Cercada

2.2K 332 2
                                    

Mais uma vez ele tinha mudado, aquela aparência cheia de tons vermelhos. Quando olhei para cima entendi, no teto alto haviam vitrais abertos que deixavam a luz da lua adentrar, sempre que ele ficava sob um raio de luz da lua ele ficava diferente. O mesmo acontecia com as pessoas no salão, as próximas à porta e janelas tinham um brilho vermelho, uma beleza surreal, mas nenhum se comparava às duas pessoas à minha frente, a senhora Furler e Adam, eles se destacavam entre os demais mesmo sem o brilho da lua o que me fez sentir pequena. Adam disse que iria atrás de uma pessoa, a que ele pretendia me apresentar, e que logo retornaria. Eu fiquei sozinha com Grace, ela segurando uma taça com conteúdo vermelho, em seu vestido branco e olhos brilhantes me encarava descaradamente enquanto eu evitava olhar em seus olhos.
- Você não foi mais à nossa casa.
Ela bebeu um gole sem tirar os olhos de mim. Fiquei nervosa.
- Não pude... eu tenho... treinado todos os dias.
- Oh! Sim. Com o tengu.
Me surpreendi por ela saber.
- Ora, criança, não faça essa cara. Meu marido tem seus meios e eu tenho os meus. Sei como encontrar informações. Também sei que estará partindo em breve... para a cidade maldita.
Congelei por ela ter usado um nome tão terrível. Fiquei sem palavras e ela me exibiu um sorriso gélido. Quando uma mão tocou meu ombro eu prendi o ar.
- Maika, esse é meu amigo, Andrew.
Me virei e respirei aliviada por ser apenas Adam. Ele indicou um rapaz ao seu lado, ele sorriu gentilmente para mim.
- É um prazer, Maika.
Ele abaixou a cabeça em cumprimento e eu fiz o mesmo.
- Ele é um grande amigo e um professor genial.
- Ora, Adam. Está exagerando. Apenas fiz meu melhor. Você tem muito potencial, apenas.
Adam riu sem jeito. Andrew olhou para mim novamente.
- Adam me falou que você era encantadora. É de fora, certo?
- Andrew...
Adam o censurou.
- Sou sim.
Andrew se motivou com minha falta de nervosismo.
- Os humanos são tão assustadores quanto as histórias?
As histórias que eu nunca tinha escutado.
- Acho que não. São... normais, apenas não têm poderes.
Ele pareceu decepcionado.
- Então são como simples druidas e brownies?
- Acho que sim...
- É realmente uma pena... Mas eles carregam os foices e tochas? Sempre imaginei eles carregando os materias em suas caminhadas contra o bem.
Fiz uma careta.
- Não. Eles apenas... vivem normalmente.
- O que tem de interessante por lá?
Pensei um pouco.
- Acho que o rádio.
Ele se interessou.
- Uma vez vi um objeto com esse nome na Loja da Nithal, mas não o vi funcionar, mesmo apertando aqueles botões.
- Ah! Isso é porque não deve chegar ondas por aqui. Sabe, os sons são transmitidos de uma estação de rádio em uma frequência para todos os receptores das ondas, que são os rádios. O som é reproduzido por eles.
- Mas, como esse som é transmitido.
- Pelo ar, com a ajuda de uma antena.
- E como ela funciona.
Agora ele tinha me pego, eu não savia explicar aquilo. Sabia que acontecia, mas explicar já era demais. Fui salva por um tintilar. Alguém batia em uma taça chamando a atenção de todos.
- Boa noite, meus caríssimos companheiros. Gostaria de agradecer por sua presença em minha humilde propriedade. - eu não conseguia ver o homem que falava, mas sua voz era alta, clara e forte. - Em breve teremos o banquete, mas ainda é cedo e todos sabemos o que será feito antes. Para comemorar por mais esta lua de sangue os convido para ir ao jardim, onde realizaremos a primeira cerimônia. A dança. Obrigado e agora vos peço que se dirijam ao jardim através das portas ao lado.
Todos começaram a se mobilizar indo às portas de vidro. Adam me guiou.
- Vamos. Essa é uma parte interessante.

Cidade de Magia - Contos de EspinhosWhere stories live. Discover now