SWEET DREAMS - LIVRO 1 ✓

1 - d o g d a y s a r e o v e r

Assim que o carro abrandou, senti que estávamos prestes a chegar quando vi uma casa lindíssima com dois andares ou mais, toda branca, persianas castanhas, garagem e um alpendre onde se situava um baloiço branco. Senti uma vontade de sorrir, mas reprimi-a quando olhei para Lyn que me observava por sua vez. Ela desapertou o cinto e eu repeti o ato, mas quando ia sair a sua mão segurou a minha.

- Esta é a tua casa agora. Quero que te sintas confortável. 

Acenei afirmativamente e contemplei o esplendor da casa. Era perfeita no exterior, queria apenas vislumbrar o interior da mesma. Peguei na minha mala e recusei gentilmente quando ela se ofereceu para a levar, causando com que o sorriso de Lyn se tornasse num mero esgar.

Caminhamos lado a lado para dentro e mal entramos, vi logo uma porta para a sala de jantar supunha eu, a cozinha e também havia escadas com uma carpete vermelha a descer por elas abaixo. O cheiro que provinha da cozinha era delicioso e cresceu-me água na boca. No entanto admirei a casa silenciosamente e após Lyn me convidar a subir, eu segui-a. Ao avistar o segundo piso, vi uma carpete castanha no chão que dava até ao fundo do corredor, ao longo dos mesmos existia uma casa de banho e dois quartos vazios pelo que Lyn me dissera. 

- Aqui vai ser o teu quarto. – Ela afirmou abrindo a porta para trás e sorrindo radiante. – Espero que gostes de violeta, não sei a cor que preferes...

- Violeta está bom. – Falei pela primeira vez. Ela inclinou a cabeça para o lado e esboçou um esgar, afagando-me o ombro seguidamente. 

- Vou deixar-te a sós para te instalares. Fica à vontade.

Ela sorriu brevemente e depois fechou a porta devagar. Um aroma a lavanda pairava no ar e abri a janela branca apenas para sentir a brisa fresca de Setembro. Espreitei para o exterior e sorri vagamente com o facto de o sol ainda brilhar nesta época, mesmo que fosse raro.

Peguei na mala e despejei a pouca roupa que tinha para cima da cama. Reparei que estavam todas encorrilhadas e olhei em volta para ver se encontrava um ferro. Como não encontrei, deixei-as onde se encontravam e abri a gaveta do camiseiro branco decorado com flores cor-de-rosa, onde vi imensa roupa interior juntamente com collants. Abri as gavetas todas e após revistar tudo, dirigi-me ao armário.

Admirei as imensas peças de roupas de todos os estilos, cores e feitios. Por um momento senti-me fascinada, nunca tinha visto tanta roupa – e bonita -, em toda a minha vida. Seria aquilo tudo para mim? Ou talvez Lyn tivesse uma filha? Se fosse esse o caso ela possivelmente ficaria angustiada por remexer nos seus pertences. Olhei para o chão onde avistei pares de sapatos, sapatilhas, sandálias, chinelos e saltos altos. Esbugalhei os olhos e questionei-me se realmente não estaria no quarto errado. Abri a porta do quarto e avistei-a a sair do quarto da frente que deduzi ser o seu. 

- Desculpa... - Ela entrelaçou os seus dedos e escutou com atenção. – Este quarto é o meu? – Ela olhou-me desentendida, mas após se aperceber que eu falava a sério sorriu-me maternalmente. 

- Claro que é, querida. Tudo o que está aí dentro é teu também. Deduzi o teu tamanho em roupa, mas se alguma coisa não te servir vamos ao centro comercial e trocamos. 

- Oh. – Exclamei um tanto surpresa. – Obrigada. 

- Não tens de agradecer. És família e vou tomar conta de ti daqui em diante. A tua inscrição na escola já está feita, tratei disso antes de te ir buscar. Agora vamos almoçar que deves estar com fome.

Quando ela falou senti o meu estômago a dar horas e segui-a, descendo as escadas em direção à cozinha. Uma senhora de cabelos vermelhos encaracolados estava em torno do fogão, enquanto punha a mesa ao mesmo tempo. Quis ajudar, mas Lyn convidou-me a sentar enquanto a senhora, cujo nome ainda não sabia, nos serviu enchendo depois os nossos copos com sumo de laranja. Sorri-lhe em forma de agradecimento. Desejámos bom apetite visto que a educação que eu recebera no orfanato ainda se encontrava bem presente, talvez continuasse sempre.