Capítulo 36 - Pescador tímido

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*
Heloíse

Ele está demorando.

Penso após notar que já se passara algum tempo desde que Oliver saiu. Será que eu fui dura demais com ele? Talvez eu devesse ter sido mais educada, afinal ele não tem culpa de ser tão parecido com o pai da minha filha.

- Sofia.

O nome da minha pequena sai em um murmúrio sofrido da minha boca.

Como será que ela está?

Tenho certeza que está bem já que Luna está cuidando dela. Porém mesmo assim eu tenho que dar um jeito de ir embora logo, minha amiga não é muito boa em não receber notícias, principalmente quando ela sabe que eu não durmo fora de casa sem avisar.

Nem quero imaginar o que ela vai fazer quando descobrir o que o Peter tentou fazer comigo, nesse tipo de situação eu não gostaria de estar na pele dele de maneira alguma.

Tento me levantar da cama novamente, porém os cortes em meus joelhos ardem e eu volto a me sentar.

- Droga. - Praguejo e então escuto alguns passos.

Ele voltou.

Fico em silêncio tentando escutar o que ele está aprontando, porém só consigo ouvir alguns barulhos estranhos. Como o som de uma caixa se abrindo, algo sendo despejado, e o barulho de uma torneira sendo aberta.

- Oliver? - O chamo receosa.

Passam-se alguns segundos e então ele aparece na porta do quarto. Está sério.

- Me chamou?

Ele me olha fixamente e isso me causa um arrepio involuntário.

- O que está fazendo?

Ele ergue uma sobrancelha e olha para trás.

- Estou limpando alguns peixes. Precisa de algo?

- Não. - Respondo sem graça. - Eu só estava curiosa.

- Entendo, qualquer coisa é só chamar.

E sem dizer mais nada ele sai do quarto e volta à fazer os barulhos de antes.

Limpando peixes hein?

Quer dizer então que ele é um pescador.
Se bem que faz todo o sentido já que sua pele é bem bronzeada, e oras, ele mora no meio de uma praia. O que mais ele faria para se sustentar?

Deito-me na cama e fico imaginando ele em um barco. Cabelos ao vento, se bem que ele quase não tem cabelo já que o mantém curto. Mas esqueço esse detalhe e continuo fantasiando. Sem camisa, peitoral definido, olhos brilhantes contrastando com a luz do sol, mãos firmes segurando uma rede de pesca, suor escorrendo pelo rosto... Tão másculo.

Fico nessa vibe até que sem perceber eu caio no sono. Porém mesmo em sonho eu continuo pensando nele, imaginando seu corpo, seu cheiro, seu gosto...

- Luna.

Acordo com o Oliver pescador me balançando de leve.

- Ainda bem que você acordou, o jantar está pronto.

- Quantas horas são? - Pergunto após olhar pela janela e ver que já escureceu.

- Não sei, talvez uma sete e meia. - Ele se afasta. - Está com fome?

- Um pouco, mas eu queria tomar um banho antes. Posso?

- Claro.

Ele se aproxima novamente e me ajuda a sentar. Suas mãos são ásperas, diferentes das do meu príncipe.

O Doce Aroma da TentaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora