Ela e não ele

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Estavamos de frente para a parede de terra, Lan estava ao meu lado, três metros de distância, do outro estava Ryan, tínhamos formado uma linha de frente por todo o acampamento, o plano era simplesmente abater o máximo que conseguissemos, perdas materiais não eram importantes. Senti o peso de Tyrfing, a espada assassina. Ryan me contou, um minuto antes sobre a maldição dela, eu ri por dentro pensando como era perfeito uma espada amaldiçoada nas mãos de uma garota amaldiçoada, quando eu tinha apontado minha falta de habilidade com espadas e recebi duas adagas de reserva, Tyrfing nunca erraria um golpe, mas sempre que desembainhada iria levar muitas vidas, a espada sanguinária, que levou à morte de seus mestres. Eu esperava poder contar com a sede de Tyrfing pois eu quase vomitava quando pensava no unicórnio, eu não servia para aquilo, eu não era guerreira ou assassina ou um soldado, eu era uma adolescente jogada mo meio de uma história de aventura e fantasia que não sabia empunhar um florete, provavelmente tropeçaria em meus próprios pés, mas ali estava eu, segurando uma espada mortal esperando que sombras me engolissem trazendo consigo morte e ódio. Engolir em seco se tornou um hábito naqueles últimos cinco minutos, olhar para Lan buscando confiança e para Ryan atrás de paz era tudo que eu fazia. Deixe que ela mate por você. A voz de Ryan soava em minha cabeça. Eu não sou uma assassina. O mantra que repetia para mim mesma estava escrito em letras garrafais em minha mente.
Eu não estava preparada quando a terra rachou e se tornou pó, quando as sombras invadiram a cúpula e deiram pesadelos entrar. A primeira coisa que vi foram olhos vermelhos brilhantes cheios de sede e mal. Um sorriso sinistro e mãos em garras estendidas para mim. Pânico. Correr. Morte. Palavras cada vez piores cubriram as que eu tinha com tanto esforço incrustado em minha mente.
- Tirya!
A voz de Ryan me fez agir, ergui mais a espada e soltei um grito, para tentar apagar as vozes estranhas que invadiam minha mente e corri para a luta e sombras e morte. Tyrfing larecia ter vida e controlar meu corpo em movimentos precisos, ela cortava aquilo que eu não via, tirava vidas com prazer e se cobria de sangue como um vestido de gala. Eu reconheci o strigoi pela imagem no livro de criaturas sombrias, palavras de aviso soavam em minha cabeça. Eu cortava e cortava, mas ele ainda estava ali. Vi o brilho sobrenatural dos unicórnios pelo canto do olho, ao menos não precisava me preocupar com eles, mas criaturas pequenas e voadoras avançavam contra todos e atrapalhavam as investidas de Tyrfing contra o strigoi. Por um segundo Lan estava ao meu lado, sua espada era como vento cortante, e logo sumia para a batalha que ela mesma estava travando, quando o strigoi caiu havia outro e outro e outro. Eles não tinham fim. Eu tentava enxergar além, ver os integrantes da Guarda, mas tudo era escuridão mais na frente. Eu me movia por Tyrfing, grata por não precisar pensar em nenhum movimento com intenções homicidas. Mas senti que confirme ia matando e se cobrindo de sangue ela ia deixando de ter sede e eu soube, chegaria o momento em que eu lutaria sozinha e eu seria a assassina ou o cadáver.
Matar.
Matar era uma idéia horrível, mesmo que fossem coisas, mesmo que aquelas coisas ainda fossem pura trevas. Matar não era uma intenção que eu queria ter. Matar era cruel e mal.
E eu já estava fazendo aquilo, dizendo que era Tyrfing quem o fazia. Eu já era uma assassina. A pior sensação de todas.
Uma das criaturas pequenas agarrou minha perna e eu terminei com o que quer que estivesse na minha frente e olhei com ódio para o goblin verde. Não. Eu não olhei, ele olhou. Mais uma vez eu não tinha mais o controle sobre meu corpo, mais uma vez eu via tudo da platéia.
- Morra!
Minha mão enfiou Tyrfing na cabeça do goblin e o ergueu empalado pela espada e o lançou para longe com um único movimento. Ele era horrível, sanguinário, aquele inscius. Eu sabia quem era. O índio do fogo. Ele gargalhava enquanto avançava contra todas aquelas criaturas, meio aves, meio humanas, que eram pura sombras como o bauk, criaturas com peles que pareciam cascos, madeira e cinzas, ele matava tudo e eu sentia, eu via, eu estava ali. Ele expelia fogo pela mão enquanto matava uma das criaturas que voava. Eu escutava gritos horrendos vindos de todos os lados. Eu escutava a gargalhada que saía de minha garganta.
Não! Eu não queria ver aquilo, eu não queria que ele me tomasse de novo. Eu não queria usar aquele poder se ele era tão maléfico.
Então eu estava de volta. Eu escutava ele gritar de dentro de mim que eu seria morta sem ele. O ignorei e pedi a ajuda da mulher. Ela me atendeu com prazer. Ela era gentil e não tomava meu corpo, ela ficava comido. Senti minhas mãos mudarem, eram garras. Senti minhas pernas ficarem fortes e capazes de correr quilômetros em um tempo minúsculo. Senti o poder dela cobrir meu corpo, mas não por inteiro. Ela não podia ser inteira. Eu sabia que ela precisaria engolir o outro antes de se tornar inteira. Esperava que ela o fizesse logo e me mostrasse o que eu realmente era.
Eu não precisava matar. Era o que ela me dizia. Tinha outra forma. Então eu disse a ela:
- Faça.

×××
Estamos quase lá!
Final beeeeeeeem pertinho.
Esse cap saiu sozinho. Foi massa.
Mas ficar tempo demais na mente da Tirya é cansativo. Ela ignora a batalha quse toda. Não dá pra mostrar o Ryan lutando com destreza ou a Lan derrubando vários um atrás do outro ou o Than invocar as asas e derrotar as criaturas aladas ou Dale usar terra para gollear e prender vários, ele não gosta de matar, ou o Kane usar o arco agilmente de cima das árvores graças aos olhos que ele tem ou a Fray também invocar as asas e lutar com elegância e ser mortal ou a Alex usar o chicote e derrubar vários ou o Cedric, que a Tirya não conheceu e é o meior amigo do Than, usar o machado duplo com golpes mortais e brutos...
Ah! Queria mostrar isso para todos vocês.

Cidade de Magia - Contos de EspinhosNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