Capítulo 17

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Marina

Não vejo mais o Arthur durante o fim de semana. Fiquei todo o domingo em casa e falei com ele e com as meninas apenas por mensagens. Minha mãe parecia ocupada resolvendo e adiantando trabalhos, já que viajaria logo logo a trabalho.

Quando dei por mim, já era sexta feira e eu havia me acordado mais cedo do que era acostumada, pois estava me despedindo da minha mãe que ia viajar para o norte do país. Tudo bem que só iríamos ficar longe uma da outra três dias, mas eu sabia que ia sentir falta dela. Eu sempre sentiria. Ainda mais ela estando a quilômetros de distância de mim.

- Promete que vai mesmo ligar, não é mocinha? - ela fala pela terceira vez desde que saímos de casa para pegar o elevador.

- Prometo mãe. Qualquer coisa a senhora manda uma mensagem ou pode ligar também. - Ela assente e me encara com um olhar protetor.

- Filha, eu sei que posso confiar em você, mas juízo tá?! - dessa vez fui eu quem assentiu. Ela sorri. - Tem certeza que não quer que eu fique? Amanhã é um dia tão importante, eu posso...

- Mãe, você sabe que não ligo e nem gosto dessas coisas - ela me olha triste - De verdade mesmo, não se preocupa.

- Mas amanhã é seu aniversário, você precisa comemorar! Prometa que vai sair com as meninas ou com aquele rapaz que encontramos no shopping - "Oh droga, ela não me faria prometer" - Prometa, Marina!

- Tudo bem mãe, eu vou marcar alguma coisa com eles - respondo. - E quando estiver de volta comemoramos juntas, tá? - ela sorri satisfeita. - Quando chegamos na portaria, um táxi já estava à sua espera. Nos despedimos mais uma vez e com um pouco de dor no coração observei-a se afastar cada vez mais.

Eu não falo muito do meu aniversário porque não gosto dele. Na verdade não gosto de nada que envolva presentes, surpresas e comemorações. Talvez porque eu me lembre de tudo o que aconteceu com o meu pai. Da surpresa que ele nos preparava no natal quando vinha no carro cheio de presentes pra nós. 

Minha mãe nunca me escondeu essa história e não a culpo por eu ter desenvolvido essa percepção das coisas. Mas o meu aniversário é um dia comum pra mim. Não vejo motivos pra comemorações, festas ou presentes. Pois uma das pessoas mais importantes na minha vida não vai poder compartilhar tudo isso comigo. Eu trocaria qualquer coisa para ter meu pai novamente comigo.

As meninas sabem e sempre respeitaram minha opinião. Mas isso não impede de darem um jeito de me arrastar pra algum lugar, usando a desculpa de que fariam isso mesmo se não fosse meu aniversário e também sempre arranjam um jeito de me dar alguma coisa de forma sutil. Eu poderia ter ido viajar com a minha mãe, na verdade, eu estava morrendo de vontade de poder ir com ela, mas estava entrando na semana de provas e sempre odiei fazer segunda chamada. 

Preferia ficar livre logo de tudo. Mas agora talvez eu tivesse mais de um motivo para querer passar algum tempo na escola. Quem sabe eu até gostasse de ficar em recuperação? Ainda mais se a matéria for biologia. Rio com meus pensamentos. E ao pensar em Arthur, uma ideia me vem à mente e sorrindo como uma boba, saio do prédio e vou preparar uma pequena surpresa para ele.

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Ensina-me, professorWhere stories live. Discover now