Capítulo Vinte e Oito: A Mesma Moeda

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Christopher não tinha idéia de que estava pisando em um piso manchado de sangue.
Na noite após sua coroação, Genevieve procurou por Christopher, para somente descobrir que ele estava em um lugar muito conhecido por ela.
Faltando pouco para a meia noite, Genevieve apareceu no corredor, com seu robe de seda vermelha, e caminhou por todo ele sem qualquer ruído até alcançar as portas duplas da biblioteca e abri las.
Christopher estava passeando por entre as fileiras de livros e congelou a entrada de Genevieve. A Rainha analisou cada canto, todos evocando uma lembrança. A esquerda de Christopher, a Rainha havia cuspido sangue e água benta pouco antes de ser assassinada, seu sangue azul manchando o carpete. Genevieve se esconderá ali, enquanto o Rei era morto por seus cúmplices. Era irônico que a biblioteca, lugar de maior conhecimento e paz, fosse na verdade o local mais violento de todos.
Genevieve se livrou de seus devaneios ao sorrir para o novo servo:
- Sinto por incomoda lo, Christopher. Mas eu estava a sua procura.
Seu rosto se encheu de preocupação.
- M-Me procurando? - gaguejou
Genevieve sorriu com seu nervosismo.
- Não tenha medo, filho da magia - disse a Rainha - Eu apenas queria me certificar de que estivesse bem acomodado em sua primeira noite no palácio.
- Conte me sobre você.
- O que exatamente... sobre mim? - Perguntou ele
Genevieve manteve um tom ameno.
- Sua vida até esse momento - explicou ela - Suponho que um Especial deveria estar com seu clã e sua Líder, Meredith. O que o levou até o Clã da família de Serena?
Os olhos de Christopher se tornaram vagos como se ele estivesse considerando falar a Genevieve. E por baixo de toda aquela confusão, a Rainha viu um homem jovem e triste.
- Eu sou uma mercadoria - respondeu ele - E uma mercadoria não tem passado.
Genevieve pesou suas palavras, aproximando se dele.
- Todos têm um passado - Ela disse - Bom ou ruim. Perdoe me por ser curiosa, queria apenas descobrir mais sobre meu novo servo...
- Eu fui vendido - respondeu Christopher simplesmente, fitando seus olhos - Toda a minha vida é na verdade, como um grande leilão. Minha mãe me abandonou quando eu ainda era um bebê, e todos sabem o quanto os dons de um Especial vale muito. Compra e venda exorbitantes para qualquer um que oferecesse um preço maior. E nada era certo. Eu poderia almoçar em uma casa de algum clã rico e dormir no porão de outra. Eu nunca tive nada que me acompanhasse, além da minha magia.
Genevieve hesitou e então assentiu.
- Como eu disse, há sempre um passado bom ou ruim.
Christopher continuou, com armadura na voz.
- O Clã de Serena foi o mais amigável com quem já convivi. Em outros lugares, eu já fui escravizado, chicoteado, humilhado... Serena ao menos me tratava com o mínimo de respeito e valor. Eu era um guarda costas em tempo integral e não era abusado. Durante a minha vida, esse foi o meu melhor lucro.
Genevieve ponderou o tom de voz cheio de mágoa do rapaz e interpretou seus sentimentos.
- Você está triste em deixa los - Ela adivinhou, suavemente - Você sente saudade.
- Não sei se indignação pode ser interpretado como saudade - ele murmurou
Genevieve estendeu seus dedos na direção de seu rosto, brilhante na luz da lua. Christopher parecia trêmulo e vulnerável como se fosse se quebrar ao seu toque.
- Me diga, o que aflige você...
- Isso está errado! - Christopher gritou de repente, desviando seus dedos com um tapa
Em choque, Genevieve se afastou dele, abrupdamente, com sua mão apertando o própio pulso. Dando se conta do que fez, Christopher se conteve e gaguejou.
- Sinto muito por isso, minha Rainha.
- É tarde demais para formalidades - Genevieve respondeu com um tom glacial - Explique o real motivo de sua alteração e espere que isso seja digno de meu perdão.
Christopher se encolheu sob o parapeito da janela, trêmulo, porém com uma voz confiante.
- Isso não deveria ter acontecido. Eu não deveria ter sido vendido. Minha dona nunca tivera a intenção de me entregar de presente para você, milady.
- Perdão?
- Ela falou a verdade sobre a minha história mas não a verdade sobre suas intenções. Ela me levou no banquete como seu fiel guarda costas. No momento em que ela e as outras conselheiras viram o quanto você parecia insana, ao transformar sua propia cerimônia de coroação em um massacre sangrento, Serena teve receio de nao saber com quem estava lidando, cair em seu desgosto e entrar em conflito com você, que é uma Rainha diferente de todas as outras que ja existiram. Ela teve medo de que a Rainha descobrisse as coisas horríveis que sua família havia feito ao clã real na época em que o Rei governava, muito antes de você chegar, e que ainda sim procurasse vingança. Então ela aproveitou a oportunidade e me deu de presente de reconciliação.
- Uma barganha de emergência... - Genevieve sussurrou admirada - Você deveria saber que sou uma excelente observadora. Geralmente sei as reais intenções das pessoas antes mesmo que elas saibam. Sei o que elas sentem. Sei muito sobre tudo. E tudo sobre muito. Mas essa jogada de última hora, é algo que me surpreendeu - Ela sorriu
- Você irá puni lá? - Perguntou ele, rispidamente
- Ah, não. Eu admiro demais a sua inteligência. Além disso, não faria sentido derramar sangue de um clã tão poderoso de graça. Como eu disse a ela aceito o presente. - Ela sorriu - E você, Christopher? Aceita ser meu?
Christopher fitou seus olhos vermelhos como rubis.
- Sou um servo - disse, com humildade - Não tenho opção alguma além de servir a você como desejar, com minha vida, pela eternidade.
Genevieve sussurrou ainda mais baixo.
- Apenas diga a sua Rainha que aceita.
Ele não hesitou.
- Eu aceito.
Genevieve suspirou muito próxima a ele, permitindo que seus lábios alcançassem sua orelha, mordendo a.
- Ótimo - aprovou ela, antes de beijar um ponto sensível de seu pescoço, provocando lhe arrepios, disparando sua respiração.
Quando se afastou, Christopher estava de olhos fechados, ainda saboreando seu perfume.
A Rainha segurou seu rosto entre as mãos.
- Deste dia em diante, como servo de sua Rainha, eu o liberta de uma vida miserável e abusiva, Christopher - anunciou ela, para as paredes da biblioteca - Posso lhe dar a minha palavra, de que você será bem tratado pelo meu Clã e que possuirá tudo do melhor se cumprir com cada uma das minhas vontades.
Os olhos de Genevieve eram um mar de sangue, e Christopher por um momento desejou de afogar neles.
- Eu cumprirei com cada uma das suas vontades - respondeu o jovem
Satisfeita, Genevieve sorriu a milímetros do rosto do Especial.
- E os miseráveis herdarão a Terra, dançando valsas sobre os corpos dos justos - recitou a Rainha, lembrando se do verso de um poema, escrito pelo antigo Rei, quanto aos seus sonhos mais sanguinários. Quando Genevieve ainda era uma serva desesperada, tanto quanto Christopher. E então ela era a Rainha Vampira. E Christopher ganharia o mundo ao lado.
Com seus lábios a milênios dos dele, Genevieve sentiu Christopher se preparar para o beijo, desejo em baixo de si. Então num último instante, a Rainha sussurrou.
- Siga me até a minha suíte.
Christopher não hesitou, cumprindo sua palavra como disse que faria. Gnenvejve se afastou dele, para que ele a seguisse sem dizer uma palavra. Os corredores estavam vazios e escuros, e ambos deslizaram pela Catedral como sombras. Ao mais afastado dos quartos na ponta do corredor, Genevieve ordenou a Christopher que esperasse ali, antes de entrar seu quarto.
A Rainha não se surpreendeu em nada ao encontrar um rosto e corpo familiares sob sua cama.
- Boa noite, Hayden. Não imaginei que fosse me esperar acordado - Genevieve forçou um sorriso brilhante
Hayden não carregava com sigo sua aura encantadora e despreocupada. Seus cabelos estavam emaranhados e seu rosto parecia corado como se ele houvesse estado furioso ou chorando.
- Me poupe dos seus jogos, Genevieve - Hayden cuspiu quase sem voz
Na velocidade e precisão de um raio, Genevieve atravessou o quarto, e em um segundo tinha Hayden imobilizado sobre a cama, com seu corpo prendendo o dele as mãos apertando seu pulsos ao lado da cabeça.
- Chega de jogos, chega de jogos? - A Rainha ecoou com uma risada maníaca - Agora você deseja acabar com os jogos, por que você não está mais no controle deles, não é mesmo? Me diga, você senhor, como é ser humilhado, rebaixado e usado.
- Se você ainda guarda rancor... - começou ele
- Se eu guardo rancor? - Ela quase gritou - Graças a você, eu estou aqui!
