O primeiro adeus

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Nossos risos eram um só e diminuíam gradativamente. Enxuguei as lágrimas que escaparam após tanto tempo gargalhando e encarei o céu, o laranja começava a se misturar com o azul formando um céu aroxeado. Eu tinha que ir. Voltei meus olhos para os de Akira, absorvendo cada detalhe, cada listra e tonalidade. Como eu queria ter o talento de minha mãe e poder reproduzir aquela imagem em algo eterno. A intensidade daquele olhar era colossal.
- Tirya.
Eu poderia derreter ali.
- Sim?
Respondi em um sussurro.
- Devemos nos despedir.
Não. Eu podia ficar ali até o dia seguinte, até a hora em que o trem chegasse. Expressei minha tristesa.
- Então é isso? Nunca mais nos veremos? Eu fui apenas mais uma discípula a ser esquecida?
Ele fechou os olhos e me impediu de ter o prazer de vê-los.
- Não. Você ainda não aprendeu tudo. - ele me encarou - Nosso treinamento pode continuar algum dia.
- Isso é, se eu sobreviver a aquele lugar.
- Você vai. Tenho certeza.
Suspirei demoradamente.
- Vai voltar para o monte?
- Sim.
- Como é lá? O que faz lá?
Ele passou a encarar o chão e eu me inclinei para continuar vendo seu rosto.
- Pouca coisa. É um lugar bem... quieto.
Por que sempre que falava de sua casa ou família ele era ambíguo e vago?
Me levantei.
- Então, um dia irei visitá-lo.
Ele me encarou com um sorriso.
- Quando retornar da Cidade dos Contos, um dia virei buscá-la.
- Sim! E vai me apresentar a todos e me explicar tudo sobre os tengu.
Ele gargalhou.
- Tudo bem.
Deixei minhas mãos caírem.
- Devo ir, então.
Ele acenou.
- Adeus, Tirya.
Fechei meus olhos. Como aquela palavra doía. Me levantei e segui para dentro da casa, ele veio atrás de mim. Peguei a bolsa no armário e calcei os sapatos. Abri a porta e a atravessei. Olhei para trás. Ele estava ali, parado, segurando a porta esperando que ei partisse.
Não me segurei e corri de volta e o envolvi em um abraço. Ele ficou surpreso, mas depois também me abraçou. Acolhida por ele lhe respondi.
- Adeus, Kuroki.
Não me permiti chorar. Não podia. Apenas o abracei e senti o seu cheiro, a sua presença. Sentiria falta de suas poucas palavras. Sentiria falta de seus ensinamentos. De seus olhos. Até de sua máscara. Sentiria falta dele.

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