Prólogo

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Nota rápida aqui antes de começar a história:

Estou atualizando (mais uma vez) a história (agora em 2023). Antes de começarem a ler novamente (para aqueles que já leram antes) eu queria avisar logo que incluí mais personagens e que, pelo menos no início da história, eles vão aparecer e dar um sentido (que ao meu ver deixa mais amarradinho do que o de antes). Quando escrevi pela primeira vez, não soube lidar com a tempestade de informações da história e não me atentei a construir os perfis das personagens direitinho, por imaturidade de escrita mesmo. Por isso, vocês vão perceber mudanças em muitas cenas, algumas cortadas, trocadas de lugar, modificadas e etc. 

Enfim, aproveitem! Eu tentei fazer o máximo que pude pra entregar o melhor que eu consegui pra vocês como forma de retribuir por todo o carinho e presença nos últimos anos. Obrigada de coração, pessoal!

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Marina

Sabe quando você aposta todas as fichas em algo, mas daí começa a duvidar se tudo vai sair como o esperado?

É exatamente assim que eu me sinto.

Sempre fui considerada nerd por ter facilidade em aprender rápido e gostar de estudar. Nunca me importei com isso, na verdade. Meu pai morreu pouco depois de eu nascer, o que significa que não cheguei a conhecê-lo muito bem. Minha mãe me contou que sua morte foi em pleno Natal, após sair de um plantão médico. Ele carregava inúmeros presentes para nós, que havia feito questão de só nos mostrar naquela data. Mas ao chegar no cruzamento há uns 5 quarteirões da nossa casa, um carro em alta velocidade ultrapassou o sinal vermelho e bateu com tudo no lado do motorista. Fugindo do local do acidente em seguida, sem ao menos prestar socorro. 

Por ter sido numa madrugada em um feriado familiar, ninguém conseguiu ver o carro que o atingiu, apenas o do meu pai cheio de sangue e o carro completamente destruído. As únicas imagens que tenho dele são as fotos que minha mãe guarda. Ela me criou sozinha com a ajuda dos meus avós maternos, pois a família do meu pai era contra o casamento dos dois e acabou cortando os laços com o filho após isso acontecer. Depois da morte do meu pai, eles se arrependeram por tudo e tentaram se aproximar de mim, mas nunca demonstraram a mesma intenção com a minha mãe. Ela não os proibiu, eu que nunca quis muita proximidade com eles. Não culpo meus avós pelo que aconteceu, nem acho que poderiam ter evitado, mas não se deve abandonar um filho, principalmente quando sua escolha está ligada a sua felicidade.

Dona Cris, minha mãe, sempre me ensinou o correto e desenvolveu o papel de mãe e pai muito bem. Nunca me deixou faltar nada e sempre me ajudou no que quer que fosse. 

"Goste de tudo o que você faz. Mesmo que nem seja tão legal assim. Se pensar assim, você pode alcançar o que sonhar"

Foram essas palavras que ela utilizou e me fez a pessoa responsável que eu sou hoje. Moramos somente nós duas em um apartamento. Ela recentemente conseguiu um emprego num consultório médico de um amigo do meu pai. Nós não passamos dificuldade graças ao papai que também era médico e nos deixou muito bem amparadas em sua ausência. Mesmo sem conhecê-lo sinto a pessoa especial que ele era. E é com esse pensamento que tento dar o meu melhor a cada dia, para deixá-lo orgulhoso onde quer que esteja.

Estou no último ano do Ensino Médio, a um passo da universidade, só que alguma coisa me diz que nada vai ser tão fácil quanto eu imaginava. Além do fato de que eu não faço a mínima ideia do que quero para o meu futuro, creio que meu adoravelmente odiável professor de Biologia, também não facilitará muito as coisas para o meu lado.

Arthur Ferraz é o típico professor linha dura, estúpido e que pouco se importa com seus esforços. Não aceita nada menos que a perfeição e caso não a veja, pouco se importa em deixar claro sua incompetência por não alcançá-la. É com essa arrogância que ele leciona nas salas de aula. O que me deixa na curiosidade em saber se fora dela, ele também é tão idiota quanto dentro. "Ele é um idiota, idiotas são idiotas em todos os locais".

