Capítulo Um: Perdão

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"Livremente servimos por que livremente amamos"
Cidade do Fogo Celestial — Cassandra Clare

Quando o raio cortou o Céu, nada mais se ouviu além do silencio definitivo.
As portas de ouro maciço se abriram, permitindo que a arcanjo entrasse na sala do Trono, sua cabeça quase tocando os joelhos, inundada de vergonha e medo, enquanto as correntes de fogo ardiam contra sua matéria corporea, causando um tintilar pesado que ecoavam por toda a sala, a cada passo dado. Cumprindo sua caminhada com hesitação, a arcanjo não se permitiu erguer a cabeça para encarar os outros anjos recinto, seus irmãos, encarando a fixamente, julgando a secretamente por seus pecados imperdoaveis. Enquanto confinada, a arcanjo não negou as acusações, sabendo que não era prudente faltar com a verdade por dentro dos portões celestiais. Mas isso nao a impediu de sentir o medo pela primeira vez, medo de sua sentença, medo de dizer algo errado, mas o estrago já estava feito. E ela não poderia esperar misericórdia. Nem mesmo de seu Criador.
Sentindo se mais próxima a ele, a cada passo, a arcanjo caiu de joelhos, quando alcançou a frente de todos, incapaz de levantar a cabeça, de mostrar lhe seu rosto.
- Selene - Disse a voz retumbante que partiu do Trono. Trêmula, a pequena figura se encolheu diante da explenrosidade de seu tom - Erga sua cabeça.
A anjo o fez no mesmo instante, obrigando se a encarar a luz, que caia sobre a escadaria de ouro, levando aos tronos de Trindade. Deles, não viu ninguém. A imagem de Deus, seu Criador e pai, não era para a magnitude de seu olhar. Ao invés disso, a anjo encarou as nuvens cinzentas, ao redor da luz e do ouro.
- Você minha filha, acata as acusações feitas contra ti? - disse a voz, sem aberturas para protestamento.
- Sim - disse a anjo em sua voz redentora - Meu dever era proteger humanos, os Herdeiros do Mundo, assim como meus irmãos, mas eu não posso negar que não senti algo enquanto protegia um deles. Foi o primeiro momento em que senti algo humano, realmente, uma emoção.
- Você filha, não foi criada para o mundo conturbado de emoções - disse a voz - Não foi criada para ser como os mortais.
- Eu não entendi quando aconteceu. - tentou se defender - Imaginei que fosse a peste tentando me corromper - a anjo chorou - Eu falhei, e não posso negar isso, diante deste Trono, diante do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eu falhei, e tudo o que posso buscar é perdão, pai - clamou ela
- Eu sou o Perdão - disse a voz do Trono - O Amor. A verdade é a vida.
A anjo sufocou.
- Oh, pai, eu não queria...
- Você foi perdoada. Mas não isso não a inibirá de suas consequências.
A anjo fechou os olhos.
- Você deve partir, para além dos portões do Céu. - Seus irmãos atras de si, conteram qualquer exaltação - Livremente amai vos pois livremente servireis, de hoje em diante e para todo sempre.
A arcanjo engasgou.
- Pai! Misericórdia...
A voz do no trono não respondeu. A arcanjo virou se rapidamente encarando pela última vez seus semelhantes ao redor, na sala dourada, sua família desde os primórdios. Seus irmãos mais fiéis, que a encaravam de volta com pesar, vergonha e acima de tudo frieza.
Em um momento, seus olhos ainda dançavam sobre eles, e no outro, a anjo sucumbia as sombras gélidas, que engolfavaram a luz, sentindo se apenas no início de uma longa, longa queda.

Anjos de Sangue: OrigensWhere stories live. Discover now