Capítulo 11

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[RECADO]

Então, vou tentar postar dia sim, dia não, sexta eu ainda não tenho certeza se terei como postar, por que vai rolar uma festa na floresta amanhã (rs) e eu não sei quando/como vou chegar em casa, mas é isso ai! beijos, até sexta ou sábado. 


– Me segue discretamente. – Ela sussurrou no meu ouvido e saiu em direção à rua, uma onda nostálgica me invadiu, foi a mesma sensação do dia do hospital, segui seus passos levada pela excitação.

Ela parou em frente a um prédio de poucos andares, aparentemente em reforma, me chamou pedindo para que adiantasse.

–Aqui já é seguro, vem.

Ela tinha a chave do prédio, subimos até o terraço, vi um colchão de camping e um telescópio já apontado para o céu. Sorri de imediato.

–Esse é o prédio onde funcionava o escritório para qual trabalho, nos mudamos provisoriamente por que houve uma infiltração no ultimo andar que acabou afetando todos.

– Você vem aqui sempre?

– Aqui é o único lugar que venho, é minha forma de esquecer o stress do trabalho e me reconectar com o céu, sinto falta disso.

Ela disse olhando para cima, sua voz estava claramente ébria, estendeu sua mão e me guiou cambaleando um pouco ate o telescópio.

– Já parou pra pensar que todas as estrelas estão mortas? O que vemos é apenas o reflexo delas. - Ela disse ajustando o telescópio. – Vem ver, essa é a constelação de Crux, a menor existente, mas em minha opinião a mais perfeita.

– É maravilhosa. – Foi apenas o que eu consegui dizer, me apaixonei por aquele céu. Foi naquele momento que eu percebi que havia uma parte de Vitória totalmente oposta ao seu jeito frio e imparcial, ela não parecia o tipo de pessoa que leva as namoradinhas num lugar longe de tudo para observar estrelas, não tinha a ver com romantismo, era além.

Senti meu cabelo sendo afastado da minha nuca, o beijo molhado que Vitória deixou me fez arrepiar instantaneamente, virei meu corpo e olhei em seus olhos, suas pupilas estavam dilatadas, beijei delicadamente seus lábios, me permitindo sentir o gosto amargo da cerveja.

Era madrugada quando decidimos ir embora, o frio de São Paulo já castigava, ainda mais por estarmos despidas e grudadas observando as estrelas. O efeito do álcool já estava passando, e como já era tarde, Vitória me deu uma carona ate em casa.

Vitória.

Minha ligação com Ana era quase impossível de descrever, não que estivéssemos perdidamente apaixonadas, não era isso, não tinha nada a ver com isso, não me imaginava levando café na cama, assistindo filme no sofá, entregando buque de flores e nem passeio no parque domingo à tarde.

Tratava-se de partilhar, conversamos durante toda a madrugada daquele sábado, naquelas horas, tudo o que sabíamos foi partilhado, a entrega era mútua, verdadeira. Em certos momentos apenas sentíamos nossas respirações observando o céu, sem palavras nem beijos. A leveza que sua presença me trazia era surreal, tinha cheiro de paz, cheiro de casa, como na infância: sem maldade ou interesse, só a felicidade em estar junto.

Na manhã de domingo, acordei com o som do celular tocando, era meu chefe:

– Temos assuntos a tratar, venha ao escritório o mais rápido possível.

Ele disse antes que eu pudesse raciocinar.

– Num domingo? – Foi o que consegui formular.

– Precisamos conversar, Vitoria.

Dei um pulo imediato da cama já me direcionando para o banheiro.

– Chego em uma hora. – Disse e desliguei, tomei banho e sai o mais rápido que pude.

Sabe quando você faz algo errado e tem a sensação de que foi descoberto? Era exatamente como me sentia, certeza que alguém da minha equipe tinha me flagrado na noite anterior em algum descuido, foi uma péssima ideia levar Ana lá, minha cabeça já tinha projetado todas as paranoias possíveis, entrei no escritório tremendo, sentei no sofá da sala de espera e ouvi algumas vozes vindas da sala nossa sala de reunião:

– Eu ainda não acredito no que ela fez!

– Isso diminui drasticamente nossas chances no tribunal.

– Se chegarmos a ter uma audiência no tribunal.

Ouvi meu celular vibrar, era mensagem do meu chefe, decidi entrar na sala e encarar as consequências da noite anterior.

– Até que enfim! Já estava na hora. Precisamos por as cartas na mesa, Vitória.

Meu chefe disse e nos sentamos diante de uma montanha de papeis, senti meu coração gelar com o que estava para acontecer. 

Quase sem quererWhere stories live. Discover now