Capítulo Trinta e Um: Jogos Cruéis

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Naquela noite, Genevieve visitou o centro de treinamento de seus soldados, no subterrâneo. Sem querer provocar pânico entre os seus, a Rainha apenas exigiu que os homens se dedicassem ao máximo, usando a si mesma como incentivo.
Ela se encarregou de escolher um vestido para a ocasião que ressaltar se cada curva de seu corpo, enquanto caminhava por cada soldado, que empunhava uma espada, ou aplicava um golpe em seu adversário.
Genevieve parou em frente a um par de jovens que competiam com vigor por sua atenção em uma batalha de espadas. A Rainha os observou por um momento, até que o homem mais forte derrubasse o mais fraco, cortando um pedaço de sua pele com a ponta da espada. O vencedor ganhou um beijo no rosto, de Genevieve e quando se afastou, a Rainha teve certeza de sentir sua excitação pairando entre eles, a distância.
Tentando atenuar sua irritação com sorrisos falsos, Genevieve retornou à superfície somente a noite, ainda com as palavras de Selene e o deboche de Salvatore em sua mente.
- Christopher - Genevieve sussurrou seu nome, ao encontra lo, encostado a uma parede
O especial encontrou seu olhar desejoso, e soltando a adaga sob a mesa, moldou o rosto de Genevieve com suas mãos, aproximando seu rosto do dela.
- Noite difícil?
Ela assentiu.
- Você quer que eu chame Hayden? - Perguntou ele, sem qualquer resquício de emoção. Genevieve desistirá de fazer Christopher sentir algo, a tempos. A Rainha tinha impressão de que ele fazia o que tinha que fazer, para se manter nas graças de Genevieve e nada mais.
Envolvendo se em seu toque, ela colocou os braços ao redor de seu pescoço, e sorriu.
- Não está noite - respondeu num murmúrio - Essa noite, eu só preciso de você.
Christopher não sorriu. Ele se inclinou bruscamente até que seus lábios estivessem contra os dela num beijo que aumentava sua intensidade. Genevieve se permitiu ser conduzida até sua suíte onde ele encostou a porta, e então a prendeu contra ela, para derrete lá com beijos enquanto a despia de seu vestido vermelho.
Genevieve sempre teve o total controle dele, desde que o havia prometido o mundo é Christopher confiava nisso. Com ele, não haviam desafios, mentiras, ou perigo. Ele era apenas um servo, que confiava de todo ser em sua Rainha. Alguém que sempre estaria ali para cair para a morte em nome dela.
Após uma relação monótona para Genevieve e satisfatória para Christopher, o soldado encontrava se mergulhado entre os lençóis, com um braço atrás da nuca, os olhos bem apertados. Genevieve o encarou por um segundo e imaginando o que ele estaria pensando, encolheu se pra perto dele, pousando a cabeça contra seu coração, e acariciando sua pele de mármore com uma mão.
Não tenho os números e a experiência, apenas um bando de fanáticos sedentos por sangue e prazer, Genevieve pensou. E se esta besta for o fim do meu reinado? E se eu simplesmente perder?
A mão que acariciava o corpo de Christopher se fechou bruscamente em um punho.
Sou Genevieve Devereaux, ela se lembrou, Eu não perco.
- Christopher, querido... - sussurrou ela
Contente por não conseguir ver a expressão de seu especial, ela continuou:
- Você serve realmente a mim?
Genevieve sentiu seu corpo se retesar sob o dela. Christopher tocou seus cabelos com a mão, e afastou se dela a penas o suficiente para fitar seus olhos grandes e vermelhos:
- Com toda a minha existência - respondeu ele, e Genevieve soube que era verdade. Essa não era à questão.
- Mas você sabe quem eu sou. E não tem medo de mim - Genevieve permitiu que sua barreira de mentiras e fingimento desmoronar se por um momento - Você viu mais da Rainha Genevieve do que qualquer um, por baixo dos vestidos caros, do sorriso brilhante, dessa pele inflexível...
Christopher não negou acariciando seu rosto com os dedos esguios:
- Você é escuridão e poder - disse ele fechando os olhos - Você pode me matar de mil formas diferentes enquanto seu corpo está ligado ao meu - ele sussurrou contra seus lábios - Mas por você, eu estaria disposto a morrer todas essas mil vezes e mil vezes mais. Não a Rainha. Apenas Genevieve Devereaux e sua escuridão.
- Você sabe que eu poderia colocar a sua cabeça numa estaca se você fizer algo que me desagradar.
- Sim, é muito possível - Genevieve tinha deixado sua máscara cair, mas Christopher ainda tinha a dele, protegendo-o
- Eu quero saber por que - Exigiu ela, usando seu tom de ordem
Christopher não hesitou:
- Por que eu sou vazio - ele respondeu simplesmente - Eu sou um vazio que não pode ser preenchido com nada, a não ser com a Escuridão presente em você.
Genevieve engoliu em seco, percebendo a sinceridade nas suas palavras. O Vazio.
Ela acariciou seus cabelos, sentindo a maciez de cada fio.
- Você não está pronto pra se permitir ir tão fundo na minha escuridão...
- Eu não irei me afogar - retrucou ele prontamente
- Talvez você irá. E eu não irei te resgatar, Christopher - Ela suspirou - Você é a pessoa mais próxima a mim, e importante, em muito tempo. Mas eu não irei salva lo se você se provar fraco. Não serei fraca com você.
- Eu sei. Sei sobre os riscos. Sei que você precisa fazer tudo pelo poder. E sei que você é importante pra mim, Genevieve. Cada pedaço escuro da minha alma quer desesperadamente se unir ao seu.
Genevieve inclinou se para frente sentando se e indireitando o com ela sob a cama. Frente a frente, Genevieve segurou suas mãos esguias e ágeis.
- Então me ajude - implorou a Rainha, com seu último resquício de dignidade
Christopher pareceu surpreso com seu pedido.
- Como eu posso ajudar?
- Eu preciso saber sobre os Especiais - declarou ela, apertando suas mãos com força - Suas táticas de luta, seus encantamentos e como me defender deles. Tudo o que você souber.
Os olhos de Christopher passaram de suas mãos atadas para o rosto desesperado de Genevieve.
- Eu não passei muito tempo sob o domínio de Morana. Muito do que eu sei foi aprendido com a minha natureza, mas eu poderei ajuda lá como você precisar.
Genevieve se inclinou para ele, abaixando seu tom de voz ao mínimo:
- Todo o meu reinado e a vida de milhares depende da veracidade dos seus relatos - esclareceu - Por favor, Christopher...
O Especial ergueu suas mãos estreladas para beija las a cada uma, suavemente.
E começou a falar.
Christopher contou em detalhes, sobre cada trama entre os Especiais, cada coisa que sabia sobre sua propia espécie, relatando a rainha que era a nova dona de sua existência. Ela precisava de ajuda, ele sabia. Durante seu tempo de convivência, ele nunca havia Genevieve demonstrar qualquer sentimento se não desprezo. Mas isso mudou quando ela implorou a ele quase em lágrimas que a ajudasse. E Christopher jamais poderia lhe negar isso.
Em certo momento, faltava pouco para o nascer do sol, e os dois ainda estavam abraçados sob a cama, enquanto Christopher falava sobre sua compra de uma família de Especiais por sua antiga dona, Serena.
- Serena, era a Lider do Clã mais poderoso e influente da Itália, então ela não precisou de esforço algum para me comprar de um clã menor...
A idéia espantou a névoa de confusão e desespero da mente de Genevieve.
Os Clãs tinham uma dívida com sua Rainha, em especial o Clã de Serena. Em meio ao comentário de Christopher, a Rainha abriu um largo sorriso.
- Genevieve? - o Especial sussurrou com cuidado, alheio a alegria de Genevieve
- Essa é a minha solução. Os Clãs mais poderosos - suspirou ela, como uma cega podendo finalmente ver a luz. Ainda confuso, Christopher não protestou quando Genevieve enlaçou seu pescoço com os braços e beijou seu rosto - Você me salvou, Christopher. Você me salvou.
Acariciando as costas nuas de sua Rainha, o soldado tomou seus lábios em um beijo fervoroso, fazendo a se perder nele, esquecendo de seus problemas. Pela primeira vez, desde a reunião do Conselho, Genevieve sentiu a esperança de sobreviver até o amanhecer do terceiro dia.
Mais tarde, enquanto Christopher dormia, Genevieve estendeu a mão para sua escrivaninha onde conseguiu uma folha de pergaminho, tinta e uma pena e logo ela estava escrevendo as palavras rapidamente, antes que a escapassem, que seu orgulho a vencesse.

Cara Serena, líder do Clã de Veneza,

É em grande necessidade, que a corte de Vampiros de Paris recorre a seus serviços. Uma ameaça paira, não somente sobre nós, mas sobre todos os clãs, onde será precisa força bruta para combate la, uma grande quantidade dos soldados mais valentes em sua posse. Solicitamos sua resposta a esta carta, de acordo a sua lealdade com a Rainha.

Com os cumprimentos pessoais,
Genevieve Devereaux

Após carimbar a carta com o símbolo real, Genevieve tratou de escrever diversas outras cartas semelhantes a essa, para os mais poderosos remetentes que conseguiu lembrar. Ao meio dia, quando as atividades do Clã eram mínimas, Genevieve amarrou cada carta a um corvo negro e abriu a porta de entrada da Catedral apenas o suficiente para que todos saíssem voando, para longe.
Então satisfeita a Rainha esperou.
Esperou um dia e uma noite inteiras, pelas respostas dos Lideres mais fiéis a Coroa, os mais conscientes e racionais.
Mas não houve nenhuma resposta.
Por que eles eram todos covardes, a Rainha só então percebeu, quando já era tarde demais.

Anjos de Sangue: OrigensWhere stories live. Discover now