29. O Jantar

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DEPOIS DE 84 ANOS, EU VOLTEI.

Leiam as notas finais :))

COMENTEM, POR FAVOR, EU ANDO BEM DESENCORAJADA PELA FALTA DE COMENTÁRIOS

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Eu me sentei à mesa de jantar por volta das oito da noite. Todos já a envolviam a sala encontrava-se preenchida por todos os tipos de conversa, eu notei que alguns lugares estavam vagos, incluindo as duas cadeiras ao meu lado.

Dos artistas do teatro, Harry, Camila e Normani eram os únicos que ainda não haviam aparecido. Homens em vestimentas formais envolviam a grande mesa, todos pareciam ter uma condição financeira alta. O modo como agiam, pensando agora, nunca levantaria suspeita alguma. Eles se portavam como membros da burguesia comuns: Com olhar analista, expressão confiante e certa prepotência em cada movimento. Uma voz me tirou de minha análise.

"Você deve ser a médica particular." Eu me virei e encontrei um homem alto, por volta de seus vinte anos, cabelos curtos e claros e olhos verdes, que me analisavam de maneira minuciosa.

"Eu sou. Lauren Jauregui, é um prazer." Me levantei e estendi-lhe a mão, ele a apertou de maneira firme, sem tirar os olhos dos meus.

"O prazer é meu. Andrew Johnson." Ele respondeu.

"Você também trabalha como médico?" Questionei enquanto voltava a me sentar, ele se sentou ao meu lado.

"Não, eu trabalho como advogado, mas não existem muitos casos interessantes por aqui." Ele riu fraco, eu sorri.

"Eu não posso dizer o mesmo sobre o meu trabalho." Murmurei.

"Deve ser interessante trabalhar em um lugar como esse." Andrew comentou.

"É como qualquer trabalho no ramo da medicina. É revoltante que eles não sejam admitidos no hospital." Dei de ombros.

"Eu acho necessário. Pessoas com as doenças deles não pertencem a um teatro, mas o teatro acabou se tornando uma grande atração turística. Mas eles não são considerados cidadãos dessa cidade. O único lugar onde eles seriam aceitos como seres humanos seria um hospício." O advogado disse, fazendo-me parar de servir um pedaço de carne em meu prato. Parte de mim, terrivelmente, concordava com ele, a parte ainda intoxicada pela sociedade onde eu antes vivia. Porém, a maior parte de mim, se sentiu irritada, e, inevitavelmente, ofendida. Eu não disse nada por algum tempo.

"Esse lugar sequer tem um hospício?" Questionei, voltando a me servir.

"A cidade vizinha tem um. De qualquer jeito, esse teatro é importante demais para que algum dos integrantes seja levado. Eu já parei muitas petições para mandá-los para o hospício." Ele comentou.

"Você é um dos investidores, certo?" Perguntei e ele assentiu levemente com a cabeça.

"No que vocês investem?" Perguntei.

"Em todos os tipos de coisa, nós investimos desde em materiais para apresentações até impedir petições." Ele explicou.

Antes que eu pudesse perguntar o que eles ganhavam em troca, uma voz nos interrompeu.

"Boa noite, Andrew." Eu me virei e encontrei Camila. A dançarina vestia um belo vestido azul marinho, que ia até seus pés, ajustando-se em seu corpo e, como sempre, acentuando suas curvas.

"Camila. É bom vê-la." Andrew se levantou e beijou a mão da dançarina, que lhe lançou um sorriso.

"Já faz algum tempo." O olhar de Camila não deixava o de Andrew por um segundo sequer. Naquele momento, eu não entendi o que havia entre seus olhares.

"Você não escaparia de mim para sempre." O homem riu fraco, Camila retribuiu-lhe a risada.

"Talvez eu não precise escapar de você." A dançarina deu de ombros. Eu franzi as sobrancelhas.

"Eu vou cumprimentar os convidados." Sorriu, deixando de olhar para o advogado e me encarando.

"Boa noite, Lauren. Você está linda." Ela se dirigiu a mim, eu sorri em resposta. Com isso, ela se afastou e o sorriso que Andrew possuía em seu rosto sumiu, ele voltou a se sentar.

"Ela é sua amiga?" Perguntei, ele me encarou como se eu fosse louca.

"Você tem alguma ideia das coisas que essa mulher faz?" O advogado perguntou.

"Não exatamente." Dei de ombros, perguntando-me se ele falava sobre a atração de Camila por mulheres.

"Ela é movida por luxúria." Disse de forma amarga.

"Como assim?" Questionei e o encarei, ele tinha uma expressão tensa em seu rosto.

"Eu a flagrei com minha esposa uma noite. Foi uma visão revoltante, ver a mulher em quem eu confiei minha vida cometer um ato como aqueles." Ele grunhiu, eu arqueei as sobrancelhas.

"E o que você fez?" Perguntei

"Eu a mandei para o hospício. Adultério e ter relações com alguém do mesmo sexo são dois crimes inaceitáveis, eu não tive escolha. Camila, por outro lado, eu não consegui mandá-la, eu quis, mas não faria sentido, ela é uma grande atração nesse teatro." Andrew contou. Eu engoli um seco.

"Se algum dia ela deixar de se apresentar regularmente, eu serei o primeiro a contatar o hospício." O maior rosnou e bebeu um gole de sua taça. Eu sacudi a cabeça e tentei ignorar o que ele acabara de falar.

"Ser traído não deve ser algo muito agradável." Comentei simplesmente.

"Não exatamente, mas eu não me importo, eu cansei de procurar a mulher correta. Hoje em dia, uma mulher bonita é o suficiente." Ele me olhou da cabeça aos pés. Eu bebi um gole de minha taça e lancei-lhe um sorriso.

Olhando sob seu ombro, eu vi Camila conversando com a única mulher desconhecida naquela sala. Ela possuía cabelos longos e castanhos que desciam até sua cintura, seu olhar encontrava-se completamente focado no de Camila. A dançarina desviou seu olhar e o voltou para o local onde eu me sentava e franziu as sobrancelhas ao notar que eu já a encarava. Foi a última vez que eu a vi, ou a mulher desconhecida até que o jantar principal fosse servido.

Eu e Andrew conversamos por algum tempo, ele me apresentou a alguns dos homens naquela sala. Todos pertenciam a posições importantes na cidade, desde políticos até donos de grandes comércios. O jantar principal foi servido por volta das nove e meia, foi quando Camila surgiu para se sentar ao meu lado, a mulher que eu vira antes caminhou ao seu lado e as duas se sentaram em cadeiras afastadas.

"Eu não estou com muita fome." Camila murmurou.

"Nem eu." Eu respondi. Meu estômago estava embrulhado, por alguma razão.

"Você quer comer outra coisa?" Ela ofereceu, eu arqueei uma sobrancelha.

"Que tipo de coisa?" Questionei. Ela apenas riu e se virou para seu prato.

HOJE

21:30

A LITTLE DEATH • BOOK 2

PREPAREM-SE

Dark Times - Camren (Horror!Fanfic)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora