Capítulo 11

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― Sente-se melhor? ― Ela ouviu assim que saiu do banho. Já estavam longe de Lumberton, em um motel na metade do caminho para a cidade de Chama, e os pensamentos de Kamelya continuavam girando sem parar. Doze horas dentro daquele carro, depois de um beijo tão fervente e palavras tão honestas, foi quase como uma câmara de gás para ambos.

― Sim... ― Ela encarou aquele homem forte e alto sem camisa parada num quarto pequeno à meia luz e sentiu os músculos enfraquecerem. ― Mas ainda está dilacerado... ― Os cabelos negros pingavam água ainda quente e diante da mudança de temperatura do banheiro para o quarto, a morena literalmente emanava vapor, apertando a toalha contra o corpo.

― Tudo bem. ― A mão forte fez um gesto para que se aproximasse e deu o primeiro passo sabendo que quanto mais estivesse perto dele, mais perto estaria de uma completa perca de controle. ― Vamos arrumar isso e ai você coloca as roupas que consegui... Pode ser? ― A resposta de Zankiel veio em forma de ação. Observou-a sentar na cama e encará-lo nos olhos. ― Pelo jeito está doendo... ― Sentou ao lado dela, pegando os materiais para o curativo que já tinha separado cuidadosamente sobre a cama.

― Está. ― Seca, Kamelya dava seu melhor para não demonstrar o quanto a maldita dor lhe incomodava conforme via Zankiel colocando a linha na agulha que tinham comprado na farmácia.

― Bem... Vai doer mais um pouco... Já tome os analgésicos. ― Ele apontou para o criado-mudo e os olhos dourados seguiram até lá para encontrar duas pílulas brancas e um copo com água. Tomou os remédios sem hesitar. ― Agora olhe para cá. ― E novamente, ela o fez.

Zankiel usou um algodão para embeber no álcool e chegou um pouco mais perto de Kamelya.

― Fique parada. ― Ela engoliu em seco, observando a musculatura dos ombros e braços do homem se movendo conforme ele limpava cuidadosamente a área a ser costurada.

Ela estava só de toalha quando pousou a agulha contra a pele avermelhada e precisou reunir forças sobrenaturais para não viajar os olhos da clavícula esquerda da garota para o vale dos seios jovens.

― Kamelya, isso vai doer, por isso não me exploda...

― Tudo bem, faça logo... ― Com medo, sequer percebeu quando a mão abraçou a curva do ombro masculino. Ela sentiu o calor da pele dele e foi como se aquele calor se espalhasse por seu próprio corpo, tomando conta de cada centímetro de carne.

― Merda... ― Murmurou quando a ponta da agulha perfurou a pele superficial. Era uma agulha curvada própria para costurar alguém; os dedos do homem estavam apertando sua pele para juntar as extremidades do furo e a dor começou a fazer os olhos arderem sem parar. ― Tá doendo, Zankiel...

― Eu disse que doeria... ― Ele sussurrou, quente, cuidadoso, enquanto a ponta da agulha atravessava a carne de Kamelya em direção à outra extremidade. ― São três pontos Kamelya... Estamos na metade do primeiro, aguente ai...

― T-tenho algum direito de pausa? ― A voz esganiçada chamou os olhos masculinos para a feição contorcida de choro que ela tentava omitir a todo custo.

― Será que você tem super sensibilidade...? ― A indagação foi preocupada. ― No nível de dor, que vai de um beliscão á uma facada, qual-

― Muitas facadas! ― Ela praticamente gritou e ele imediatamente parou de afundar a agulha.

― Será que os antibióticos que colocamos ai ontem estão perdendo o efeito?

Nove Vidas - (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora