25 - Gabriel Gostosão

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Quase duas semanas haviam se passado, junto com os pesadelos terríveis comigo na casa de Jéssica vestindo aquela camisola estúpida (e sensual)

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Quase duas semanas haviam se passado, junto com os pesadelos terríveis comigo na casa de Jéssica vestindo aquela camisola estúpida (e sensual). Ela havia conseguido o status que queria quando me ofertou, finalmente entrou para um grupo popular, e agia como se aquilo que fez (ter me ofertado) fosse a coisa mais normal e sensata que alguém poderia ter feito. Pelo menos, o olho dela de fato ficara roxo e suas tentativas de esconder a marca com maquiagem foram em vão.

Durante essas duas semanas também, meu pai confessou que havia começado a escrever um livro. Um romance.

- Sério?! – eu disse animada. – Poxa, que bacana!

- Max está me ajudando – ele comentou, com certa timidez sobre o assunto ainda. – Vai me agenciar, acredita?

- E quando sai?

- Não faço ideia. Mal comecei a escrever... Tudo são só rascunhos, mas queria que ficasse pronto até o fim do ano.

Sorri só em pensar na possibilidade desse livro ficar pronto e ser lançado no mesmo mês do memorial. Se esse combo de realizações não recuperasse o sorriso desse homem, eu não sabia o que seria capaz de recuperá-lo.

O trabalho com esse livro fez com que o meu pai passasse mais tempo trabalhando do que o normal. E isso e as minhas aulas com Fernando fez com que nosso cardápio mudasse de comida-"boa"-e-"saudável" para comida-de-fast-food-e-outras-porcarias-piores. Não estranharia se o pizzaiolo da cidade soubesse o nosso número de telefone de cor.

Nesse meio tempo também, Pedro passou estudando muito para um simulado de vestibular. Ele finalmente havia decidido qual curso fazer na faculdade: engenharia civil, igual ao pai, o que exigia muito estudo, justificando o fato de ele fazer cursinho mesmo quando estudava em uma das melhores escolas do país. O cursinho fez com que ele se afastasse das noites de sábado comigo e com Gabriel, em que sempre íamos ao cinema, comer algo no McDonald's (se bem que agora não íamos mais à fast food e sim a restaurantes para comer comida de verdade, já que Victor também adotou o cardápio comida-de-fast-food-e-outras-porcarias-piores, com a ausência de Fernanda), ou em outros lugares legais.

Já as minhas aulas de violão com Fernando estavam melhorando a cada dia mais. Meus dedos não doíam mais quando eu tocava e o barulho horrível foi substituído por algo mais audível.

– Bata nas cordas com mais força para o som sair melhor – Fernando disse em certa aula.

Obedeci, mas logo na primeira nova batida, uma corda saltou do braço do violão.

– Você arrebentou a corda do violão – declarou Fernando entortando a boca em uma careta e pegando o violão da minha mão.

– Desculpa? – disse na defensiva.

– Quebrar cordas é normal – ele disse. – Quando eu estava aprendendo, quebrei três cordas de uma vez enquanto afinava o violão, e eu só tinha doze anos. Era mais fraco do que você é agora – percebendo o que realmente havia dito, acrescentou: – Sem ofensas.

NOVEMBROWhere stories live. Discover now