Capítulo 3

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Ana.

Corri ate a sala onde se encontrava a paciente, e o Dr.Carlos já estava lá, olhei para a cama, e Luísa estava tendo uma convulsão. Após cinco minutos que pareceram horas, a convulsão foi contida. Os pais da garota estavam olhando pelo pequeno vidro da porta com uma expressão indecifrável, e foi então que o Dr.Carlos se aproximou de mim.

-O que foi que você fez? –Ele esbravejou.

-Te deixei responsável por duas tarefas simples e você quase matou a paciente! Ela esta em coma agora e você dará noticia pra família.

-Eu estava apenas cumprindo ordens suas! Te questionei sobre a medicação e o senhor me expulsou da sua sala! Como pode me culpar por isso? – Disse com um nó na garganta e voz tremula.

-Boa sorte com o processo, e diga adeus a sua carreira. - Ele disse saindo da sala e cumprimentando os pais.

De certo eu seria processada, minha mente passava um filme de horror, como isso foi acontecer? Há uma semana tudo parecia correr bem e agora eu estava nas mãos de um corrupto irresponsável que estava prestes a me acusar de erro medico, as lagrimas queimaram no meu rosto, porem, me recompus e me direcionei aos pais da jovem, que ainda olhavam estáticos e a procura de respostas.

Assim que sai da sala fui bombardeada:

-O que aconteceu lá dentro? O que vocês fizeram com a minha filha? – O pai da jovem me questionou com uma fúria nítida nos olhos, enquanto isso a mãe já estava dentro da sala, chorando e tentando acordar a filha a qualquer custo.

-Por que ela não acorda? – Ouvi seu grito vindo do leito, aquilo seria mais difícil do que imaginava.

-Por favor, sentem-se. –Disse e suspirei brevemente. –A Luísa teve uma overdose decorrente da mistura de sedativos, e por isso esta em estado de coma. Não é permanente, mas pode trazer sequelas. –Disse da forma mais lenta que pude, e recebi o choro e o olhar de repudio dos pais.

-Toda a equipe médica terá que pagar por isso, entrarei em contato com a equipe de advogados da família agora mesmo, vocês não sairão impunes!

O pai disse já se retirando da sala, enquanto a mãe segurava a mão de sua filha.

Sai da sala já sendo chamada pela direção do hospital para prestar os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido.

Uma reunião breve foi feita, e eu decidi contatar a faculdade antes de prestar qualquer depoimento, afinal, o Dr.Carlos já havia feito diversas ligações e provavelmente já tinha sido orientado. Fui liberada assim que preenchi alguns formulários.

Assim que cheguei em casa, liguei para os meus pais, contei sobre o ocorrido e entrei em contato com a faculdade, como eles eram responsáveis pelos internos, iriam arcar com o custo com os advogados. Minhas colegas de quarto conversaram comigo sobre a situação, e me tranquilizaram, afinal de contas, a receita estava com a assinatura e o carimbo do supervisor, não seria difícil provar minha inocência, bom, era o que pensávamos.

Pela manhã, tive uma reunião com a os dois advogados responsáveis pelo meu caso, eles orientaram sobre o que falar e como falar, e ás 10h haveria uma assembleia para discutir formalmente o processo junto com os advogados da família e a equipe médica responsável pela paciente.

Cheguei ao hospital cerca de meia hora antes da reunião, acompanhada dos advogados e do representante formal do curso de medicina da universidade. Me sentei sozinha no pequeno sofá que havia na antessala, enquanto observava os advogados do hospital e os meus conversando. A porta se abriu e os pais da paciente adentraram com cara de poucos amigos, junto com três homens de terno, que eu julguei serem os advogados de defesa da família, logo atrás deles, avistei uma moça aparentemente da minha idade, cabelos cacheados presos em um coque alto e formal, pele albina, terninho de tom cinza escuro, salto baixo e pasta, sentir meu corpo reagir instantaneamente com suas curvas, sacudi a cabeça para afastar aqueles pensamentos, isso não é hora e nem lugar Ana Clara! Repeti pela milésima vez antes de entrar na sala principal. 

Quase sem quererWhere stories live. Discover now