Capítulo Trinta e Dois: Suor e Sangue

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A primeira noite trouxe sangue e suor.
Genevieve acompanhava cada passo de cada soldado, mais presente no subterrâneo do que nunca, assistindo ao treinamento dos soldados perto o suficiente para que não se esquecessem de sua presença ali. A Rainha assistia a Raeghart gritando ordens severas, despertando neles um instinto bravo que seria necessário se a previsão estivesse certa: Sobrevivência. Eles precisavam sobreviver a maldita besta de Meredith.
Genevieve não permitia que sua sede por vitória, tomasse muito de seus pensamentos enquanto ela sorria para os soldados, frequentemente como um incentivo. Então seus olhos se desviaram para Christopher, congelado regiamente ao seu lado.
O Especial praticamente não havia saído de seu lado depois de Genevieve beber seu sangue. Definitivamente os dois estavam ligados, a vampira se maldizia em pensamento por ter permitido isso acontecer. Ele parece um animal de estimação, preso na sola do meu sapato, pensava ela. E ele nem se deu conta disso.
Christopher havia contribuído e muito com seus conselhos sobre os Especiais. Ao que parecia, nenhum vampiro poderia lutar em um confronto sem perder para a magia.
- Então se a magia é tudo o que nos impede de vencer - disse Genevieve quando Christopher terminou de falar - Precisamos de algo que nos proteja dela.
E assim estavam sendo forjados os escudos, numa parte afastada do subterrâneo. Genevieve conseguia ouvir claramente o som de metal e aço colidindo um contra o outro, queimando até estar bom o suficiente.
De acordo com Christopher, os escudos protegiam os soldados vampiros da magia dos Especiais, assim que o mesmo os enfeitiçasse.
Genevieve não poderia negar. Por mais tolo que o Especial fosse, ela sabia que ele seria uma peça importante para sua vitória nessa guerra.
A segunda noite trouxe promessas e receio.
Genevieve não conseguia parar de olhar para a noite, através da janela de sua biblioteca temendo que algo se espreita se pelas árvores, surgindo na escuridão e antes que eles vissem tudo já estivesse tomado. Genevieve se recusava a pensar em perder para um monstro mais forte que ela.
- Não consegue dormir - disse a voz suave de Christopher enquanto suas mãos envolviam seus quadris, por trás. Genevieve odiou seu toque mais do que tudo, possessivo. Seu toque após sua ligação tinha perdido a inocência e o receio e tinha se tornado possessivo lembrando a dos outros homens que ela havia estado. Mas ao invés de se desvenciliar, enojada, Genevieve se esforçou para parecer relaxada sob suas mãos, e sua voz equilibrada.
- Apenas pensando - murmurou ela - A noite está ótima para refletir.
Christopher avaliou cada nota de sua voz, e percebeu ali algum incomodo. Ele a virou para ele, lentamente até que estivesse olhando nos olhos um do outro.
- Sei no que está pensando. E sei que é natural sentir medo.
- Eu não tenho medo - a voz de Genevieve o cortou como uma navalha, e ela se afastou dele bruscamente - Eu sei que iremos vencer. Sei que quando essa coisa chegar, eu irei fatia la com as minhas presas. Não preciso da sua autodepreciação.
- Tudo bem - Christopher se corrigiu rapidamente, levantando as mãos em rendição - Não foi o que eu quis dizer - ele mordeu os lábios por um segundo - Eu só queria que você soubesse que vou estar com você. Aconteça o que acontecer. Você não precisa se preocupar. Você ficará bem.
Promessas vazias, Genevieve quis rebater a suas palavras. Mas ao invés disso, contra todo o seu ódio pela idolatria de Christopher, a vampira envolveu seu pescoço com os braços, inclinando sua voz a ser sedutora:
- Eu sei que não tenho nada a temer. Não enquanto tiver o meu soldado mais fiel ao meu lado - antes que Christopher dissesse mais alguma coisa desnecessária, Genevieve o silenciou com seus lábios, em um beijo amargo e quente. Eu não preciso de você, idiota. Não preciso de ninguém.
