Segredos à tona

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Tive que esperar a manhã inteira ansiosa para falar com Lark. E quando eu digo que eu estava ansiosa queria dizer que meu pé não se aquietava, eu olhava para as janelas durante as aulas, piscava fretenticamente, me remechia muito na cadeira e quando a aula acabava eu praticamente pulava da cadeira para chegar logo na próxima esperando que assim acabasse mais rápido.
Quando finalmente chegou a vez da aula de combate me levantei em uma corrida disfarçada até os vestiários onde me troquei à velocidade da luz e logo estava saindo, na porta me encontrei com uma pessoa não muito agradável.
- Para que a pressa?
Lissa bloqueava a porta do vestiário com seu magro corpo, ela tinha os braços apoiados na moldura da porta e exibia um sorriso lindo que quase me fazia vomitar.
- Se me der licença posso continuar com minha pressa para fazer o que não lhe interessa.
Exibi um sorriso de doçura falsa para a ruiva. O sorriso dela se desfez lentamente deixando o rosto dela sério e claramente demonstrando raiva.
- Tem que falar algo com alguém, mestiça?
Meus olhos se estreitaram para ela. Geralmente sou uma pessoa pacífica, consigo me driblar de situações como aquela com uma boa conversa ou se a pessoa não estivesse para papo meus pés quase tocavam nas costas de tão largas que eram minhas passadas em uma corrida de autopreservação, mas os últimos dias não estavam sendo fáceis para mim e a noite sem dormir tinha deixado meu humor volátil e uma faísca bastava para o céu ficar negro.
- Não sei se você entendeu, mas eu disse que não tem nada haver com você. Dá pra sair da frente?
Já não era mais tão controlada, minha voz e tom diziam tudo sobre meu humor nem um pouco amigável.
- Nossa! Foi assim que falou com a sra Furler?
Meu rosto se tornou inexpressivo assim como minha mente ficou vazia. Tudo o que eu consegui dizer foi:
- O que quer dizer com isso?
Ela sorriu. Eu tinha sido pega pela sereia e ela sabia disso.
- Ora, eu soube que alguém, uma certa mestiça, foi a um jantar na casa dos Furler. Ou devo dizer entrevista?
Ela se virou e encostou-se na porta. Se eu me espremesse um pouco daria para passar, mas não podia sair com o que ela estava dizendo.
- Entrevista?
Ela examinou as unhas.
- Oh! Sim, uma entrevista, é o que os pais fazem quando alguém assume um relacionamento. Você não sabia? Parece que o meu Adam está namorando. Não acredito que ele não me contou, ele sempre me conta tudo, todos sempre contam. Imagine como eu me senti ao ter que saber disso por minha mãe, uma fofoca que rola entre a alta sociedade. Um honorado lobo prateado puro namorando uma garota de outra espécie e ainda por cima mestiça! A indignação é grande. Adam era considerado um grande partido, mas foi fisgado por uma piranha.
Não reparei muito no insulto que ela claramente dirigia a mim, ainda estava pensando em como ela se referiu a Adam como meu, aquilo provocou um calafrio em minha espinha e uma raiva súbita, como ela podia se referir a Adam como um objeto, uma possessão? Adam era muito mais que isso, ele se provou um verdadeiro amigo, uma pessoa que agora não imaginava fora de minha vida.
Decidi me fazer de boba, apesar da raiva crescente. Sabia que precisava falar com Adam sobre aquilo, se era algo que estava ao alcance de qualquer orelha não iria demorar para que todos soubessem de algo que não era verdade. Como ficaríamos no meio de tudo aquilo?
- Mesmo? Quem poderia fazer isso? Oh! Não. Lissa, o Adam não pode se deixar levar por uma piranha - imitei seu tom -, pessoas falsas são as piores, ele tem que se afastar dessas pessoas manipuladoras e interesseiras.
A atingi em cheio. Tinha percebido que ela tinha sim algum interesse nele e pelo modo como se referiu ao fato de ele ser um lobo de prestigio entendi que ela era pior do que eu imaginava.
Podia jurar que quase vi uma nuvem negra se formar acima da cabeça da ruivinha, os lábios dela se contraíram em ódio e eu fiquei apenas mais irritada e enojada de tão bonita que ela era, sério, quando uma pessoa é bonita demais e horrível demais fica chato e nojento, dá vontade de acabar com um dos lados e é mais fácil mudar uma pessoa por fora que por dentro.
- Sua... sua... - quase escutei um xingamento sair da boca dela. Ela ergueu uma mão no ar e eu jurei que ela ia me bater.
- Sua o quê?
Olhei para além da porta ao mesmo passo em que ela se virou. Ele estava lá, Adam.

×××
Quem mais esta com aquele quero mais na ponta da língua?
Eu juro que isso foi totalmente Kyaaaaah
Vcs não acham?
Que será que ele vai dizer? Aiiiii
Não me matem.
Amanhã tem mais, não posso torturar vcs por mais de um dia. Hehehehe

Cidade de Magia - Contos de EspinhosWhere stories live. Discover now