A vida é como uma equação.
Para alguns é fácil e compreensível.
Para outros difícil e, às vezes, impossível.
Viver: simples, difícil e doloroso.
Mariana não sabe como seguir em frente. E mesmo dizendo para os outros que está, com sua vida monóton...
Passo as mãos pela barra da saia novamente. Eu havia escolhido o visual mais elegante para tal evento, mesmo que não fosse necessário. Minhas pernas estavam inquietas com o nervosismo, as mãos suando e meu coração frenético.
As crianças corriam de um lado para o outro. Os professores haviam aceitado minha ideia repentina de mudar o show para o próprio orfanato. Os pais de alguns alunos e eles mesmos estavam sentados nas cadeiras brancas de plástico.
— A ideia foi toda dela. — Professora Olga guiou alguns pais e alunos até mim. Abri um sorriso amarelo e cumprimentei cada um.
De longe vi Jonathan conversando animadamente com Julie enquanto Sofia, a menina que se jogara no colo dele outro dia, fazia os dois rirem com algumas coisas que ela falava. Ri com a cena fofa.
— Bruno! — grito seu nome enquanto ele ia em direção a uma cadeira. Seu olhar fixa em mim e ele corre na minha direção.
— O show vai ser aqui?
Meu coração se encheu de alegria mais uma vez por ele estar falando.
— Sim, eu dei a ideia para a professora. — Sorrio de orelha em orelha. — Você vai me ver cantar.
Me abaixo para ficar na sua altura e de surpresa, seus braços pequenos e magros rodeiam os meus ombros em um abraço aconchegante de criança. Sinto uma leve vontade de chorar, mas controlo para não borrar o pouco ee maquiagem que eu havia passado e o aperto em mim.
— Muito obrigada, Bruno. — agradeço ainda com os braços em volta de seu pequeno corpo.
— Pelo o quê? — ele se afasta.
— Por ter me proporcionado essa alegria que estou sentindo por ganhar um abraço.
Ele ri e beija meu rosto. Bruno merecia um lar, todos ali mereciam. Mesmo que eu nunca tivesse passado por isso, sei que não é fácil. Nunca será fácil morar em um lugar sabendo que seus pais não lhe quer ou eles não estão mais aqui para cuidar de você. É doloroso só de pensar no sofrimento interior que elas passam.
— Você está linda, Mariana.
Viro-me para a voz e encontro Jonathan com as mãos nos bolsos da calça. Seu sorriso se estendeu quando Bruno riu pelo seu elogio. Jonathan estava com uma calça jeans e uma blusa de manga, diferente do uniforme que ele usava durante a semana. Seu cabelo continuava despenteado, era o seu "melhor" estilo.
— Obrigada. — Agradeço de forma tímida.
— Estou louco para ouvi-la cantar.
— Ah — rio negando com a cabeça. — Não fique, eu não treinei um segundo.
Professora Olga deu duas batidas no microfone para chamar nossa atenção e sorriu com o tanto de pessoas que havia ali. Um dia antes ela comemorou comigo que todos tinham aceitado a proposta do local, rapidamente viemos para o orfanato arrumá-lo.
— Agradeço de coração todos que aqui compareceram. Não estamos aqui pela faculdade, mas sim por essas lindas crianças que merecem o melhor. — Ela sorri e seu olhar percorre o local até se encontrar com o meu. — Quero agradecer também a aula Mariana que deu essa ideia maravilhosa. E por isso, eu lhe convido para ser a primeira a se apresentar.
Sorrio para os olhares que me observam. Novamente volto a suar, meu coração volta a bater rápido demais e antes que eu dê um passo, Jonathan segura meu pulso.
— Você vai se sair bem. — Ele diz e deixa um beijo em minha bochecha. Controlo para não ficar vermelha na frente de todos e movo minhas pernas.
Caminho até o palco improvisado com dificuldade. Assim que subo, digo boa tarde e falo a importância daquele orfanato pra mim. Nele eu também encontrei paz pra mim, com aquelas crianças, tudo foi novo e divertido. De longe pisco pra Bruno que esconde o rosto envergonhado.
— A música que eu irei cantar é Love Story. — Anúncio.
Não lembro por qual motivo eu escolhi aquela música, mas ela me lembrava algumas pessoas e isso me dava coragem para cantar.
— We were both young When I first saw you. I closed my eyes and the flashback starts. I'm standing there on a balcony in summer air.
Nós éramos jovens Quando eu te vi pela primeira vez Eu fecho meus olhos E começo a lembrar Eu estou parada Lá na varanda de verão.
Meus olhos encontram os de Jonathan por alguns segundos enquanto canto uma parte, mas não posso cantar olhando pra ele. Desvio o olhar e sorrio para todos ali.
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Todos aplaudem assim que termino de cantar e eu agradeço. Professora Olga chama outros alunos que estavam na lista de participantes enquanto eu desço do palco. Caminho em direção a Emma e Julie que estavam, por coincidência, conversando.