E na terceira noite, alguma coisa no ar, mudou, antes que um rugido terrível se ouvisse. A terceira noite, por fim, trouxe a morte.
O cerco de vampiros ao redor da Catedral estava em formação, com Raeghart gritando ordens, com voracidade.
Todo o subterrâneo estava convocado a lutar pelo clã, cada soldado empunhando seu escudo enfeitiçado.
A Catedral em pouco tempo se tornou vazia exceto por criadas, e por Genevieve, protegida no lugar mais distante do confronto a torre da Catedral, acompanhando tudo a distância com Christopher impaciente ao seu lado.
- Sua ansiedade está me desconcentrando - Genevieve murmurou para o Especial inquieto
- Perdoe me - disse ele, em seu uniforme de batalha. O ar ao seu redor parecia denso, como se ele estivesse suando energia.
O rugido se tornou mais alto, e Genevieve acompanhou a movimentação na Floresta esperando pela besta.
- Apareça, criatura - Genevieve sussurrou, apertando o muro da torre, e esperando que sua ordem valesse algo.
Quando a besta pulou das árvores e aterrissou visível a todos, Genevieve não soube o que esperar de algo que havia destruído o Clã de Anjos e o de Licantropes.
Era uma criatura imensa que fazia jus à seu nome. Não era humana, tão pouco era animal. Seu corpo era feito de escuridão, encurvada em músculos e poder, as garras das patas, longas e escuras, os dentes brilhando como adagas de aço. A coisa mais visível na besta de escuridão eram os olhos, vermelhos e brilhantes como um farol.
- Aquilo é pura magia das trevas - Christopher estremeceu, e Genevieve tentou se manter controlada, quando a besta rugiu audívelmente antes de impulsionar seu corpo para a frente preparando se para o ataque.
Então antes que o fizesse, Raeghart soltou a ordem. E todos atacaram.
No início, Genevieve pensou que haveria uma chance, que quando as lâminas dos soldados golpeassem sua carne escura ela sangraria e seria destruída. Vitória.
Não foi o que aconteceu.
A besta dilacerou os que avançavam para ela, cortando os como madeira em suas presas de adagas. Os soldados que faziam o bloqueio da Catedral saiam de suas formações para lutar em campo. A besta matava e cortava tudo o que tentava se aproximar dela. As espadas que a atravessavam não eram nada. Apenas a deixavam mais furiosa. Pelo menos, Genevieve imaginou que seria assim que ela se sentiria se fosse espetada daquela forma.
- Vamos todos morrer - a Rainha levantou  sentença para Christopher ao seu lado
- Nós não vamos, Genevieve - Ele retrucou - Estou com você.
Então a idéia lhe ocorreu antes de tudo.
- Tem razão, não vamos - A Rainha se corrigiu - Me dê uma espada.
- Eu não tenho uma espada - respondeu, frustrado
- Então me faça uma, use a droga da sua magia! - Genevieve gritou para ele
Temendo seu poder pela primeira vez, Christopher obedeceu na mesma hora. E pouco depois estava segurando uma espada de prata, contornada em fios vermelho semelhante às chamas, magia moldada a sua forma crua.
- Eu fico com isso - Genevieve tirou a espada de suas mãos, e estranhou seu peso e o modo como de encaixava em suas mãos. A Rainha não lutava, não brandia espadas. Genevieve nem se quer estava vestindo algo apropriado, usando seu decotado vestido vermelho, que ondulada ao redor dela com poder. Ela apenas governava.
Mas se perdemos aqui, não vai ter nada para eu governar. A quebra nos costumes teria de valer algo.
A Rainha dos Vampiros se virou para Christopher, com os olhos queimando, e o rugido da besta cortando o ar atrás dela.
- Se você está mesmo comigo, então me siga - disse ela e antes que ele pudesse entender o que estava dizendo, Genevieve correu para a amurada da torre e saltou no ar.
