- Clima de romance? - perguntei confuso - Fala sério! Você sabe o que eu pensava sobre relacionamento sério, principalmente com a Monique.

- Pensava? Quem te fez mudar de ideia, maninho? Porque a Monique agora eu sei que não foi. - "Droga! Livia e essa sua mania de não deixar nada escapar" 

- Ninguém. - me chuto mentalmente por ter falado demais.

- Por que você não quer me contar? - finge estar indignada. 

- Porque você pergunta demais. - rebato.

- Se o meu irmão tá apaixonado eu gostaria de saber quem é a mulher - deu de ombros. "Apaixonado, eu? Era isso que eu realmente sentia? Parece pouco para descrever o que realmente sinto" - Minha nossa! Você tá caidinho por ela. - fala surpresa. 

- Dá pra mudar de assunto? - falo pegando o meu celular enquanto Lívia anda pelo meu apartamento. Ela nunca havia vindo aqui, e pelo visto não precisava que eu lhe mostrasse tudo. Então, decidi mandar uma mensagem para Marina. Uma vez vi em seu caderno algumas frases de Clarice Lispector e tive a certeza que ela gostava da autora em uma das vezes que fui ao seu apartamento, quando vi um livro em cima da mesa de centro, na sua sala. Minha mãe tem algumas coleções, já que seu nome é o mesmo dela. Comecei a me interessar nos últimos meses por achar que ela sempre podia dizer algo sobre alguma coisa. É estranho, mas gostei, uma das frases que li em um dos livros me chamou bastante atenção e por isso decorei. Eu sabia que iria machucar Marina em algum momento, apesar de não querer isso de maneira nenhuma. E isso me machucava mais ainda do que a ela. 

"Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito. E também me dói quando percebo que feri. Mas tantos defeitos tenho. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim não falte. " 

Apertei em enviar e as palavras de Lívia se juntaram com a ultima parte da mensagem dando um nó na minha cabeça. É amor querer ficar perto o tempo todo? É amor se importar mais com outro alguém do que com você mesmo? Ficar horas pensando naquela pessoa? Se for "sim" a resposta para todas essa perguntas, eu realmente estou apaixonado pela Marina. Ela disse que me amava, mas como vou dizer isso pra ela? Eu nunca demonstrei amor para nenhuma outra pessoa antes dela, como vou fazer isso agora? 

"Onde aprende a odiar para não morrer de amor?" 

Ela havia acabado de me mandar uma resposta para a mensagem, e alívio tomou conta de mim. Eu precisava vê-la. Agora. Caminho até a porta. 

- Onde você vai? - Liv pergunta.

- É.. eu vo..vou na portaria. O seu Zé me chamou pra resolver algo. - minto.

- Não ouvi o interfone tocar - avalia pensativa.

- Ele me chamou logo cedo e só me lembrei agora - explico, tentando parecer convincente.

- Vou contigo então. - ela sugere.

- Não! - digo rápido demais. - Quer dizer, não precisa. Pede uma pizza e escolhe um filme que quando eu chegar já já a gente assiste. - ela me olha desconfiada e dá de ombros, concordando. 

- Tudo bem, mas vê se não demora. - pede.

No caminho até o telhado do prédio mandei uma mensagem para a Marina. Eu não sabia se ela viria, mas torcia para que viesse. Esperei alguns minutos até que ela aparece. Ela ainda está vestida do mesmo modo como a vi no shopping. Ela era incrível mesmo estando sem maquiagem ou de cabelo amarrado. Ela agora estava usando óculos o que incrivelmente a deixava ainda mais linda. Me peguei sorrindo enquanto ela se aproximava com seriedade. 

- O que você quer? - fala. - O que diabos estava fazendo com aquela... - pausou e tomou ar - Você acha que sou idiota? - ela parecia muito irritada. - Responde, Arthur! - corrigindo, ela estava com muita raiva. E eu só podia notar o quão ela ficava ainda mais bonita com ciúme. Suas bochechas estavam vermelhas, seus olhos pareciam duas labaredas de fogo, seus braços cruzados, faziam seus seios realçarem. - Arthur? - ela sibila. 

- Não dá. - extravaso e ela me olha assustada.

- Você tá desistindo da gente? É ela que você quer? Por que você não disse antes? - pergunta. Sua raiva agora havia sido substituída por tristeza. Dou alguns passos e me aproximo dela. Levo um fio solto de cabelo para atrás da sua orelha. Ela me observa. 

- Eu não consigo pensar em outra pessoa que não seja você todos os dias e eu nem me lembro mais desde quando. Eu não consigo responder a todas essas perguntas porque estou pensando em como eu te acho linda de todas as maneiras, em como você está linda usando óculos. E percebi que eu nunca tinha notado o quão seus olhos ficam mais lindos neles antes, mas que não me importaria em te ver com eles todos os dias, pois você é linda de qualquer jeito. Não me importa mais ninguém. Nenhuma outra mulher é mais bonita do que você, nenhuma me faz perder a fala ou faz palavras sumirem da minha mente. Somente você. Nenhuma me faz querer arriscar tanto por algo tão errado para os outros, mas que parece tão certo pra mim. Então não adianta eu me justificar, explicar.. Nada. Eu não consigo ter o controle das coisas como normalmente faço com você me olhando assim. Eu não.. - Não consigo concluir a frase, pois Marina me interrompe com um beijo apaixonado. Ela acreditava em mim. Eu sabia pelo beijo dela. 

Era um beijo selvagem, cheio de fome e desejo. Seguro seus quadris, puxando-a com força de encontro a meu corpo. Nossas bocas eram habilidosas assim como nossas mãos. Tínhamos urgência e desejo misturados o que tornava cada vez mais intenso o momento. Podia sentir a temperatura alta dos nossos corpos com o calor que emanávamos. Eu nunca me cansaria de beijá-la. Era uma droga e eu era um maldito viciado.

Mas como tudo tem um fim, nós nos afastamos com nossas respirações ofegantes. Marina, mordeu o lábio inferior e tive que controlar a vontade de voltar a beijá- Ia. Me afasto um pouco para tentar manter o controle de mim mesmo.

- Eu esqueci de dizer que você fica linda com ciúme. - ela cora. 

- Eu não estava com ciúme - rebate. 

- Vou fingir que acredito em você. - rimos. Mas logo voltamos a ficar sérios e ela suspira. 

- Até quando? - pergunta. 

- O quê? - indaguei.

- Vamos precisar esconder de todo mundo, ter medo de sermos descobertos.. - seu olhar é triste. 

- Eu não sei. Eu também não gosto nada disso. - admito. 

- Eu não suportei te ver do lado da Monique enquanto eu era quem deveria estar lá, rindo e tocando em você. Então não faz mais isso, por favor.

- Eu também odeio a ideia de você sair com o Bruno ou com o Nicholas. Se eu pudesse chutava a bunda desses dois pra bem longe de você - falei sério, mas o olhar de Marina era divertido. 

- Olha aí você com ciúme Sr. Ferraz - ri.

- Estou apenas cuidando do que é meu - justifico.

- E eu sou sua? - perguntou sorrindo.

- Claro que sim. E eu sempre serei seu, se você me quiser, é claro. - ela sorri ainda mais. 

- Acho que aceito a oferta - Finge pensar, mas logo sorri e, mais uma vez, nos beijamos.

Ensina-me, professorWhere stories live. Discover now