Nove Vidas - (COMPLETO)

Capítulo 14

― Aqui tem muita gente... ― Ela precisou dizer. Era cedo, mas as ruas estavam lotadas. Zankiel e Kamelya caminhavam pela ampla calçada quando o homem avistou o bar fechado do outro lado.

"Jogo rápido" eram as palavras escritas no letreiro piscante.

― Essa é a quinta avenida... ― Zankiel ergueu o braço. ― E aquele é o bar de um velho amigo.

― Velho amigo?

― Fynhür. Ele é dono do bar. Está muito diferente desde a última vez que estive aqui há oito anos. ― Pegou a mão de Kamelya e seus dedos se entrelaçaram naturalmente. ― Vamos.

E juntos atravessaram a avenida até o bar. Zankiel guiou Kamelya pelo beco lateral e parou em frente à uma porta preta no fim do estreito caminho sem saída.

Sem cerimônias, simplesmente abriu a porta e junto com a morena, entrou pela cozinha industrial do bar, dando de cara com uma mulher alta, esbelta, de cabelos castanhos longos.

Ela usava óculos escuros e empunhava um celular de ultima geração.

― Falo com você depois, Thomas. ― A voz feminina avisou antes de encerrar a ligação e voltar-se para a dupla parada ainda na porta. ― Pois não?

― Quero falar com Fynhür. ― Zankiel foi breve. Ela não era humana. Ele não tinha certeza disso.

― E quem devo anunciar? ― A ironia fez o homem ao lado de Kamelya sorrir.

― Zankiel Häz.

Ela girou os olhos e encheu os pulmões de ar para então gritar um alto, nítido, e grosseiro:

― Fynhür! Desça aqui! Zankiel Häz quer falar com você!

― O que? ― A voz do loiro foi imediatamente escutada e no segundo seguinte, ele aparecia correndo pela cozinha.

― Zankiel! Por Lúcifer e todos os exércitos, é você!

― Fynhür. ― Ambos trocaram um rápido e fraterno abraço. ― Há quanto tempo.

― Muito tempo! A que devo a visita?

A mulher encarou Kamelya mais uma vez antes de olhar para a tela do celular e procurar o número de Thomas para retornar a ligação. Ela já estava inclusive saindo da cozinha quando escutou:

― Na verdade, eu estava procurando Nöradath.

Ali, parou completamente a ação de procurar o número de Thomas e ficou encarando a tela do celular.

― Ah, Nöradath? Por que? ― Parecendo preocupado, ele deu uma rápida olhada para a garota parada ao lado de Zankiel. ― Aconteceu alguma coisa...?

― Talvez seja melhor falarmos à sós... ― Zankiel fitou fixamente a mulher escorada ao balcão da cozinha.

― Está falando de Helina? ― Fynhür sorriu. ― Não se preocupe com ela.

― Por que? ― O mais alto o encarou com estranheza. Então sua suspeita era real.

― Porque ela é a mulher de Nöradath. Helina, venha aqui. ― Com um sorriso, o loiro acenou para Helina. ― Quero que conheça Zankiel Häz. Ele é um de nós.

― Um de nós?

― Está falando que ela é-

― Muito mais forte do que pode imaginar. ― Helina o interrompeu com um sorriso doce e voz terma, mas por dentro, Zankiel sentia que seus ossos estavam derretendo. Ele engoliu em seco.