Eu fui a primeira vítima de suas farpas logo no primeiro dia de aula, após cometer o estúpido erro de chamá-lo pelo primeiro nome. Claro, ele poderia ter achado que eu o havia chamado de idiota também.

"Ele vestia uma camisa azul celeste de botões com mangas que estavam dobradas até o cotovelo, deixando seus músculos ainda mais volumosos. Sua calça social era escura tinha um volume curvilíneo na frente que certamente não passaria despercebido aos meus olhos e acredito que ao de nenhuma outra garota desse prédio também. Ele tinha 23 anos, o que correspondia a 5 anos mais velho do que eu. Os seus olhos eram dois oceanos profundos, analíticos e frios. Seus cabelos arrancavam suspiros das alunas por estarem tão impecáveis quanto ele, assim como sua boca levemente avermelhada que parecia convidar a quem a olhasse para sentir o gosto e beijá-la. Aqueles dentes brancos que sorriam sempre ironicamente. Sua postura autoritária, firme, emanava ondas de calor por todo o meu corpo quando se juntava com a sua voz grave.

- Vou acompanhar vocês nesse último ano e espero realmente, que levem a sério o último ano do ensino médio. Tenho algumas regras que vocês devem seguir, caso o contrário, se encontrarão em apuros.  - ele fala e começa a passar algumas informações e avisos.

- Esse professor é um gato - Carol sussurrou do meu lado, enquanto ele continuava a falar suas regras.

- Dúvidas? - perguntou ao terminar de falar. Todos começaram a falar de uma vez só.

Meu celular vibra e vejo que é uma mensagem. Pedro, meu ex namorado, acabou de me mandar uma foto do seu dedo do meio enquanto enfiava a língua na garganta de uma menina.  Ele foi meu primeiro namorado e nós ficamos juntos apenas por três meses, até que eu descobri suas traições. Aparentemente, ele havia superado nosso término mesmo sendo o único culpado de termos rompido. "Ótimo, idiota!"

- O que você disse? - Arthur me encara

-  Na...nada - falo. Percebo que a sala está silenciosa, o som frenético das perguntas havia diminuído após uma bronca do meu querido professor, que eu não havia dado a mínima, e que como consequência fez a minha voz parecer alta demais. Todos ouviram, inclusive ele, deixando-os apreensivos. Nem o som de uma respiração poderia ser ouvido naquele momento.

- Como é o seu nome? - perguntou.

- Marina Torres - respondi e observei algo passar em seus olhos, alguma tentativa de reconhecimento. - Arthur, eu posso... - começo a falar, mas ele me corta, apagando qualquer emoção dos seus olhos. Todos os pêlos da minha nuca se arrepiam.

- Pelo visto você tem um problema em lembrar nomes, ficar de boca fechada e não usar o celular durante as aulas. - ele reclama e sinto minhas bochechas corarem. - Para a coordenação, agora! - ele manda e pela primeira vez na minha vida, eu fui expulsa de uma sala de aula. (...)"

Desde o que aconteceu nesse dia, parece que o professor Ferraz me marcou pra sempre, pois apesar de eu ser uma das melhores daquele colégio, ele sempre arrumava um pretexto pra me corrigir e me testar. Eu precisava sempre estudar mais se quisesse provar para esse idiota que eu não era a menina frágil e boba que ele envergonhou na sala de aula e que ficava mais forte e capaz de lidar com a sua rispidez comum. Eu não dei mais nenhum motivo para uma advertência da coordenação, nem sequer uma reclamação. Ele foi meu pesadelo por todo o ano, mas graças a Deus faltam poucos meses para eu concluir o Ensino Médio, me livrar dele e ir em busca dos meus sonhos. 

Era isso que eu repetia todos os dias ao dormir e ao acordar. Mas o que eu não esperava era que o destino armasse contra mim e me fizesse mudar completamente de ideia. Porque o destino era uma cadela e tudo que vai, acaba voltando.

Ensina-me, professorNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