Capítulo Dezenove: Seja a Minha Rainha

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Naquela mesma noite, Genevieve esperou pelo Rei em sua suíte, tranquila com a idéia de que não haveria mais qualquer perigo de um encontro súbito. Genevieve se viu cercada pela riqueza do cômodo, fitando cada item caro ao seu redor, e cada gota de cristal do lustre luxuoso, itens que haviam inspirado ela a decidir o rumo de sua vida, desejando aquela riqueza também para si. E ela a teria.
Genevieve seria a Rainha, e nunca foram ditas palavras tão certas.
O bilhete que algumas criadas tinham lhe passado furtivamente indicava que o Rei queria encontra lá depois da execução de Travis. Ela esperava havia horas, usando um vestido carmesim, e quando ele por fim apareceu ela quase não notou, perdida em pensamentos.
O Rei sentou se em sua cama com um suspiro entrecortado, de costas para ela.
Genevieve engatinhou até ele, sem dizer uma palavra mais, desprendendo a capa negra com dragonas douradas de seus ombros, e abraçando suas costas musculosas sob as vestes escuras. As mãos do Rei se encaixaram nas suas apertando a, e Genevieve sentiu como se ele estivesse esperando o dia todo por esse momento de paz em seus braços.
- Como você está...? - Perguntou ela, com os lábios apoiados no todo de sua cabeça, acariciando os com o rosto.
Sentindo sua voz hesitar, ele respondeu honestamente:
- Eu sinto como se tivesse perdido uma parte de mim, uma parte que eu nem sabia que existia...
- Mas você não perdeu - Genevieve o respondeu - Não vou permitir que você perca nada em sua vida, enquanto eu estiver nela...
Ela ouviu o sorriso terno nos lábios do Rei.
- E eu tenho ciencia disso. Por que ao mesmo tempo em que sinto que perdi algo, eu também sinto que ganhei algo infinitamente mais precioso, uma presença inigualável. Algo que tolos poetas como eu chamariam de amor - a essas palavras, o Rei virou o corpo, encontrando o dela sobre a cama, tomando seu rosto ansioso e delicado nas mãos confortáveis - Eu me encontrei em você, Genevieve Devereaux. E eu a amo com toda a essência do meu ser.
O coração de Genevieve teria falhado uma batida se ele ainda sequer batesse. Seus olhos mergulharam na imensidão verde dos dele, na segurança que ele podia oferecer a ela, num mundo de poder, luxo e glória. O amor era uma fraqueza tola, consequência de tudo isso, mas Genevieve não iria se permitir envenenar se pelas palavras calidas do Rei.
Forçando alguma emoção na voz, ela mentiu descaradamente:
- Seu sentimento é recíproco - Sem, eu te amo. Sem eu preciso de você. Essa frase fria foi tudo o que ela conseguiu dizer.
O Rei pareceu satisfeito mesmo com isso, ao inclinar se para pressionar os lábios nos dela, num beijo abrasador. A maioria dos beijos que trocavam era repletos de alguma tensão sexual, de algum desespero, de alguma busca por alívio, um incêndio que não podia ser terminado, uma necessidade desesperada que só se tranquilizava quando os dois corpos se vissem satisfeitos e cansados, saciados um pelo outro. Mas aquele beijo queimou de forma diferente entre eles, como uma faísca constante e aconchegante, um calor verdadeiro apesar da frieza de seus corpos.
Quando os lábios do Rei a deixaram brevemente, ela se viu encarando seus olhos embebidos por um sentimento desconhecido a ela:
- Être ma Reine et la femme et de ne jamais me laisser aller. Aussi longtemps que je vivrai, je jure de vous aimer - sussurrou ele a uma distância suficiente para analisar seu rosto - Veux-tu m'épouser?
Genevieve congelou em expectativa, encantada por sua palavras. O tão esperado pedido de casamento. Ela se perguntou quantas vezes havia fantasiado esse momento em sua mente, mesmo no mundo de antes, quando ela era apenas uma jovem garota, sonhando acordada. Certamente, se não houvesse se transformado, ela esperaria esse mesmo pedido de algum comerciante miserável ou professor. Certamente não de um Rei prostado a seus pés, em uma suíte reluzente. Sem dúvidas, ela não esperaria pela proposta implícita daquele pedido: Seja minha Rainha.
Um sorriso terno se espalhou pelos lábios de Genevieve, quando ela sussurrou, em resposta acariciando seu rosto esculpido, os dedos sentindo os pelos macios de sua barba:
- Oui. - Sussurou ela, de volta - Je serai votre Reine. Je serai tout ce que vous avez besoin de moi. Et ne jamais lâcher.
Antes de inclinar se para beija lá, triunfante, o Rei retirou de dentro de suas vestes uma minúscula caixa de veludo. Com uma expressão encantada, ele abriu a caixa para ela, revelando um anel de rubi, esculpido no formato do brasão de seu clã: uma flor de lis.
Genevieve sorriu, a visão da aliança.
- É perfeita - disse, trêmula
O Rei a retirou de dentro da caixinha e tomando sua mão, encaixou a em seu dedo anelar. A aliança se ajustou em seu dedo uma marca permanente da realeza, nela. Ele se inclinou para beijar a pedra rubi da aliança antes que Genevieve puxasse seu rosto para um beijo cálido.
Ela tentou incitar sobre ele aquele desejo voraz que tornava suas relações com o Rei mais fáceis, uma simples busca por prazer retribuído. Mas o Rei não queria simplesmente prazer para aquela noite. Ele queria Genevieve, cada mililitro dela, exalando paixão sobre ele. Genevieve conseguiu retribui lo sem vomitar ao pensar no brilho de seus olhos. Tolo, ela pensou enquanto ele a tomava para si gentil e vagarosamente.
Ela conseguira, por fim. Ele estava perdido de paixão por ela.
E Genevieve era a única que sabia que a paixão que a levaria até o trono seria a mesmo que destruiria o Rei.

Anjos de Sangue: OrigensWhere stories live. Discover now