Declaração inesperada

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- Adam!
Lissa praticamente gritou o nome dele, eu continuei parada na porta do vestiário. Adam fez uma careta para Lissa.
- Lissa, eu vi certo? Você estava prestes a bater em Maika?
Ela ficou nervosa.
- Não! Eu-
Ele a interrompeu.
- Então o que eu vi?
- Eu... eu... - a postura dela mudou bruscamente, como se ela tomasse uma decisão. Percebi ali que pelo nervosismo dela ele importava de alguma forma. - Eu estava te defendendo dela!
Ele lançou um olhar para mim, mas não parecia abalado.
- Por que?
- Eu escutei um boato que ela tinha ido em sua casa. Que vocês estavam namorando.
- E por isso veio encarar Maika?
Eu pude perceber a empolgação dela mesmo que estivesse de costas para mim.
- Sim! Não podia deixar que algo tão irreal como isso afetasse sua imagem. Eu tive que agir. Afinal, somos amigos.
Ele tocou no ombro dela e andou até mim. Ela se virou surpresa, mas vi um olhar malicioso se expressar, maldita. Vi que era melhor eu iniciar minha defesa, apesar da raiva.
- Adam-
Fui interrompida. Ele agarrou meu pulso e me puxou contra seu corpo. Eu bati nele e nesse encontro ele me envolveu com seus braços. Minha cara de surpresa só não era melhor que a de Lissa, com boca escancarada e tudo.
- Não é um boato, Lissa.
Eu piscava freneticamente tentando entender e visualizar o que estava acontecendo.
- Mas... Adam... ela...
- É garota que eu amo. Não a pertube mais, Lissa, por favor. Afinal, somos amigos. Espero que possa cuidar da minha namorada.
Ela olhou para mim e para ele, depois apenas para mim com um olhar intenso que dizia que eu ia me arrepender, do que quer que fosse.
- Está bem, Adam, se é por você.
Ela se virou e saiu batendo os pés. Depois de não escutar mais nem mesmo o eco dos passos dela eu olhei para Adam ainda sem entender absolutamente nada.
- O que foi isso? Por que fez isso?
Ele exibiu um de seus sorrisos mais doces.
- Lissa é uma pessoa difícil de lidar as vezes, é capaz de qualquer coisa por um amigo.
Eu neguei.
- Não isso. Isso. - eu indiquei os braços dele ainda a minha volta e ele me soltou devagar - Por que não disse a ela que era mentira?
Ele deu de ombros.
- Se ela soubesse com certeza diria a minha mãe, elas se conhecem bem. Não podia deixar que minha mãe soubesse que mentimos. Foi realmente difícil para ela aceitar...
- Uma mestiça?
- Não. Você. Ela achava que eu iria ter filhos por divisão celular. O fato de você ser mestiça foi só um extra.
Eu suspirei.
- Bom, e agora? Ela vai continuar achando que nós estamos... juntos?
- Não podemos "terminar" ainda. Ela conheceu você. Temos que durar alguns meses, mas não precisa se preocupar.
Eu afirmei. Esperava que fosse verdade, mas claro, não era. Aquela mentira ainda me trouxe muitas confusões, mas naquele instante eu acreditei.
- Já falou com Lark?
- Não. Estava esperando essa aula para falar com ele. E você, o que faz por aqui?
Ele indicou a porta oposta à do vestiário femino, olhei e fiquei imediatamente envergonhada.
- Ah! Claro, veio se vestir para a aula.
Ele sorriu.
- Vou indo. Fale com ele logo!
Acenei para ele e ele entrou no vestiário masculino. Comecei a andar indo para as salas de vidro. Escutei Adam falar alto surpreso.
- Dylan! Você estava aí?!
Na hora não percebi que a confusão estava apenas começando.

Cidade de Magia - Contos de EspinhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora