Capítulo 5

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Com sua nova vestimenta, Kamelya ganhou a oportunidade de um passeio no jardim. Fazia anos que não ia. O sol que tomava era através de um buraco e ela precisava ir para a "sala de sol" para apreciá-lo.

Era um estudo.

Tinha ido dormir pensando nisso, acordara pensando nisso. Sobre o fato de ser uma cobaia, um experimento, um objeto de matéria.

A garota respirou profundamente, sabendo que não havia muito a se fazer ali. Os dedos percorreram a coleira e o coração falhou uma batida.

Não havia mesmo nada a se fazer?

Nada para alcançar a liberdade?

Os olhos fixaram-se nos muros, nas cercas, nas guaritas altas e jeeps equipados com armas de grosso calibre.

Sair de lá e abandonar tudo. E seu tudo era tão pouco, mas mesmo assim, era Zankiel dentro daquele pouco... E quando parava para pensar naquilo, a coragem desaparecia.

― Então é aqui que está se escondendo. ― O timbre grave fez os ombros de Kamelya se encolherem num susto tímido e ela olhou para trás para encarar Zankiel tirando o capacete. ― Bom dia.

― Bom dia. E não estou me escondendo... ― Voltou os olhos de volta para o muro a frente, dando as costas para o homem.

― Roupas novas? ― A mão coberta pela luva grossa apontou para a roupa que ela vestia. Blusa preta, calça jeans da mesma cor e um tênis de fabricação militar.

― Branco não combina com menstruação... ― Foi ha resposta seca e ele colocou o fuzil sobre a mesa.

― Por isso decidiu se esconder hoje?

― Eu já disse que não estou me escondendo... Apenas pretendia não comparecer.

― Belo jeito de se desculpar por ter jogado uma parede em mim.

― Já fazia tempo que eu queria ter feito aquilo... ― O tom divertido e maldoso da menina fez Zankiel começar a rir, sentando em cima da mesma mesa que ela.

Ali, quase teve que olhar para cima para encará-lo, vendo o pequeno ombro colidir contra o braço forte do homem.

― Pelo menos a sensação de estar voando foi legal... Pena que durou só meio segundo até eu ser atingido por uma parede enorme...

― Gostou da sensação de voar? ― Ela o encarou, um sorriso ameno nos lábios.

O bom e tranquilizante silêncio na mente de Zankiel sempre lhe trouxe calma... Mas com o passar dos anos, tudo que Kamelya queria era ouvir qualquer coisa.

― Quem não deve gostar? Teria sido agradável sem a parte da pare-

Zankiel parou de falar quando sentiu o corpo simplesmente ser levantado, naquela exata posição como se ainda se sentasse sobre a mesa. Ele arregalou os olhos para Kamelya, que o fazia levitar alguns centímetros acima da mesa de cimento.

― Legal?

― Sim... ― Teve que admitir. ― Quer dizer, ninguém nunca me levitou antes.

Kamelya começou a gargalhar e Zankiel se pegou escutando aquele riso e pensando que era quase a mesma coisa que cócegas.

― O que mais você nunca fez antes, Zankiel?

Nove Vidas - (COMPLETO)Where stories live. Discover now