Dias depois...
*
Heloise
Me sento no divã do quarto onde eu estou sendo mantida trancada por exatamente três semanas, enquanto tomo um enjoativo chá de camomila para acalmar a raiva que cresce dentro de mim.
Sim, eu estou em cárcere privado. E tudo porque o rei ordenou que eu descansasse por pelo menos um mês, para que todo o terror do inferno dos dois mundos fosse apagado da minha mente.
E como se isso não bastasse, eu também fui proibida de receber qualquer visita, inclusive a de Oliver, que subitamente apoiou o decreto do pai, sem nem ao menos questioná-lo.
– Senhorita Wolin?
Me viro para a porta e vejo uma bela e tímida empregada sorrir para mim. A mesma que vinha todos os dias me trazer as refeições. Mesmo dizendo poucas palavras, ela conseguia me trazer uma certa sensação de confortabilidade.
– Olá Mel, entre.
A morena cujo o apelido se dava pela cor dos seus olhos que eram de um tom dourado brilhante, deu o primeiro passo para dentro do quarto, onde ela esforçadamente carregava uma enorme bandeja de prata.
– Precisa de ajuda?
– Não obrigada.
Insistente, a pequena empregada usou de toda a sua força e cuidado para colocar a bandeja sobre a pequena mesinha em frente ao divã que eu estava sentada. Em seguida ela se curvou e se virou indo rumo a porta.
– Espere!
Mel se virou um pouco surpresa com o meu tom de voz, o que me fez pigarrear para disfarçar.
– Quero dizer... Você poderia me fazer companhia enquanto eu como?
Com um semblante de receio e até um pouco de medo, ela afirma em silêncio e se senta ao meu lado no divã. Logo eu retiro a tampa da bandeja, e pego um pequeno e cheiroso pão de açúcar.
Mel que observa tudo em silêncio, olha o pão com visível desejo, fazendo com que o fato de oferecer algo a ela se torne inevitável.
- Aceita algum?
– Não obrigada.
– Tem certeza? O pão doce está incrível.
– Sim senhorita Wolin, tenho certeza.
Bufo ao notar que Mel levava mesmo a sério o seu trabalho. Isso me fez pensar se a minhas perguntas seguintes seriam respondidas ou negligenciadas.
– Então Mel... Você trabalha aqui a muito tempo?
– Sim.
– E você acata a todas as ordens do rei?
– Sim.
– Por quê?
Mel ergue uma sobrancelha e me olha como se a resposta fosse óbvia.
– Porque ele é o nosso rei.
– Entendo. Mas você faz tudo sem questionar?
– Eu sou uma mera empregada, não tenho o direito de questioná-lo em qualquer ordem.
– Mesmo que a ordem inclua deixar uma mulher inocente presa contra a sua vontade?
Mel se levanta ao perceber a minha indireta.
– Não sei aonde a senhorita quer chegar.
– Sabe sim.
Me levanto e fico ao lado dela.
ESTÁ A LER
O Doce Aroma da Tentação
RomanceDois mundos opostos. Superior e inferior. Um exala inocência e o outro luxúria. Ambos obtêm regras rígidas para com os seus cidadãos, sendo a mais importante, a proibição de um cidadão sair de seu mundo. Essa regra tem sido respeitada por centenas d...