Enquanto sentia seu corpo despencar a tão alta distância, Genevieve ouviu seu nome gritado por Christopher e ela torceu para que ele não fosse um covarde e ficasse para trás.
Quando a queda a acabou, Genevieve aterrissou com maestria, os joelhos sob o solo, a espada de magia fincada no chão. Como uma rainha vermelha, no campo de batalha, Genevieve se ergueu e levantando a espada ela atacou. Vários soldados, incluindo Raeghart ficaram surpreso ao vela lutando e motivados a segui lá, atacaram juntos.
Os soldados seguiram com seus escudos e armas para a besta, quando Genevieve impulsionou se no ar, e saltou, lançando se com a espada em punho.
A besta se virou para ela, no momento
Mais oportuno. Genevieve vislumbrou seus olhos vermelhos, antes que sua espada se cravasse no olho esquerdo.
A besta rugiu, corroendo se de dor, enquanto o vermelho de seu olho desvanecia com a espada presa nele. Genevieve afastou se cautelosamente, e ao ver que os ataques haviam cessado momentaneamente, a Rainha se impertigou satisfeita com o triunfo.
- Genevieve! - a vampira ouviu a voz de Christopher atrás de si.
Então, surpresa Genevieve foi atingida por algo que a lançou para o chão com poder.
A besta furiosa investiu contra ela, seus dentes de adaga perfurando a pele de Genevieve, abocanhando a carne e arrancando a fora. A Rainha gritou em agonia e dor, enquanto a besta cortava sua pele.
E assim, eu pago por cada coisa terrível que fiz, Genevieve pensou, presa nas garras da besta, enquanto perdia a conciencia, deixando a correnteza de dor leva lá para longe talvez para junto de alguem que ela perdeu. Guinevere.
Mas quando o fim estava próximo, tudo parou, e a besta parou de triturar sua carne. Um rugido se sobressaiu ao da criatura e Genevieve levantou seus olhos a tempo de ver outra criatura surgir das árvores. Esta era apenas um pouco menor do que a besta, mas suas formações não eram semelhantes. A criatura tinha um aspecto bestial a sua maneira. O corpo era musculoso e coberto de pelos, como um urso, e sabia se equilibrar sobre duas patas. O rosto tinha presas afiadas, além de um focinho. Os olhos eram luzes amarelas.
As duas criaturas rugiram uma para a outra, então o Alfa e a besta atacaram, esquecendo e completamente de Genevieve mergulhada no própio sangue.
Meu Clã estará a salvo. Apenas eu, irei morrer.
- Genevieve - uma sombra escura se sobressaiu acima dela, tateando seus ferimentos, e Genevieve não teve forças sequer para gritar. A sombra encobriu seu corpo dilacerado com uma capa escura - Você irá viver. Eu irei tirar você daqui. Só preciso fazer uma coisa antes.
Genevieve recuperou o mínimo de sua conciencia para assistir os olhos de Christopher brilharem sinistramente, antes que a espada de magia fincada no olho da besta, se materializasse em sua mão. Ele a entregou para Raeghart, próximo a eles.
- Destrua a criatura que ousou ferir sua Rainha - ordenou o Especial. Raeghart assentiu veemente, brandindo a espada na direção dos rugidos altos ao longe. Controlado, Christopher se voltou para Genevieve tomando a em seus braços, aconchegando a o máximo o possível contra seu corpo, levando a para longe, deixando uma poça com seu sangue para trás.
- Obrigada - Genevieve ouviu seu própio sussurro em meio às explosões
Christopher baixou seus olhos para ela, e o mais leve sorriso inundou seus lábios. Então ele ergueu o olhar novamente, continuando a carrega lá.
Ciente de cada movimento, Genevieve relaxou pouco a pouco na segurança de Christopher, até que seus braços se abrissem para os lados, e em seu vestido manchado de sangue, a Rainha nada mais parecia do que um pássaro ferido.
O Especial continuou caminhando, levando Genevieve para algum lugar seguro, enquanto ela perdia a conciencia, deixando toda morte e medo para trás.

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