48 - Precisamos Conversar

Comincia dall'inizio
                                    

Andamos alguns quarteirões da minha cidade, enquanto ele falava sobre o campeonato, como tinha se sentido na entrega da taça, de como foi a festa depois e de como o pai dele estava tão feliz por tudo ter saído como o esperado.

Nessa última parte eu nem consegui disfarçar minha irritação. Jonathan Amargo estava feliz praticamente às minhas custas. Filho da mãe.

- ... Eu senti muita vontade de contar a ele toda a verdade. – Fernando disse, passando a mão pela sua barba por fazer. – De que foi você que me ensinou tudo, mas fiquei com receio dele tentar fazer alguma coisa antes do seu memorial.

Respirei aliviada. No fundo eu queria sim que Jonathan soubesse da minha participação na conquista desse título, porém realmente tinha medo de que ele pudesse atrapalhar os meus planos... Faltavam só 7 dias. Ai de quem me atrapalhasse àquela altura.

- Depois você promete que vai contar a ele? – eu perguntei.

Fernando sorriu e me olhou, mexendo no câmbio para trocar de marcha.

- Com prazer.

Ficamos em silêncio por um tempo, que para mim foi o suficiente para começar a ter as minhas paranoias sobre o que estava (ou não estava) acontecendo entre nós dois.

Quando dei por mim, Fernando já estava estacionando em frente a minha casa novamente. Eu devo ter dito a ele antes que meu pai chegaria em casa em duas horas, justificando o passei curto.

- Entregue – ele disse sorrindo amarelo e reajustando o boné na cabeça.

- Bom, então parabéns e obrigada pela volta – falei, tirando o sinto de segurança lentamente esperando que ele fosse falar mais alguma coisa antes de eu sair do carro.

- Amanda... – ISSO! – Abra o porta-luvas.

Demorei alguns segundos para lembrar o que era o porta-luvas, mas assim que lembrei, fiz o que ele pediu. Lá dentro não tinha nada além de um negócio dourado, que não consegui enxergar direito por conta da luminosidade.

- Pega – ele insistiu.

Tirei e vi que era a medalha que eles haviam ganhado por vencer o campeonato.

- Quero que fique com ela...

Encarei Fernando, ainda com o objeto entre os dedos.

- Não. – soltei uma risadinha anasalada. – É sua.

- Se não fosse por você...

- Fernando, eu só te ensinei a jogar. Quem foi lá e jogou e venceu foi você. A medalha é sua. Eu não a quero desse jeito.

Ele respirou fundo.

- Olha, eu entendo o seu gesto e o agradeço, de coração. – continuei, num tom mais suave. – Mas não posso aceitar isso. Não preciso dela. Não dessa forma.

Guardei a medalha de novo no porta-luvas e o fechei.

- Obrigada mais uma vez pela volta.

- Não por isso. – ele tornou a sorrir.

Então abri a porta do carro, me preparando para sair, com os ouvidos atentos esperando que ele fosse dizer ou fazer mais alguma coisa além daquilo. Porém, eu já estava com um dos pés na calçada, ele não se manifestou para nada.

- Eu não consigo fazer isso. – eu disse mais para mim mesma do que para ele, colocando o pé de volta no automóvel e fechando a porta novamente. – Fernando, qual é a nossa? O que tá rolando entre a gente?

Ele me encarou assustado, tentando entender sobre o que eu estava falando.

- Eu gosto de você, Fernando. – disse finalmente. – E não só gosto, eu gosto de você. – enfatizei o tom. – E adoraria saber o que está acontecendo entre a gente. Se é que está acontecendo algo... Porque você me beija do nada e depois age como se nada tivesse acontecido. E faz isso de novo, e de novo... – suspirei. – Eu estou completamente confusa.

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