Feliz Ano Novo!

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Era dia 31.

O pior dia do ano.

Aquela seria uma virada diferente para a pequena cria de Deméter, sozinha no chalé, fingiu que tinha brincado a tarde inteira e estava muito cansada para ver os fogos na praia, por isso se cobriu até o topo do nariz e tentou dormir, mas não funcionava, ela continuava virando e o sono não vinha, nem mesmo depois que os fogos começaram e as pessoas soltaram gritos de alegria e promessas que nunca seriam cumpridas.

Esticou a pequena mãozinha para o criado-mudo pegando um chocolate arredondado, girando-o nos dedos. Deveria comer?

Na embalagem falava que era de cereja, e o cheiro reforçava a promessa do rótulo. Ela sentia tanta falta das cerejeiras. De quando as flores da árvore desabroxavam e que todo campo brilhava em rosa. Era uma das suas épocas preferidas no ano, mas no acampamento não tinha cerejeiras.

Respirou mais uma vez o cheiro do bombom, sentindo muita falta de casa. Todos estavam na praia, comemorando e bebendo seus refrigerantes favoritos em suas taças mágicas, comendo um banquete com todas aquelas coisas de ano novo e dizendo o que queriam para o ano que estava por vir.

Ela queria um amigo.

Esse foi seu pedido de ano novo, quando comeu a trufa lambendo os dedos sujos de chocolate e licor de cereja. Esse seria o último Ano Novo que passaria sozinha. Ano que vêm, ela teria um amigo.

TratieWhere stories live. Discover now