EXTRA - PEDRO (MOSQUETEIRO) FERNANDES

3.4K 439 83
                                    

Promessa é dívida, né não?

ENJOY!

---------------------------------------------

— O peito do pé do Predo é preto.

— O peito do pé do Pedro é preto.

— O peido do preto do Pedro é preto.

— Cala a boca, Gabriel. tentando ensinar um trava língua pra Dinha.

Cala a boca, Gabriel. tentando ensinar um trava língua pra Dinha. – meu irmão mais novo me imitou, com a voz ainda mais aguda.

Respirei fundo, revirando os olhos, sem paciência.

Estávamos sentados no chão da sala da minha casa, com a TV ligada no Cartoon Network, comendo bolachas doces, enquanto nossos pais trabalhavam e minha mãe estava na cozinha fazendo pão. "Cuida da Amanda e do seu irmão direitinho. Você é o mais velho" ela disse antes de nos deixar sozinhos na sala de TV, com a responsabilidade pesando nas minhas costas pequenas de 8 anos de idade recém completados.

— O peito do pé do Predo é preto. – repetiu Amanda, de repente.

— Pedro. – corrigi. – Não é Predo. É Pedro.

— Eu sempre te chamei de Predo. – ela respondeu, contrariada.

— Mas agora você já vai fazer 7 anos. Tem que falar direitinho. – Dinha cruzou os braços e fez uma careta. – A mãe que pediu... – me expliquei, encolhendo os ombros, constrangido.

— Mas a mãe não tá aqui agora. A gente podia parar com essa besteira e ir assistir alguma outra coisa. – Gabriel disse olhando para a TV, que exibia um episódio já muito repetido de A Vaca e o Frango.

— Não quero assistir nada. Quero ir brincar. – Amanda respondeu brava, cruzando os bracinhos.

— Do que você quer brincar?

— De correr.

— Vou falar mais uma vez: não vou mais brincar de Sailor Moon. – disse Gabriel. – Se quer brincar correr, Amanda, inventa outro tema.

Ela suspirou, decepcionada, com sua ideia para tema indo por água a baixo antes mesmo de ter sido dita em voz alta.

— Por que você não ensina a gente a jogar futebol? – Gabriel sugeriu. – Agora você sabe jogar certinho e pode ensinar a gente.

— Isso! – Amanda respondeu animada, batendo palmas. – Ensina a gente!

— Hmm, não sei... – respondi incomodado. Eu não sabia jogar direito ainda, pra falar a verdade. Só tinha ido a três aulas da escolinha de futebol que meus pais haviam me colocado. – E se o pai da Amanda não gostar? É brincadeira de menino.

— Não é não! – Amanda respondeu enfezada.

— É sim. – eu insisti.

— Brincar de comidinha é brincadeira de menina e a gente fez isso na semana passada. – Gabriel argumentou. – Deixa de ser besta. A gente é criança. A gente pode brincar do que quiser.

— É! – Amanda concordou. – Me ensina a jogar futebol, Predo... Por favor! Por favor, por favor, por favor!

*

— Pedro – Gabriel me chamou. – Pedro, você está me ouvindo?

Tive de piscar um número significativo de vezes para perceber que eu não estava mais sentado na sala da minha casa, com 8 anos de idade; agora eu tinha 17.

NOVEMBROOnde as histórias ganham vida. Descobre agora