Capítulo XXXII - A Maldição de Viktor

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— Meu filho, eu sei que se sente sozinho aqui. Eu e seu pai sempre fomos muito ausentes na sua vida por conta da vinícola e dos negócios, mas tem de entender que tudo que corremos atrás foi para conseguir assegurar um futuro para você. Nós não queríamos ver o nosso primogênito e único filho sem um futuro por falta de dinheiro. Nós fomos ausentes no seu passado para sermos presentes no seu futuro.

— Mas eu não quero um futuro vazio como o meu passado. Eu não sou mais criança mãe, eu tenho problemas, dúvidas e eu não posso deixar de notar a ausência dos conselhos dos meus pais. Eu trocaria tudo isso que vocês dizem ser meu só para ter os meus pais.

   Ela contorceu o rosto em pena.

— Não podemos abrir mão de tudo isso, Viktor. Não podemos deixar todo o nosso trabalho para trás para nos dedicarmos em tempo integral a você. Nós o amamos, mas não podemos largar tudo por amor.

     Amélia virou-se para ele. Retornou lentamente ao longo espelho que fitava-se momentos antes e não o olhou mais. Viktor sentiu o peito desabar. Uma lágrima dolorosa passeou pela sua face e a decepção amargurou sua boca. Ele havia pedido uma coisa simples, o amor nunca desfrutado de seus pais e fora negado mais uma vez. Ele virou-se sentindo-se vazio e deixou o local".

   — Eu sempre fui um garoto solitário, Kristen — ele disse fitando vagamente as estantes repletas de livros enquanto Kristen estava sentada na cadeira o fitando de costas a si — Tive a atenção de meus pais renegada pelo dinheiro que os cegava. Minha infância foi quase toda solitária se não fosse pela minha única amiga e confidente — ele umedeceu os lábios sentido a sensação das lembranças a querer sugar-lhe da realidade — Elizabeth.

     "Mansão da Família Greembell - 1664

    Viktor caminhava solitário pelo jardim. Sentia o vento soprar seus cabelos enquanto ele fitava o chão e chutava a grama. O cheiro das fragrâncias das flores faziam seu nariz coçar, mas nem as cores alegres daquele jardim tinham o poder para alegrar seus olhos vazios e monótonos.

    Na mansão, os funcionários andavam para lá e para cá apressados, decorando, mudando, ajeitando, enfeitando tudo para um novo e vazio baile. Viktor detestava os bailes. Eram cheio que gente fútil e arrogante tentando mostrar o quanto eram ricos. Tolos. Viktor evitava o máximo que podia ficar naquele tipo de festa, escondia-se atrás das pilastras afastadas, passava pelo salão vez ou outra somente para que seus pais não notassem sua falta e o obrigasse a ficar do lado deles durante todo o vago baile. Mas eles nunca notavam. Nunca sequer notaram quando ele sumia, ia aos jardins, dava um volta aos arredores com Elizabeth. Nunca sequer notavam sua existência e isso o corroía lentamente.

    Ele sentia-se como um órfão de pais vivos. O pior tipo de órfão. Viktor afastava-se lentamente da mansão, as mãos cruzadas atrás do corpo, o olhar vago sobre a grama, o esbarrar proposital em seu ombro. Viktor desfez rapidamente sua pose procurando rapidamente o sorriso maldoso de Elizabeth. Ela tinha os braços cruzados, os cabelos loiros presos em um penteado, sombrancelha erguida e um longo vestido pomposo.

     — Deveria olhar por onde anda — ele sorriu triste de lado retomando sua caminhada passando ao lado dela a deixando para trás. Ela o seguiu — O que aconteceu? Falaste com ela?

— Falei — disse em um suspiro. — Nada. Exatamente o que resolvera esta minha atitude tola.

— Ela não quis ouvi-lo?

— Me ouviu, mas fora como se não o tivesse feito. Ela não se importa, está ocupada demais provando vestidos caros para mais um baile tolo.

Meu Imortal - A Maldição De ViktorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora