Capítulo 17

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― Você viu os terroristas na TV? ― A loira indagou, nervosamente tentando iniciar um diálogo.

― Vi... Loucura.

― Ela parece uma boa menina para uma assassina... ― Izabelle deu uma rápida olhada para o homem tão mais alto ao seu lado e o coração disparou quando notou que ele a encarava primeiro.

― Você acha...? Por que está dizendo isso?

― É que... Não sei se quero falar sobre isso...

― Você sempre diz isso antes de falar do mesmo jeito. ― Foi um sorriso honesto e tão incontrolável que fez Lutzhöge sentir uma fisgada no peito e o fato o alarmou de maneira indescritível.

Era a primeira vez que sentia aquela pontada e ele sabia o que a dor silenciosa e aguda queria dizer.

― É porque você é a única pessoa que eu confio pra dizer. ― Franca e gentil, a garota disse em um tom baixo que fez outra pontada acometer o coração do loiro.

― Não exagere... Você está cheia de amigos e deve até ter um namor-

Ele quase mordeu a língua e Izabelle parou de andar imediatamente.

― Meus amigos não são como você. ― Os olhos azulados miraram o chão tão rápido que Lutzhöge precisou de uma longa e profunda respiração para voltar o passo que tinha dado e se aproximar dela. ― E eu não te-tenho na-na-na-namorado.

― Desculpa. Eu não queria ter te deixado com vergonha... Não tem problema que seja só eu... Para ser sincero, eu gosto disso... ― O sussurro causou um reboliço dentro de Iza. Ela sentiu o rosto aquecer e tinha certeza sobre a coloração de suas bochechas quando encarou o homem alto.

Ela não sabia. Mas só de estar perto de Lutz, já era influenciada.

Influenciada pelo demônio da coragem, coisa que ela tanto buscava para dizer tudo que tinha pra dizer.

― Gosta de ser a única pessoa no mundo que eu passo o dia todo querendo ver?

Lutzhöge arregalou os olhos e a pontada de dor que sentiu quase o fez dar um passo para trás.

― Está... Falando sério?

― Eu nem sei... Como consegui dizer isso... ― Os olhos de Izabelle começaram a arder. Ela não entendia, de fato, as ondas de coragem indo e vindo dentro de si. Tais ondas, enormes, eram capazes de inclusive, fazê-la levantar os olhos e dizer: ― Mas agora eu já disse... E você já sabe...

Pareceu até uma confissão de amor.

Uma declaração.

― Eu também. ― Sentiu vontade de se jogar na frente de um trem em movimento quando ouviu o que a própria boca tinha deixado escapar e encarando aquele par de orbes absurdamente azuis, Lutzhöge deu mais um passo, tocando o antebraço feminino e deslizando os dedos pela pele dela até que a mão pequena estivesse pousada sobre a sua. ― Mas você com certeza... Merece sentir isso por alguém... Que seja digno e que-

― Não fale sobre dignidade quando foi você que me ensinou a ter uma. ― As sobrancelhas delicadas franziram levemente.

― Eu queria mesmo é saber como chegamos nesse assunto... ― O suspiro escapou sem querer e ele fechou rapidamente os olhos.

― Eu preciso te contar uma coisa, Lutz... ― A respiração de Lutzhöge desapareceu quando ela falou aquilo.

― Talvez você-

Nove Vidas - (COMPLETO)Where stories live. Discover now