Capítulo 8

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Marina

Estávamos sentados no chão do elevador. Ele acariciava minha cabeça que estava em cima do seu peito e depositava, furtivamente, beijos nela. Seu coração batia acelerado, podia ouvi-lo. Mas ele estava relaxado, eu estava relaxada. Parecia que tínhamos nos esquecido de onde estávamos e só nos importava a presença um do outro.

- Eu achei que você nunca mais fosse me beijar – comento pensando em tudo que havia acontecido nesse curto espaço de tempo...

- Eu também... Mas não consigo parar de pensar nisso. Não sei o que está me dando, mas quando eu fecho os olhos, você está lá, me encarando ou dançando pra mim. – olho em seus olhos e vejo verdade neles.

- Eu sei... Eu também. O que a gente faz agora hein? – pergunto apreensiva. Eu era maior de idade, então era menos um problema para lidar. Mas ele era meu professor por mais alguns meses, então como seria até lá?

- Eu não sei... Se pudesse ficava aqui com você pelo resto da vida. Mas a gente não pode ficar assim lá fora. Ninguém entenderia... – essas palavras doeram mais do que deveriam, porque acima de tudo, eram verdades.

- Eu sei, eu não gosto da ideia de ficar longe de você... Além do mais, prefiro seu humor assim do que o que você tem na sala de aula. – rimos.

- Deve ser porque eu sou o que mesmo? – fingiu pensar – Ah, lembrei, "idiota". – rimos e escondi meu rosto no seu peito.

- Não disse aquilo com você... – digo. - Mas se você achou que foi, a culpa não foi minha - eu olho em seus olhos prendendo o sorriso.

- Ah, então você está me dizendo que mesmo não tendo me chamado de idiota na primeira vez eu ainda sou um, Marina? - perguntou me encarando com o olhar divertido, mas fingindo estar ofendido.

- Eu havia acabado meu primeiro relacionamento. Não foi bem um namoro. Nós estivemos juntos no ensino médio, mas não foi algo para durar. Eu sabia disso, ele também. A diferença era que eu aceitava, ele não. - começo a explicar. - Então ele mudou de cidade e quis começar um relacionamento a distância, mas se não estava dando certo com nós no mesmo espaço, também não daria certo se estivéssemos separados por quilômetros de distância. Estávamos só adiando o inevitável - concluo e ele me olha pensativo, parecendo considerar todos os pontos.

- Você sabe que isso não é o que se espera de alguém da sua idade, certo? Você agiu melhor do que muitas pessoas que tem o dobro da sua idade! - ele ri. - E não preciso saber quem é o garoto pra dizer que ele é um idiota.

- Então... A Annie... Ela é... - não consigo terminar a pergunta, porque ele me interrompe.

- Nada. Nós não temos nada eu posso garantir a você - ele fala olhando no fundo dos meus olhos, me fazendo acreditar em cada palavra.

- Você se arrepende de ter me beijado? – pergunto de repente, olhando em seus olhos.

- Não. – sua resposta é rápida e não deixa nenhum registro de dúvidas. Ele sorri – Mas não quero que nada te aconteça. Eu sei que faltam poucos meses para você concluir o ensino médio e ficarmos livres pra levar o que quer que temos adiante. Só que é arriscado demais nós nos envolvermos assim.

- Entendo. Se descobrissem tudo o que aconteceu aqui você também se prejudicaria, e eu não quero isso, Prof. Ferraz. – ele franziu o cenho.

- Você sabe que pode me chamar de Arthur, deixa o Prof. Ferraz para usar nos próximos meses enquanto a gente estiver lá fora. - ele fala e o brilho do seu olhar ilumina o meu. "Próximos meses..."

- Acha que temos intimidade pra isso, professor? – provoco e ele apenas ri.

O som do interfone ecoa pelo elevador. Olho para o Arthur que me encara também surpreso por ouvir ao barulho e saber o que ele provavelmente significava. "Eu não quero ir embora". Ele me dá um beijo e me levanta junto com ele.

Ensina-me, professorWhere stories live. Discover now