Do fundo do poço

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--- 7 horas e 33 minutos.

Silvério não conseguiu subir na torre humana. Seus ombros estavam doloridos e não conseguia colocar força muscular para subir. Apesar da idade o padre era ousado e tentava se superar.

No escuro estava ainda mais difícil, afinal, não sabia como pisar e onde pisar. Tentou uma vez subir em Ney que estava na base, mas escorregou e caiu. As meninas o ajudaram a levantar.

O cheiro estava forte. Aquele cadáver já estava começando a apresentar sinais de decomposição. Isso deixava tudo psicologicamente ainda mais difícil. Ney estava com os ombros ardendo de aguentar o peso de Adam naquela posição.

Os calcanhares de Adam estavam apertando os seus nervos.

"Desisto" -, disse o padre. "Fico na base e vocês mais novos sobem".

"Não vai conseguir, seus ombros estão machucados" -, disse uma das meninas.

"Podem pisar, se vai ter que cuidar deles agora, que cuidemos por uma ação que possa nos salvar" -, insistiu Silvério.

"Vamos então" -, apressou-se Adam descendo e com tontura. "Estou me sentindo fraco, mas vamos o quanto antes".

Silvério abriu as pernas e apoiou bem o peso do corpo sobre elas e apoiou as mãos na parede. Adam subiu na sequência e mesmo fraco apoiou as mãos na parede tentando resistir ao fracasso.

Ney era pesado. Era o maior e mais forte de todos. Subiu com destreza até o ombro do padre que gemia em sussurros. Procurou subir em Adam, mas não conseguia equilíbrio. Percebeu as pernas do rapaz tremendo. Mas, era preciso seguir e salvar todos.

"Flexiona os joelhos, Adam, preciso de apoio" – pediu Ney.

O rapaz atendeu e assim que Ney colocou os pés na suas coxas ele procurou fechar os olhos e manter a força. "Agora vai erguendo devagar". Adam obedeceu com as pernas tremendo fazendo doer ainda mais o ombro do padre.

Assim que Adam terminou de subir Ney sentiu uma brisa vindo de frente e avistou ao longe uma luz acesa saindo de uma caverna.

"Estou vendo onde eles ficam. Vou subir. Quantos mais puderem sair do buraco enquanto procuro uma corda, será melhor" -, disse Ney forçando os braços na beira do poço.

O rapaz subiu. Estava fora.

"Espere. Estou subindo!" -, disse uma voz feminina aguda.

"Acelera!" -, eles podem aparecer.

"Já estou quase" -, disse a moça com dificuldade de falar devido a força que fazia. Silvério e Adam tremiam. A moça conseguiu passar as pernas no pescoço de Adam e não conseguiu ficar em pé. "Não alcanço" -, disse desanimada.

Ney deitou ao chão e esticou os braços tocando a mão dela. A puxou com muito esforço escutando os ossos estralarem. "Passe os braços em meu pescoço". A moça obedeceu.

Com os braços livres ele usou a mão para apoiar na força e se afastar do buraco a tirando dali.

"Vamos achar algo para tirá-los. Descansem e recuperem as energias enquanto isso" -, avisou Ney aos demais.

Adam soltou o seu corpo ao chão. Silvério estava com os olhos lacrimejando tamanho a sua dor nos ombros.

Agora era contar com a sorte e esperar que eles voltassem com ajuda.

*****

"Olhei pela janela de todos os cômodos. Nem sinal de vida lá fora" -, informou Joaquim.

Contratos VeladosWhere stories live. Discover now