O dia estava nublado. As nuvens cinzas se instalaram no céu impedindo a passagem do sol. Alguns carros passavam apressados por ali e outras pessoas comiam pipoca perto de um homem que as vendia. Crianças corriam e os pais as advertiam.
— Anda Joshua, fala logo.
Cruzo os braços impaciente pela demora. O sorriso malicioso ainda estava em seu rosto, mas aos poucos foi se desfazendo.
— Eu queria conversar com você, sobre mim.
— Sobre você? — pergunto rindo mas logo me arrependo.
Ele assente e abaixa a cabeça.
Pergunto o que está se passando. Eu havia lhe perdoado, então não tinha que temer aos meus sentimentos e àquela conversa que não nos levaria a fazer nada.— Você me conhece, Mariana. Namoramos por três anos. — mexeu em suas mãos como se não quisesse tocar no assunto. — Sabe como eu vivo, sem parar.
Assinto.
— Só que aos poucos eu estou me cansando. — mexe no cabelo de forma nervosa. — Assim como você cansou.
Entendi tudo a partir deste ponto. Joshua queria mudar. Assim como eu mudei. Mas não sabia até que ponto ele iria para isso. Eu sacrifiquei a mim mesma. Festas, amigos, tudo que eu pensava preencher o vazio dentro de mim.
— Você quer que eu te ajude?
Ele assente. Joshua era difícil de expressar o que sentia ou reconhecer que precisava de algo. Vê-lo assentir sem pestanejar, foi uma surpresa tremenda.
— Eu tive que sacrificar muitas coisas e creio que você já sabe quais são. — digo prendendo meu cabelo em um coque mal feito. — Perdoar os que me machucaram foi a principal atitude.
Ele pensou um pouco.
— Mas eu não sei quem devo perdoar.
— Vai por mim, sempre tem aquela pessoa guardada no lado negro do coração. — rio. — Vasculhe ele, cada gaveta. Vai ter pessoas que você precisa perdoar.
— Você me perdoou?
— O quê? — pergunto novamente para ter certeza de que escutei a pergunta correta.
— Você...me perdoou?
Joshua abaixou a cabeça parecendo chateado consigo mesmo. Era tão difícil de decifrar o que ele estava sentindo somente com o olhar. Seus cabelos bagunçados e as olheiras enormes abaixo dos olhos cor de mel deixavam claro as noites mal dormidas.
— Eu te perdoei. — digo sorrindo e ele solta um suspiro aliviado.
— Sabe...eu nunca pensei nas palavras que soltava. — diz mexendo nervosamente no cabelo. — Machuquei você e...
— Isso é passado, Joshua.
— Eu sei, mas...
— Mas nada. — o interrompi rapidamente. — Pra seguir em frente é preciso esquecer-se do passado.
Ele permaneceu petrificado ouvindo o que saia de minha boca. Como se fosse preciso estar atento para cada letra.
— Enfim, hoje haverá uma reunião. Gostaria que você comparecesse lá. — sorri lhe passando o endereço por mensagem antes que fosse tarde e ele desistisse. — Sei que tem muitos anos pela frente, não deixe eles serem um desgosto pra você.
Joshua assentiu e nos despedimos com um pequeno abraço terno. Eu precisava daquilo. Seu abraço encaixou cada peça que faltava. Agora estava tudo bem e nada estranho aconteceria caso nos encontrássemos em algum lugar.
Julie:
Ei, hoje você vai dormir aqui em casa. Arrume suas coisas. Sthefanny e Isabella também irão.Rio com a mensagem autoritária de Julie e entro no carro. Dando uma última olhada para Joshua que sorriu animado ao acenar.
Estava tudo bem, finalmente estava tudo bem.
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Entorpecida - Vol 1
روحانياتA vida é como uma equação. Para alguns é fácil e compreensível. Para outros difícil e, às vezes, impossível. Viver: simples, difícil e doloroso. Mariana não sabe como seguir em frente. E mesmo dizendo para os outros que está, com sua vida monóton...