- Eu te entendo. - sua sinceridade me pega de surpresa - Já imaginava que tivesse outro cara na jogada. E tem, não é?! - não respondi - Tudo bem, não precisa responder. Não vou mentir dizendo que não sinto nada por você, Marina. Te acho incrível, ainda mais por estar falando comigo agora enquanto qualquer outra garota teria se afastado sem dar a mínima. Não precisa se preocupar, não vou criar expectativas não. Mas podemos continuar sendo amigos, certo?

- Claro que sim! - concordo, feliz por essa conversa ter sido melhor do que imaginei - Obrigada, tá? - Nos abraçamos. Solto Nico e o vejo encarando algo. Olho na direção e vejo Arthur nos encarando. Não consigo decifrá-lo. A professora Annie está ao seu lado tocando em seu braço ao conversar animadamente, mas a atenção dele parece cair sobre nós. Em seguida, sinto um frio atravessar a minha espinha quando os olhos de Arthur se forçam a olhar para Annie e prestar atenção no que ela falava.

- Esse cara não gosta de mim... - Nico diz ainda olhando para o Arthur que se despede de Annie e se afasta cada vez mais, indo em direção ao seu carro.

- Ele não gosta de muita gente... - tento distraí-lo.

- Pois é - concorda. - Ele não gosta muito de você também - Nico comenta relembrando o que aconteceu no início do ano. Fico pálida e ele percebe. - Droga, desculpa Marina. Aquilo não deve ser algo que você goste de recordar... Desculpa mesmo - ele parece totalmente arrependido e eu completamente nervosa.

- Sem problema. Eu vou indo... A gente se vê amanhã - me despeço dele e pego meu celular enquanto andava. Havia uma mensagem.

"Por que ela precisa tanto ficar tocando em você?"

Espero alguns minutos e logo sua mensagem chega. Eu estava a caminho de casa e enquanto espero o sinal fechar para que eu pudesse atravessar a rua, verifico meu celular.

"Se eu pudesse você que estaria me tocando a cada minuto e não ela."

Pronto. Só precisou dizer algumas palavras pra me desarmar totalmente. Não respondo. Apenas continuo caminhando. Ao longo de todo o caminho penso nos últimos acontecimentos e nas reviravoltas que minha vida estava dando. 

Eu não gostava da ideia de esconder um relacionamento de todo mundo. Era isso que tínhamos, certo? Um relacionamento? Nós nos beijamos a primeira vez e eu não consigo traduzir em palavras tudo o que senti. Arthur não pareceu alheio ao sentimento e pelo seu comportamento, eu sabia que o sentimento tinha surpreendido a ele muito mais do que a mim.

 Era como se algo me dissesse que mesmo não tendo nos conhecido nas condições ideais, o sentimento ainda assim estaria lá. Não importa o quê. A conexão que eu senti ao estar em seus braços, cativa sob seus olhos, foi algo que eu sabia que era raro e precioso. 

No passado recente, ele havia me magoado com suas palavras. Ele magoou a Marina certinha que se dedicava aos estudos e que nunca pensou que seria advertida antes. Ao mesmo tempo eu sabia que ele havia entendido tudo completamente errado, mesmo que algo em seus olhos mostrasse que acreditava em mim. Eu não havia chamado ele de idiota, mas a afinidade dele com a palavra parecia ser tanta que o fez acreditar o contrário.

Caminhando, tento encontrar nas minhas lembranças o momento em que tudo mudou. Talvez ele tivesse algum tipo de curiosidade depois do que eu falei na sala de aula. Ou talvez seja porque eu havia desmaiado e sido irresponsável, como ele mesmo disse. Ou talvez tenha sido porque depois de tanto tempo eu realmente o chamei de idiota e ele percebeu que daquela vez não havia dúvidas de que eu realmente havia feito. Não importa, eu sabia que ele se sentia da mesma forma. Eu sabia que quando tocava nele, milhares de ondas nervosas se espalhavam pelo seu corpo e seus olhos escureciam ao mesmo tempo em que se enchiam de afeto e desejo.

Ensina-me, professorWhere stories live. Discover now