Capítulo 37 - Despedida?

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Por ser exato
O amor não cabe em si
Por ser encantado
O amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim.

(Pétala - Djavan)

Por Sakura

Minha estada em Konoha estava chegando ao fim... na verdade minhas férias estavam chegando ao fim e consequentemente a estadia em Konoha também. Mas depois eu voltaria como moradora definitiva.

Nem parecia que tinha se passado um mês, ou quase um mês na verdade. Hoje o dia amanheceu bastante ensolarado, altamente convidativo para um dia de sábado. Ino acertara outra vez, mesmo que a previsão dissesse que o dia seria de chuva.

Ela teve a brilhante ideia de fazer a minha "despedida" no salão de festas do Centro Comunitário de Konoha. Eu simplesmente adorei, aquele lugar era muito significativo pra mim. No domingo pela tarde eu estaria no voo de volta pra Tóquio.

"Só mais um mês, Sakura". Era o mantra que eu repetia pra mim mesma com tamanha ansiedade que eu tinha de voltar. Nem pareço a mesma Sakura que chegara como um bicho do mato, encolhida e que queria voltar o mais rápido pra sua vida apagada de "trabalho/casa casa/trabalho".

Aquele velho ditado "o mundo dá voltas" fazia todo sentido pra esse momento da minha vida. Tantas coisas aonteceram... boas e ruins.

A melhor de todas elas, com certeza foi Sasuke. Depois de tantos encontros e desencontros, trocas de afetos e provocações estávamos mais firmes do que nunca. Incrível a forma como ele e mudou e ao mesmo tempo é tão ele. Ino dizia que isso era coisa de mulher apaixonada, que Sasuke era o mesmo Sasuke chato de sempre, mas eu sabia que não.

Ainda tinha meus amigos e meu pai... era tão bom se sentir acolhida de novo e pertencer a um lugar novamente. Não me arrependo de ter ido a Tóquio, jamais. Mas com a cabeça e maturidade que eu tenho hoje, com certeza eu não partiria daquela maneira. Os erros ensinam, te moldam, te fazem crescer. Querer apagá-los é como apagar a sua existência, sua vida e seu aprendizado.

A pior coisa que me aconteceu foi o primeiro paciente que perdi o outro Sasuke da minha vida. Uma criança que nem ao menos poderia chamar a sua mãe de "mamãe", ou iria no primeiro de dia de aula ou daria o primeiro passo. É tão insano esse fio da vida, tudo tão inesperado, e simplesmente ele se rompe.

Eu nunca tinha perdido um paciente e levava isso comigo numa espécie de vitória utópica. Meus professores sempre me disseram que perder pacientes era inevitável e por mais que palavra fossem ditas, nada te prepararia pra quando acontecesse de fato. Nada te prepararia ao constatar aquele corpo inerte e sem vida na sua frente.

Eu tentei, por Deus como eu tentei. Era difícil, eu sabia, mas eu sempre operava meus pacientes como alguém que logo sairia saltitante dali, não literalmente, mas ele logo estaria fazendo isso. O fato do bebê se chamar Sasuke pesou ainda mais. Não é um nome comum e ainda é nome do cara que eu amo e carrego desde os meus cinco anos. A morte daquela criança representa um buraco na família, a inversão da ordem natural das coisas, era um pedaço de uma mãe e um pai. Um vazio que nem mesmo outro filho iria preencher. Só de imaginar a dor era insuportável. Dá aquela notícia foi uma das piores coisas da minha vida, eu reprimi tanto as emoções que explodi logo em seguida e só lembro de tudo ter ficado turvo dando espaço para escuridão.

Acordei com Sasuke deitado ao meu lado e tudo veio à tona. De fato, tudo aquilo tinha acontecido. Os braços de Sasuke parecia diminuir a dor, mas depois de muitos anos de choros solitários eu precisava de um momento só. Meu Uchiha teimoso pareceu entender o recado e me cedia espaço sempre que precisava, nem sempre tão sutil. Era admirável seu esforço. Durante toda a semana ele me buscou no hospital e dividiu até dangos comigo.

DaylightWhere stories live. Discover now