- Então você deveria me agradecer ao mínimo, pois graças a mim você é uma Rainha! - rosnou ele
- Graças a você e o seu bando de estúpidos eu perdi tudo! - Gnenvejve afundou suas garras no antebraço de Hayden que rugiu de dor - Eu me humilhei, me vendi, tive nojo de mim mesma enquanto tentava sobreviver sem a ajuda de vocês, que me arrastaram para esse lugar!
- Nós pensávamos que você estava bem...
- Servindo o Rei como empregado e correndo o risco de me tornar uma prostituta entre os soldados? - Genevieve cuspiu em seu rosto - Eu poderia ter sido sua prostituta e você acredita que isso é estar bem...
- Eu acreditei em você... acreditei que você fosse boa... - lamentou o homem com um sussurro
- E você errou - Genevieve sorriu, soltando seus pulsos - Por fim, eu ganhei seu própio jogo.Sou uma Rainha. E agora, eu irei me encarregar de fazer você sofrer o mesmo que eu sofreria se tivesse perdido seu jogo.
Hayden não teve tempo de reagir quando Genevieve prendeu seus braços novamente, mordendo seus lábios Com um beijo desesperado antes de desliza los por seu peitoral despido.
Genevieve sentiu o jovem estremecer de medo.
- Eu não vou deixar você me usar - insistiu ele, com o pouco de dignidade que lhe restava
- Eu não quero que você deixe - a Rainha levantou seu olhar até o dele - Quero que você implore a mim, pela sua morte, durante todas as noites da sua existência.
Os músculos de Hayden se retesaram com a repugnância em suas palavras.
- Christopher - Genevieve sussurrou o nome, e um homem de roupas escuras e cabelos platinados, abriu as portas do quarto, nada intimidado por flagrar sua Rainha usando apenas um robe, montada em um homem seminu, como se ele fosse uma cavalaria rebelde.
- Junte se a mim nessa noite tão agradável - anunciou a rainha com malícia
Hayden não soube o que esperar, e Genevieve viu o pânico em seus olhos quando Christopher fez o que era encarregado a fazer. Obedecer. Peça por peça, ele se livrou de suas roupas, até não usar mais nada. Apreciando a vista, Genevieve se afastou de Hayden e sua resistência e caminhou até seu servo Especial, tocando lhe a pele do peito, esculpida e brilhante a lua.
- Precisa de ajuda com o robe, minha Rainha? - Perguntou Christopher em sua voz mais devota
Genevieve sorriu, tocando seu rosto desta vez.
- Um cavaleiro atencioso - Ela elogiou quando os dedos de Christopher agilmente desfizeram o nó da frente de seu robe, abrindo o e permitindo que sua pele fosse limpa pelo ar noturno. A peça vermelha deslizou para o chão suavemente.
- Agora... me beije - ordenou ela.
Christopher não hesitou, tomando os lábios vermelhos de Genevieve em um beijo fervoroso, e intenso, agarrando seus cabelos, prendendo seu corpo ao dele. Quando ele a soltou, ambos estavam sem fôlego e corados. Ciente de que era assistida, Genevieve se virou para Hayden que tentava resistir a seus impulsos mais primitivos.
- Venha até mim, Hayden. Não tenha medo. Será bom - prometeu a Rainha
Então Hayden fez algo que ele não queria. Algo que ele se odiava por fazer.
Ele asfaltou os lençóis de seu corpo e se levantou, caminhando até Genevieve e Christopher a seu lado. Agora os três estavam centrados pela lua. Os três eram alvo.
- Beije Christopher - ordenou ela, para sua surpresa
Os olhos de Hayden se desviaram para o homem que Genevieve tinha na palma de sua mão. Seus olhos castanhos brilhavam, mas seu resto não demonstrava qualquer emoção.
Hayden hesitou mas Christopher foi mais rápido, sorrindo antes de inclinar seu rosto até que alcançasse o de Hayden, prendendo sua boca em um beijo excitado.
Genevieve sorriu, quando viu que o corpo de Hayden tremia. Com aprovação, a Rainha acariciou as costas de Christopher, antes de puxa lo para trás bruscamente apenas o suficiente para para que ela pudesse se encaixar entre eles, de frente para Hayden, prendendo sua boca em novo Beijo que ainda tinha o sabor de Christopher. Um arrepio lhe percorreu o corpo quando os braços de Christopher se prenderam em volta dela, e seus lábios tocaram sua nuca.
Com um sorriso imenso, Genevieve suspirou.
- E essa é a noite em que vocês dois pagarão pelos seus pecados.
E eles pagaram.

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