Capítulo 11

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Arthur

Eu era o cara mais fodido do mundo, eu sabia disso, mas não conseguia dizer não à Marina. Vê-la todos os dias e não poder tocá-la do jeito que eu queria era angustiante. Eu tinha que tê-la independentemente das consequências e saber que ela sentia o mesmo, era algo que eu não encontrava palavras pra descrever. 

Trocamos inúmeras mensagens nos dias que sucederam nosso beijo no elevador. Não pude me controlar com ela ali, do meu lado, com medo, mas se mostrando forte, tentando resolver tudo como parecia sempre fazer. A única vontade que tive foi de beijá-la e nunca mais a soltar dos meus braços e fazê-la sentir toda a segurança que merecia. Mas tivemos que sair de lá e encarar o mundo fora dele e confesso que não estava tão preocupado, porque tê-la comigo já me era suficiente.

Meu almoço com a minha irmã rendeu bastante. Ela me conhecia melhor do que ninguém e não deixou de perceber o meu estado de bom humor constante, o que eu admito não ser o meu "normal". Eu entrei num restaurante próximo ao centro da cidade e encontrei-a lá, sentada avaliando o menu. Me sentei numa cadeira em frente a sua esperando pela avalanche de perguntas que eu sabia que viria.

- Boa tarde maninho - ela falou e sorriu docemente.

- Boa tarde, Liv - sorri cumprimentando-a gentilmente e seu cenho franziu, me deixado confuso pela sua reação.

- Cadê o pirralha, fedelha, irritante, dentre outro apelidos carinhosos? - pergunta e eu apenas dou de ombros. Não queria implicar com ela, não hoje.

- Você já pediu? - pergunto e ela negou com a cabeça. Pego o menu de suas mão e chamo o garçom. Pedimos nossos pratos e começamos a conversar.

- Quem é ela? - pergunta investigativa.

- Ela quem? - finjo não entender sua pergunta, mas sei exatamente o que ela quis dizer.

- A mulher que tá te deixando com um humor tão alegre assim. Você precisa me apresentar a ela - me encarou - isso se eu já não a conhecer, certo Arthur? - continuou a me encarar - Eu conheço ela. Sabia! Quem é? - Coloca os cotovelos na mesa e apoia o queixo nas mão, piscando os olhos repetidamente como uma criança mimada.

- Não é ninguém. - tento descartar sua curiosidade.

- Tudo bem - encosta-se na cadeira me olhando - Você sabe, eu vou descobrir. Eu sempre descubro.- Pisca o olho e sorri. Nossas comidas chegaram e agradeço aos céus a interrupção. - E a Marina, tem você vê ela todos os dias na escola? - sua pergunta me quase me faz cuspir a comida que havia colocado na boca, mas não demonstro estar afetado. Eu sabia bem como fingir e mascarar minhas reais emoções.

- Vejo, por quê? O que quer com ela? - Não consegui conter a curiosidade e tive medo dela ter desconfiado de algo. "Mas que merda, Arthur. Controle-se, homem!"

- Queria almoçar um dia desses com ela, fazer compras no shopping... Você sabe, coisas de garotas - explica. - Faz tempo que eu tinha visto a Marina. O Fernando era incrível com a gente, eu me lembro de bons momentos com ele.

- Ele era incrível mesmo - concordo - a Marina se parece bastante com o jeito dele - penso alto.

- É, eu lembro o quanto você era apegado a ele e a ela. Quando a Cristina resolveu ir morar em outra cidade após o acidente você chorou muito. Nunca tinha te visto daquele jeito. Você até fugiu de casa um dia pra procurá- Ia. - ela dá uma risada recordando. Eu realmente fiquei preocupado com ela. Poucos dias antes do acidente eu havia conversado com o pai da Marina e havia prometido cuidar dela tanto quanto cuidaria de Liv. Ela era apenas um bebê e eu uma criança resmungona. -  Agora são aluna e professor, que destino, não? - fico sério sério. Eu sabia que a minha irmã tinha um jeito único de fazer qualquer um cair feito um patinho nos seus jogos. "Mas não eu, irmãzinha."

Ensina-me, professorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora