia Lyn. Vais para casa agora, está tudo bem, minha querida. 

Ela segurou a minha mão e puxou-me lentamente em direção ao Range Rover cuja tintura brilhava com o sol a incidir na mesma. Ela pegou na minha mala, pô-la na bagageira do jipe e depois entrou para o lugar do condutor, enquanto eu me sentava no de pendura e colocava o cinto.

Assim que arrancamos, apercebi-me que Lyn queria dizer muitas coisas, mas nada lhe saía. Permaneci em silêncio e abri o vidro, sentido a brisa fresca no meu rosto. Pus a mão do lado de fora e balancei-a ao som do vento fechando os olhos e apreciando o sabor da liberdade.

SWEET DREAMS - LIVRO 1 ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora